“Dr. Paulo Moraes Mendonça Ribeiro fala sobre sua participação no livro Winnicott Ressonâncias”
Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431
Olá,
Hoje nosso blog traz uma entrevista com o Psicanalista, Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro, Analista
Didata da SBPRP e membro
efetivo da SBPSP. Nosso colega
contribuiu para a construção do livro, recém lançado, “Winnicott Ressonâncias”.
Acompanhe o que ele nos conta sobre esta experiência.
SBPRP: Como surgiu a proposta para uma participação no livro?
Dr. Paulo: “Este livro é fruto de um grande encontro científico que aconteceu na
cidade de São Paulo que teve como referência o pensamento de Donald Winnicott,
o conceituado psicanalista inglês que em muito contribuiu para a compreensão do
desenvolvimento da criança e para a psicanálise dos estados primitivos da
mente, ou seja, para a análise dos pacientes psicóticos e bordelines, bem como
das partes psicóticas da personalidade de qualquer pessoa. Ele constitui-se numa
coletânea dos trabalhos apresentados no XVII
Encontro Winnicott, que contou com grande número de participantes do Brasil
e da América Latina. A organizadora do evento, bem como do livro, a colega de
São Paulo, Inês Sucar, juntamente
com uma comissão organizadora, escolheram nomes de psicanalistas que transitam
bem pelo referencial winnicotiano e nos convidaram para apresentar os trabalhos
do Encontro. Esses trabalhos resultaram na compilação de 36 textos, que foram
agrupados em oito eixos conceituais que seguem as principais contribuições
originais de Winnicott: Criatividade, Construção do Psiquismo, Lugar do
Analista, Mutualidade, Paradoxo, Psicossoma, Tendência Antissocial e Vazio. Meu
trabalho, “Do vazio ao sonho: sonhando sonhos com quem
não aprendeu a sonhar”, é um destes capítulos”.
S: A atividade clínica foi uma influência para a construção
deste capítulo?
Imagem: Brasilescola.com |
Dr. P: “Ele é fruto do estudo natural que vem da atividade clínica. Alguns
analisandos demandam de nós um empenho que algumas vezes se torna um trabalho
científico. Isso começou com Freud, que no início da Psicanálise se deparou com
fenômenos clínicos que ele não tinha como explicar com as teorias da Medicina,
da Psicologia ou mesmo da Filosofia de então; foi aí que ele, ao conseguir
manter-se observando, começou a erguer o arcabouço teórico da Psicanálise. Neste
texto trago a experiência vivida com ‘Elisa’, uma analisanda que sofria de uma
gravíssima depressão que a remetia a vazios interiores mesmo quando estava
vivendo momentos bons de sua vida. Conjecturo que haja uma falha na capacidade
destas pessoas em sonharem sua experiência, em outras palavras, uma falha em
sua função alfa; e, inspirado em Winnicott, ofereço um
modelo de trabalho junto a elas”.
S: O senhor também
segue a linha de Winnicott?
Dr. P: Não, em termos de referencial de
trabalho, penso que o analista, durante a sua formação, deve visitar os
principais pensadores da Psicanálise para aprender e para buscar suas
identificações pessoais, visando encontrar o que podemos chamar de linha
própria. Por exemplo, Bion dizia que só ele poderia ser chamado de bioniano,
cada um deve trabalhar para ser quem é. Eu seria então, um “ribeiriano”.
S: O que os leitores podem esperar do
livro?
Imagem: Tododiaumtextonovo.blogspot.com |
Dr. P: Os eixos temáticos do livro dão uma
visão ampla da obra de Winnicott, sem destituir a especificidade de cada autor
colaborador, ou seja, embora em diversificados modos de elaboração pessoal, os
processos reflexivos de cada autor remetem a uma articulação consistente dos
conceitos propostos por Donald, mantendo nessa diversidade a atualidade e o
desenvolvimento de seu pensamento. Constitui-se numa rica experiência para quem
quer conhecer um pouco mais do referencial winnicotiano e de seus
desenvolvimentos na atualidade.
Para quem se interessou nós temos uma edição do livro
disponível na Biblioteca da SBPRP, mas quem quiser ter o próprio exemplar basta
procurar a livraria mais próxima. Uma leitura imperdível para as férias de
final de ano. Não perca!
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