quarta-feira, 27 de março de 2013

(‘Totem’ de civilização primitiva)

“Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos. Mas não há hoje no mundo muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas vivemos todos nós, do sul e do norte, do ocidente e do oriente…Citarei Eduardo Galeano acerca disso que é o medo global:

Os que trabalham têm medo de perder o trabalho. Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho. Quem não têm medo da fome, têm medo da comida. Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.”

Este é um trecho do texto “Murar o medo” apresentado em uma conferência sobre segurança e os desafios da globalização, em 2011, pelo escritor Mia Couto, que identifica o medo contemporâneo como ligado ao mercado de trabalho, à alimentação e às guerras.  

Em 1913 Freud escreveu um texto chamado Totem e Tabu, que inspirou o tema “Ser contemporâneo: medo e paixão” e constitui-se numa treliça da psicanálise com a antropologia e a sociologia, no qual ele observa e analisa o funcionamento de tribos primitivas. Os termos Totem e Tabu remetem, por sua vez, aos aspectos desse funcionamento que Freud destacou para considerar. O ‘Totem’ é um símbolo sagrado que pode ser representado por um objeto, animal ou planta, e, o totemismo, a crença religiosa baseada na adoração dos totens. ‘Tabu’ é um termo polinésio de difícil tradução, compreendendo tanto o significado de sagrado quanto de proibido. Os “tabus” regulam as normas de convivência social presentes nessas tribos. 
                        
Freud chama a atenção para a relação propulsora da civilização e da cultura, que é a relação entre o medo e o desejo inconsciente, que se expressa através dos totens e dos tabus. Os aspectos de religiosidade e moralidade inerentes à estes temas são abordados por ele através da aproximação dialética entre o social e o individual, entre os povos primitivos e a mente primitiva no homem atual. Em suas palavras:

“O homem pré-histórico, nas várias etapas de seu desenvolvimento, nos é conhecido através dos monumentos e implementos inanimados que restaram dele, através das informações sobre sua arte, religião e atitude para com a vida — que nos chegaram diretamente ou por meio de tradição transmitida pelas lendas, mitos e contos de fadas —, e através das relíquias de seu modo de pensar que sobrevivem em nossas maneiras e costumes. À parte disso, porém, num certo sentido, ele ainda é nosso contemporâneo.” (Freud, 1913, pg. 6 - Totem e Tabu)

O homem primitivo é ainda nosso contemporâneo na porção primitiva da mente que é viva em todos nós. Nessa perspectiva, o grande medo global e a necessidade de segurança atual, ambos enfatizados por Mia Couto, podem ser compreendidos como sinalizadores de aspectos mais profundos da mente.

Vivemos paradoxalmente num mundo globalizado, ‘sem fronteiras’, mas também cheio de barreiras, ‘muros altos’: qual medo e desejo inconsciente estão sendo expressos por nossa civilização?  É novo ou é o mesmo das civilizações antigas?

No Evento Preparatório para o XXIV Congresso Brasileiro de Psicanálise “Ser contemporâneo: medo e paixão”, o psicanalista Daniel Delouya apresentará sua leitura desse belo texto de Freud, aprofundando a visão sobre o ser contemporâneo.  


Cristiane Reberte de Marque
Membro Filiado da SBPRP

quinta-feira, 21 de março de 2013

Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431



Olá,

Hoje, apresentamos mais um bate-papo descontraído sobre psicanálise. Esta é a terceira entrevista de uma série realizada com os palestrantes do Pré-congresso, evento que será realizado em Ribeirão Preto no dia 13 de Abril de 2013 e traz como tema “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”.

Hoje nossa convidada é a Professora de Literatura da FAAP Maria José Bottino Roma, que abordará a temática “No espelho, o ser-tão”, inspirada no texto de Guimarães Rosa. Acompanhem!


SBPRP: A escolha do tema para o próximo Congresso foi muito oportuna e relevante. Como a senhora pretende abordar  “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”?

