terça-feira, 31 de março de 2015

"Vida e Morte da Mulher no Universo da Ópera"
Sofrimentos e provações das personagens femininas nos libretos das operas

Conheça o Programa:

La Bohème, Tosca e Madama Butterfly, são três importantes obras de Giacomo Puccini que estão no programa de “VIDA e MORTE da MULHER no UNIVERSO da ÓPERA”, em 10/04/2015, no Teatro Minaz. 
Nestas obras podemos identificar a presença de três diferentes modelos de mulheres de Puccini, que serão apresentados e debatidos pelas nossas convidadas, Maria Aparecida Sidericoudes e Gisele Ganade.

LA BOHÈME

La Bohème teve sua estreia em Turim, a 1 de fevereiro de 1896. Tornou-se um sucesso popular e em poucos anos foi encenada nas principais casas de ópera da Europa, assim como nos Estados Unidos. Ainda hoje continua a ser uma das óperas mais encenadas.
A história passa-se em Paris, no início do século XIX, e o argumento gira em torno de um grupo de artistas em conflito e com a falta de recursos financeiros, porém, Puccini nos introduz para além desta realidade da vida dos personagens, e nos convida a entrar pelo mundo dos sonhos destas pessoas, evidenciando o sentimento de amor que se propaga através da música.
La Bohème é uma obra musicalmente requintada e em seus personagens já se encontram delineados alguns dos caracteres constantes no mundo pucciniano, que é visto essencialmente pela perspectiva feminina.
Em la Bohème, a mulher amante, resignada e disposta ao sacrifício, seduz o homem implorando pela sua proteção, centralizando passivamente a ação, conduzindo-a ativamente.


Cartaz de La bohème, por Adolfo Hohenstein (1896)

Flap and fuss … Opera North's La Bohème. Photograph: Bill Cooper Bill Cooper/PR

Veja mais sobre La Bohème:
https://www.youtube.com/watch?v=0ObW9kaDY1o
https://www.youtube.com/watch?v=TSxuGT61pMo

TOSCA

Tosca, que estreou em Roma, em 1900, tem sua história ambientada na Roma de 1800. Ela fala sobre uma trágica história de amor, poder e traição, visto através do triângulo amoroso formado por uma mulher de personalidade forte, um delegado e um pintor idealista.

Cartaz da Tosca (Adolf Hohenstein, 1899)

Veja mais sobre Tosca:
https://www.youtube.com/watch?v=sgqN9u84LII
https://www.youtube.com/watch?v=rT-86OtwzDI
https://www.youtube.com/watch?v=Sr__GZMFpqk

MADAMA BUTTERFLY

Madama Butterfly, de 1904, conta a história de um amor impossível e romântico, onde a mulher surge como o modelo da amante sacrificada, submetida ao homem, sempre presente na obra pucciana. É uma mulher ingénue, carregada de sensualidade, que dá tudo ao homem, mas é também aquela que se apodera da vida deste homem, ainda que perca a sua própria vida.

Cartaz de Madama Butterfly
(litografia de Adolfo Hohenstein, 1904)

Veja mais sobre Madama Butterfly:
https://www.youtube.com/watch?v=kQywGsLhobs
https://www.youtube.com/watch?v=Sr__GZMFpqk

Referência deste material foi extraída do livro: “A Ópera”, de Fernando Fraga e Blas Matamoro. Editora Angra, 2001.




sexta-feira, 27 de março de 2015

"Vida e Morte da Mulher no Universo da Ópera"
Sofrimentos e provações das personagens femininas nos libretos das operas

Apresentação musical e comentários a partir dos vértices histórico e psicanalítico
com Gisele Ganade, diretora artística da Cia Minaz e Maria Aparecida Sidericoudes, psicanalista da SBPRP
10/04/2015, no Teatro Minaz
Conheça o Programa:

