quarta-feira, 19 de dezembro de 2012



“Dr. Paulo Moraes Mendonça Ribeiro fala sobre sua participação no livro Winnicott Ressonâncias

Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431
      

Olá,

Hoje nosso blog traz uma entrevista com o Psicanalista, Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro, Analista Didata da SBPRP e membro efetivo da SBPSP. Nosso colega contribuiu para a construção do livro, recém lançado, “Winnicott Ressonâncias”. Acompanhe o que ele nos conta sobre esta  experiência.



SBPRP: Como surgiu a proposta para uma participação no livro?

Dr. Paulo: “Este livro é fruto de um grande encontro científico que aconteceu na cidade de São Paulo que teve como referência o pensamento de Donald Winnicott, o conceituado psicanalista inglês que em muito contribuiu para a compreensão do desenvolvimento da criança e para a psicanálise dos estados primitivos da mente, ou seja, para a análise dos pacientes psicóticos e bordelines, bem como das partes psicóticas da personalidade de qualquer pessoa. Ele constitui-se numa coletânea dos trabalhos apresentados no XVII Encontro Winnicott, que contou com grande número de participantes do Brasil e da América Latina. A organizadora do evento, bem como do livro, a colega de São Paulo, Inês Sucar, juntamente com uma comissão organizadora, escolheram nomes de psicanalistas que transitam bem pelo referencial winnicotiano e nos convidaram para apresentar os trabalhos do Encontro. Esses trabalhos resultaram na compilação de 36 textos, que foram agrupados em oito eixos conceituais que seguem as principais contribuições originais de Winnicott: Criatividade, Construção do Psiquismo, Lugar do Analista, Mutualidade, Paradoxo, Psicossoma, Tendência Antissocial e Vazio. Meu trabalho,Do vazio ao sonho: sonhando sonhos com quem não aprendeu a sonhar”, é um destes capítulos”.

S: A atividade clínica foi uma influência para a construção deste capítulo?

Imagem: Brasilescola.com
Dr. P: “Ele é fruto do estudo natural que vem da atividade clínica. Alguns analisandos demandam de nós um empenho que algumas vezes se torna um trabalho científico. Isso começou com Freud, que no início da Psicanálise se deparou com fenômenos clínicos que ele não tinha como explicar com as teorias da Medicina, da Psicologia ou mesmo da Filosofia de então; foi aí que ele, ao conseguir manter-se observando, começou a erguer o arcabouço teórico da Psicanálise. Neste texto trago a experiência vivida com ‘Elisa’, uma analisanda que sofria de uma gravíssima depressão que a remetia a vazios interiores mesmo quando estava vivendo momentos bons de sua vida. Conjecturo que haja uma falha na capacidade destas pessoas em sonharem sua experiência, em outras palavras, uma falha em sua função alfa; e, inspirado em Winnicott, ofereço um modelo de trabalho junto a elas”.

S: O senhor também segue a linha de Winnicott?

Dr. P: Não, em termos de referencial de trabalho, penso que o analista, durante a sua formação, deve visitar os principais pensadores da Psicanálise para aprender e para buscar suas identificações pessoais, visando encontrar o que podemos chamar de linha própria. Por exemplo, Bion dizia que só ele poderia ser chamado de bioniano, cada um deve trabalhar para ser quem é. Eu seria então, um “ribeiriano”.

S: O que os leitores podem esperar do livro?

Imagem: Tododiaumtextonovo.blogspot.com
Dr. P: Os eixos temáticos do livro dão uma visão ampla da obra de Winnicott, sem destituir a especificidade de cada autor colaborador, ou seja, embora em diversificados modos de elaboração pessoal, os processos reflexivos de cada autor remetem a uma articulação consistente dos conceitos propostos por Donald, mantendo nessa diversidade a atualidade e o desenvolvimento de seu pensamento. Constitui-se numa rica experiência para quem quer conhecer um pouco mais do referencial winnicotiano e de seus desenvolvimentos na atualidade.

Para quem se interessou nós temos uma edição do livro disponível na Biblioteca da SBPRP, mas quem quiser ter o próprio exemplar basta procurar a livraria mais próxima. Uma leitura imperdível para as férias de final de ano. Não perca!


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