Maria: “Diante da complexidade e da abrangência do tema, optei por abordá-lo a partir do enfoque da literatura, uma vez que o texto literário consegue, por meio do trabalho com a palavra, representar as grandes buscas e conflitos do ser humano. À medida que trilhamos o caminho proposto pelas palavras, nos deparamos com nossa humana essência e, assim, podemos nos perceber como indivíduos e também como seres inseridos no contexto que nos cerca. É um movimento com dupla direção: olhar para si e olhar para o mundo a nossa volta”.

S: 
O que levou a senhora à escolha do texto “O espelho” de Guimarães Rosa, para a elaboração de sua palestra  No espelho, o Ser-tão?

M: “O conto "O espelho", encontra-se no livro Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, obra composta por vinte e um contos. Não por acaso, posiciona-se no meio do livro. Conta a história (ou estória) de um homem que se depara com sua imagem em um espelho público e não gosta nem um pouco do que vê. Ao tentar "limpar" sua imagem, faz a grande viagem do encontro consigo mesmo, da busca de sua essência, de seu "ser-tão" interior, do " eu por detrás de mim". É uma narrativa poética, rica de imagens que nos levam a refletir sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca. Por isso considero-o importante para nos dar pistas para pensar a respeito  de nossos medos e paixões , a respeito do significado de ser e estar no mundo contemporâneo”.

S: A senhora poderia falar um pouco mais sobre as questões de identidade hoje?

M: “Pensar nas questões da identidade corresponde a responder as perguntas fundamentais: "quem sou eu?", "quem somos nós? "Não são perguntas simples.  Quando nos questionamos a respeito, precisamos pensar também no contexto histórico em que estamos inseridos. Sabemos que o mundo contemporâneo se caracteriza pelo individualismo, pelo consumismo, pelo hedonismo, pela competitividade, pelo apego às coisas materiais. Tudo isso permeado pela velocidade de nossos dias, pelo acúmulo de informação, pela indústria cultural. O ser humano dispõe hoje de uma grande quantidade de informação, no entanto, tudo se dá de forma rápida, superficial. Somos ricos em informação e pobres em experiência, em sabedoria. Diante da liquidez do mundo contemporâneo, não temos tempo para transformar a informação em conhecimento. Hoje, mais importante do que viver uma experiência e nos enriquecermos com ela, é postar nosso dia a dia no facebook, para que outros possam "curtir" ou "compartilhar"; mais importante do que conviver com as pessoas é dispor de muitos amigos nas redes sociais ou exibir fotos no instagram. Mais importante do que ler um livro é buscar o que o blog de alguém conhecido fala sobre ele. Talvez essas sejam algumas razões que fazem ser tão complexo discutir as questões da identidade hoje. Como descobrir  "o eu por detrás de mim" se precisamos parecer sempre felizes, jovens, fortes e vitoriosos?”

Com certeza uma pergunta instigante. Se você se interessou e quer saber mais sobre o tema, clique AQUI e se inscreva para o Pré-Congresso. Nos vemos lá!

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#Saiba mais sobre a palestrante


Maria José Bottino Roma - Graduação em Letras, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas; especialização em Fundamentos da leitura crítica da literatura, pela Unesp, de Araraquara; mestrado em Estudos Literários, pela Unesp, de Araraquara; professora do Colégio Faap, de Ribeirão Preto.

terça-feira, 19 de março de 2013



Se interessou pelo cronograma e quer se inscrever? É fácil, basta clicar AQUI!

quinta-feira, 14 de março de 2013


Dra. Beatriz T. Busatto                                 

Quando falamos de música pensamos em pulsos, ritmos, tempos e contratempos. Pensamos em melodia,  harmonia,  consonâncias e dissonâncias,  durações do som,  altura,  intensidade,  timbres.
Com as emoções, falamos também de  ritmos, mas ritmos de ausências e presenças; de silêncios, dos ruídos da dor e do prazer, do medo e da alegria e de como tudo isso  se coordena com o pensar, com o corpo físico, com a sociedade. Pensando em música, psicanálise e emoções, temos que considerar uma convergência de complexidades. Desse encontro resultará certamente uma espiral de questões e de novas descobertas. As emoções e a música, o universo sonoro e nossos pensamentos, estão inextricavelmente interligados. Por isso é tão interessante que consigamos explorar qual o diálogo possível entre estas  áreas.

Indagações: a musicalidade poderia nos auxilia a conhecer algo sobre as emoções, pensamentos e em última análise, sobre a existência humana? E os conhecimentos psicanalíticos poderiam auxiliar os músicos em seu fazer/pensar? Estes e muitos outros assuntos serão tratados nesse encontro que se aproxima. Não deixe de participar!


“Psicanálise e Música: Em Cantos da Mente”

Em 16 de Março 


Convidados

Dr. Raul Hartke (Analista Didata da SPPA)
Dra. Beatriz Troncon Busatto (Membro Efetivo da SBPRP)  
Profª Dra. Yuka de Almeida Prado (FFCLRP-USP) 

Palestras:

Dr. Raul Hartke: "Origens e transformações da música popular brasileira: do quintal ao Carnegie Hall - uma escuta psicanalítica"

Comentários da Sra. Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini.

Dra. Beatriz Busatto: "Um encontro luminoso entre a Música e a Psicanálise"

Profa. Dra. Yuka de Almeida Prado e Sra. Myriam Vianna: "Cantos, Encantos e Emoções: um recital-palestra"



Valores:

Até 16/03 - R$ 120,00

Horário: 09:30h
Local: SBPRP - Sede da Sociedade Brasileira de Psicanálise


Se interessou e quer participar do Encantos? É fácil, basta clicar AQUI e se inscrever! 




terça-feira, 12 de março de 2013


Myriam Vianna
Yuka de Almeida Prado

Quais são os processos pelos quais uma canção nos faz emocionar? Na tentativa de desvelar essa questão abordaremos este recital-palestra, pois as manifestações emocionais mais profundas são expressas pela voz: a dor, o medo, a alegria, a surpresa, o prazer, com uma variedade infinita de timbres vocais, que se expressam instintivamente ao longo de nossas vidas até o suspiro final. A voz cantada, que representa todos estes sentimentos, muitas vezes não expressos pelas palavras, pode mover estruturas enraizadas, alçando dimensões onde talvez nem mesmo  a alta tecnologia e o conhecimento humano podem chegar. E assim, para avaliar a emoção da canção, esta deve ser dimensionada em várias esferas que se desdobram em: de quem a compõe, de quem a executa e de quem a escuta.

A emoção inicialmente parte de quem a compõe. Apresentaremos duas canções de Villa-Lobos com o mesmo poema: as Japonesas de 1912 e 1917 abordando  o processo composicional de Villa-Lobos. O executante, ou intérprete também se emociona ao cantar. Como ele pode dar forma à sua emoção na sua interpretação vocal? Será demonstrada  através da ária Tu che di gel sei cinta da ópera Turandot de Puccini e na Ave Maria de Caccini. É possível descrever a emoção do intérprete? E por fim, será apresentada uma obra japonesa, desconhecida do público em geral para voz e flauta, para que se possa discutir sobre a emoção do ponto de vista do ouvinte, mesmo que o idioma seja totalmente desconhecido.

Cantar é pensar com o coração, assim as pesquisas decorrentes da performance em canto nos fazem refletir no indizível, no mais profundo limiar da existência humana.

Se interessou e quer participar do Encantos? É fácil, basta clicar AQUI e se inscrever! 


#SAIBA MAIS!

“Psicanálise e Música: Em Cantos da Mente”

Em 16 de Março 


Convidados

Dr. Raul Hartke (Analista Didata da SPPA)
Dra. Beatriz Troncon Busatto (Membro Efetivo da SBPRP)  
Profª Dra. Yuka de Almeida Prado (FFCLRP-USP) 

Palestras:

Dr. Raul Hartke: "Origens e transformações da música popular brasileira: do quintal ao Carnegie Hall - uma escuta psicanalítica"

Comentários da Sra. Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini.

Dra. Beatriz Busatto: "Um encontro luminoso entre a Música e a Psicanálise"

Profa. Dra. Yuka de Almeida Prado e Sra. Myriam Vianna: "Cantos, Encantos e Emoções: um recital-palestra"



Valores:

16/03 na Sede da SBPRP - R$ 120,00

Horário: 09:30h
Local: SBPRP - Sede da Sociedade Brasileira de Psicanális




domingo, 10 de março de 2013



Olá,

Hoje a partir de uma breve entrevista com os membros Alessandra Stocche e Marta Dominguez Sotelino nós teremos a oportunidade de saber um pouco sobre o evento "Música e Psicanálise: Em cantos da mente" e também sobre o funcionamento atual da AMFIP.

Acompanhe a entrevista e se informe!

SBPRP: Como funciona a AMFIP?

“A AMFIP é uma associação interna, um espaço para o membro filiado no qual ele exercita funções que mais tarde poderão ser úteis como psicanalista. Ela funciona através da formação de uma Diretoria eleita em Assembleia de Membros Filiados e ligada diretamente ao Instituto”.

S: Qual o objetivo e importância da AMFIP dentro do Instituto?

“Seu objetivo é congregar os Membros Filiados na discussão dos seus problemas e no interesse da Formação Psicanalítica, promover cursos, manter intercâmbios com associações congêneres e entidades afins, divulgar a Psicanálise e representar seus associados junto ao Instituto”.

S: Quem poderia se associar e o que é preciso para isso? Como congregar pessoas que ainda não estão "prontas"?

“Todos os Membros Filiados através de contribuição financeira regular. Congregamos pessoas através de Reuniões e Eventos promovidos pela Associação”.

S: Em Março, deve acontecer o evento "Musica e Psicanálise", como foi a escolha do tema e a organização deste evento?

“A AMFIP só eventualmente promove eventos abertos ao público, como o “Encantos”.  Esse evento foi ensaiado quando recebemos um convite do Departamento de música da Universidade de São Paulo pela Prof. Dra. Yuka de Almeida Prado para uma parceria no II colóquio internacional música e emoção. Naquele momento a gestão anterior da AMFIP, tinha terminado seu mandato e estávamos compondo a nova diretoria. Não tínhamos, ainda, recursos e organização suficientes para assumir tal parceria.  Assim que iniciamos o curso teórico, começamos aula de coral ministrada pela Sra. Vania Lucas. Além disso, durante o Congresso da FEPAL em SP, quando nosso grupo assistia à palestra do Dr. Raul, ficamos encantadas com seu trabalho que relacionava musica e psicanálise. A partir dai, idealizamos esse evento que agora estamos concretizando”.


Se interessou e quer participar do Encantos? É fácil, basta clicar AQUI e se inscrever! Até o dia 11/03 os participantes ainda pagam um preço promocional.  



#SAIBA MAIS!

“Psicanálise e Música: Em Cantos da Mente”

Em 16 de Março 


Convidados

Dr. Raul Hartke (Analista Didata da SPPA)
Dra. Beatriz Troncon Busatto (Membro Efetivo da SBPRP)  
Profª Dra. Yuka de Almeida Prado (FFCLRP-USP) 

Palestras:

Dr. Raul Hartke: "Origens e transformações da música popular brasileira: do quintal ao Carnegie Hall - uma escuta psicanalítica"

Comentários da Sra. Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini.

Dra. Beatriz Busatto: "Um encontro luminoso entre a Música e a Psicanálise"

Profa. Dra. Yuka de Almeida Prado e Sra. Myriam Vianna: "Cantos, Encantos e Emoções: um recital-palestra"



Valores:

Até 11/03 - R$ 100,00
16/03 na Sede da SBPRP - R$ 120,00

Horário: 09:30h
Local: SBPRP - Sede da Sociedade Brasileira de Psicanális

sexta-feira, 8 de março de 2013


Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431



Olá,

Seguindo o projeto de apresentação do Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto, planejamos para hoje um post sobre a AMFIP que é a Associação dos Membros Filiados do Instituto de Psicanálise de Ribeirão Preto. Os membros filiados do Instituto são aqueles que estão em formação, são os alunos do Instituto que estão desenvolvendo as atividades didáticas, frequentando os seminários teóricos, clínicos, fazendo supervisões, apresentando relatórios e trabalhos. O período da formação é bastante intenso em leituras, discussão e reflexões exigindo um alto investimento pessoal e profissional dos membros filiados, durante tal período a Associação pode funcionar como um espaço de encontro e interlocução entre pares, entre aqueles que estão compartilhando a intensidade de todas estas vivências.  

A psicóloga e psicanalista Ana Cláudia Gonçalves Ribeiro de Almeida atual Diretora Secretaria da Sociedade Brasileira de Psicanálise fez parte do grupo que fundou a AMFIP em Ribeirão Preto e compôs o seu primeiro conselho diretor, hoje nos conta um pouco desta história “A AMFIP foi fundada em Ribeirão Preto em 2005, ainda com o nome de ACIRP (Associação dos Candidatos do Instituto da SBPRP). À época nossa Sociedade pleiteava ser reconhecida como Sociedade Plena pela IPA e buscava cumprir vários requisitos deste processo, a constituição da Associação dos Candidatos era mais um deles. Porém, penso que esta exigência da IPA cumprida por nossa Sociedade, mais do que uma formalidade, expressa o valor dado por nossas instituições  ao diálogo e interlocução entre suas várias instâncias, inclusive entre os psicanalistas já formados e aqueles em processo de formação, expressa a busca por uma vida institucional madura e de respeito entre seus membros. De lá pra cá penso que nossa instituição tem procurado amadurecer tal relação, o caminho está sendo construído por todos nós  e continua em evolução.

Assim como um tecelão compõe com diversos fios, nossa instituição está se constituindo na trama também  de diversos fios, a formação psicanalítica e os diversos sujeitos e dimensões nela envolvidos. Mas entrelaçado neste processo ainda há mais um fio que eventualmente se evidencia, a interface com  arte e cultura compondo também nossa formação e instituição.  Este fio sempre foi presente ao longo da história da AMFIP em nossa cidade,já que o primeiro evento promovido teve como tema a Obra de Chico Buarque comentada pelo Psicanalista Roosevelte Cassorla em Dez/2005  e no ano seguinte ninguém menos que o próprio Raul Hartke esteve no segundo evento da AMFIP falando sobre a obra Guernica de Picasso.

Em Março Raul Hartke volta a nossa cidade e não por acaso o fio da música  novamente se apresenta nos ajudando a encontrar os “Em Cantos da Mente”.

“Psicanálise e Música: Em cantos da Mente”, como disse tão bem a Sra. Ana Cláudia será o tema do próximo evento a ser realizado pela AMFIP em parceria com a SBPRP e a Faculdade de Música da USP, no próximo dia 16 de Março de 2013, em Ribeirão Preto.

Se você se interessou pelo evento, clique AQUI e faça sua inscrição!


quinta-feira, 7 de março de 2013


Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431



Olá,

Felizmente foram tantas atividades na SBPRP, que somente hoje conseguimos dar continuidade a nossa série de entrevistas com os palestrantes do Pré- Congresso, evento a ser realizado em Ribeirão Preto no dia 13 de Abril de 2013 com o tema “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”. Hoje, quem gentilmente aceitou ter um bate-papo conosco foi a Analista Didata e docente na SBPSP, Marion Minerbo. Ele deve abordar a temática “Ser e o Sofrer, hoje” durante o evento. Acompanhe, foi uma conversa instigante e enriquecedora!

SBPRP: Como a senhora pretende abordar o tema central do evento “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”?

Marion: “Pretendo começar comparando dois momentos da civilização ocidental, modernidade e pós-modernidade, mostrando como em cada época há uma forma mais comum de ser, e também uma forma de sofrer que já vem, por assim dizer, “embutida” nela – como num pacote. Cada época tem suas vantagens com relação a outras, mas também suas desvantagens, ou seja, há paixão e há medo. Em seguida vou me concentrar nas “desvantagens” de ser contemporâneo e nas formas de sofrimento que isso gera. Acredito que será de interesse entender qual a relação entre sintomas tão diferentes como a compulsão a comprar, o tedio que leva tantas pessoas a procurarem algum “antídoto”, ou a violência aparentemente gratuita, e o mundo contemporâneo”.
 
S: Já o tema escolhido pela senhora foi “Ser e o Sofrer, hoje”. O ser humano mudou? Sua forma de sofrimento mudou?

M: “O que muda no ser humano é sua forma de ler e de interpretar a realidade, e de reagir a essa leitura. Ou seja, ele muda naquilo que depende dos sistemas simbólicos, isto é, das instituições, da linguagem, da cultura em nível macro e micro (como a família) no seio da qual ele se constitui. Quando as instituições estão em crise, como hoje, aumenta a dificuldade de dar sentido aos fatos da vida, de criar e ir atrás de um projeto de vida. As pessoas ficam à deriva, perdidas”.

S: Por meio de um olhar psicanalítico, conseguimos ter alguma ideia sobre as futuras evoluções dessas mudanças?

M: “A Psicanálise precisaria se aliar à História, Sociologia e Antropologia para entender melhor essas evoluções. Mas eu arriscaria dizer que as culturas oscilam entre momentos em que as instituições estão mais fortalecidas, e momentos em que estão em crise. Em algum momento, a crise atual vai dar lugar a novas formas instituídas, elas vão se fortalecer, depois vão se enrijecer, depois vão caducar e “morrer”, isto é, se desnaturar, ficar desacreditadas e entrar em crise novamente. Mas não sei dizer quanto tempo esse ciclo pode durar”.

E aí gostou? Tenho certeza que sim. Então aproveite, pois até dia 15/03 as inscrições ainda estarão com preço promocional. Não perca tempo, clique AQUI e se inscreva!

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#Saiba mais sobre a palestrante

Marion Minerbo - Analista didata e docente da SBPSP. Doutora pela UNIFESP. Autora de dezenas de artigos em revistas nacionais e internacionais, e dos livros “Neurose e Não Neurose”, e de “Transferência e Contratransferência”, ambos pela Casa do Psicólogo.

sábado, 2 de março de 2013

''O grito'', de Edvard Munch.
  
Em  nossas publicações anteriores, refletimos sobre questões relativas à contemporaneidade, ao sofrimento psíquico, aos mitos, todos vinculados ao tema de nosso Evento Preparatório para o Congresso Brasileiro de Psicanálise  Ser contemporâneo: medo e paixão.

Mas então, e o medo?
Sentimento tão conhecido por todos nós, intrínseco a condição humana, que nos paralisa, mas por vezes nos protege. Medos vindos de fora, vividos na noite escura e medos vindos de dentro, dos escuros de nossa mente.
Existem medos universais, atemporais, como o medo da morte, que nos une enquanto seres humanos. Em contrapartida, vemos os medos datados, os medos existentes em cada cultura, medos passados de gerações a gerações. Medos presentes e medos futuros.
Infinitos medos. Poderíamos pensar em uma raiz única para o medo?
A psicanálise vem em nosso auxílio nos falar do medo enquanto reação ao desamparo primordial:
“Mas, então, o que é que começa quando a criança vem ao mundo? O que é isso senão a vida? O que começa é o medo. O medo e a criança nascem juntos. E nunca se deixarão”.
                                                         Frederick Leboyer
Medos. Antigos espaços de nossas mentes, restaurados, revisitados, releituras contemporâneas do medo.
Marilena Chauí em seu texto "Sobre o medo" (1987), nos diz:
Temos medo da culpa e do castigo, do perigo e da covardia, do que fizemos e do que deixamos de fazer, dos medrosos e dos sem-medo, das alamedas e dos becos onde “até a canção medrosa / se parte, se transe e cale-se” (apud, Drummond de Andrade).
Ao nos aproximarmos mais verdadeiramente de nossos medos e de nossas paixões, nos aproximamos mais de nós mesmos. Essa é a grande paixão da psicanálise: a busca da verdade. Nunca uma verdade única, mas a verdade de cada um, a verdade que nos desvela e que nos torna únicos.
  
                                   Cristiana Del Guerra Prota Crippa
                                        Membro filiado da SBPRP

Gostou do tema? Clique AQUI e se inscreva para o evento!
   

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