A page from the 1609 score of L'Orfeo

Orfeu será uma das obras abordada no encontro entre a Ópera e a Psicanálise que será realizado pelo Espaço Cultural da SBPRP, em10/04/ 2015, no Teatro Minaz.
Orfeu é a encenação mais antiga de todas as obras-primas operísticas. Foi a primeira ópera de Monteverdi, produzida como entretenimento da corte para a temporada de carnaval. Estreou em 24 fevereiro de 1607, no Palácio Ducal de Mântua.
É uma combinação perfeita de teatro e música. Monteverdi produziu um trabalho revolucionário, uma nova forma dramática, uma “história musicada”, incorporando as formas musicais existentes, como madrigais e o recitativo à história de Orfeu. As árias, ora cantadas, ora recitadas, as danças fundidas com música, o coral e a orquestra apoiando o drama, descrevem uma cena pastoral, celestial e as portas do inferno. Uma gama de emoções é estimulada: alegria, medo, tristeza, esperança, irreflexão.
O conto de Orfeu nos fala sobre muitas coisas, mas foca principalmente a história da música e da morte - o significado que a música dá para nossas vidas, e como ela pode amenizar e até mesmo desafiar os caprichos aparentemente sem sentido da morte. Orfeu transcende as suas paixões e sobe ao céu, pois, a música, como o Prólogo da obra explica, tem o poder "levar as almas dos homens para o céu".
Orfeu é envolvente e oferece ao público o contato com uma poderosa verdade emocional, que até então, nunca tinha sido vista em dramas musicais. O resultado foi revolucionário, levando Orfeu a ser aclamado como o primeiro trabalho lírico da arte.

Veja trechos e curiosidades de Orfeu:

Gyula Orendt, who sings Orfeo, and Mary Bevan, who sings Euridice, in Michael Boyd's production. Photograph: Stephen Cummiskey/ROH/Roundhouse

REFERÊNCIA:
THE GARDIAN
http://www.theguardian.com/music/2015/jan/10/orfeo-don-paterson-english-version-royal-opera-house

terça-feira, 24 de março de 2015

Apresentação e Convite

“Para cheirar, ouvir, ver, lembrar - para retratar, representar, e elaborar a experiência corporal da criança em análise.” (V. Bonaminio, 2011)

Vincenzo Bonaminio, em seu trabalho “Elaboração Imaginativa” reexamina este conceito Winnicottiano. Na singularidade da experiência subjetiva e emocional da criança e do indivíduo, Bonaminio amplia a compreensão do conceito de elaboração imaginativa com foco também na mente do analista.
Segundo o autor, a atividade do mundo interno do indivíduo com suas expressões criativas, evocam no analista, uma compreensão do paciente a partir de uma elaboração imaginativa da própria atividade emocional e psíquica do analista.
A partir de Winnicott, Bonaminio procura mostrar que um conceito abrange duas áreas diferentes e o expande, examinando as atividades psíquicas do indivíduo e da dupla relacional, com uma compreensão requintada de transição.
É com grande satisfação que a Associação dos Membros Filiados do Instituto de Psicanálise, AMFIP, com o apoio da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto, SBPRP, receberá em 15 de maio de 2015, na sede da SBPRP, as 19:30 horas, o pesquisador Vincenzo Bonaminio,  analista didata da Sociedade Psicanalítica Italiana, que apresentará seu trabalho “Elaboração Imaginativa”.
Bonaminio iniciou sua formação em filosofia em Roma, em 1971, especializou- se em psicologia infantil, trabalhou em hospital com crianças e se interessou pelos trabalhos de  Winnicott. É autor de várias publicações de peso em psicanálise[1]. Nos prestigiou na SBPRP em 2009, com o trabalho “ A pessoa do Analista: Interpretar, Não Interpretar, e Contratransferência”; em 2010 com a conferência “Transferência antes da Transferência”, e também com o lançamento de seu livro “Nas Margens de Mundos Infinitos...” em junho de 2011.
Considerado um integrante desta casa, pela disponibilidade e participações, muito contribui com nosso crescimento e nossa história. Mais uma vez, sua presença nos enriquecerá e estimulará neste percurso de constante formação e desenvolvimento.



[1] Bonaminio, V.  Nas margens de mundos Infinitos... Imago editora, 2011; Bonaminio, V.  Depressione primária, difesa maniacale e riparazione in funzione della difesa materna. Em: II piacere offuscato. Lutto, depressione, disperazione nell ”infanzia e nell adolescenza”. A cura di Agostino Racalbuto. Ed. Emilia Ferruzza, Roma: Borta, 2000.

sábado, 21 de março de 2015

"Vida e Morte da Mulher no Universo da Ópera"
Sofrimentos e provações das personagens femininas nos libretos das operas

Apresentação musical e comentários a partir dos vértices histórico e psicanalítico
com Gisele Ganade, diretora artística da Cia Minaz e Maria Aparecida Sidericoudes, psicanalista da SBPRP
10/04/2015, no Teatro Minaz
O que diferencia o humano dos outros animais, aquilo que é singular ao homem, é sua capacidade de simbolização. Esta capacidade compõe o que chamamos de Cultura e se revela em diferentes formas: o mito, a religião, a linguagem, a arte, a ciência, enfim, todo o mundo do significado do homem.Do mundo do significado do homem nasce, aproximadamente em 1594 em Florença, a Ópera: um espetáculo que conjuga o canto coral e solo, a poesia e o balé.


Estamos muito felizes por promover um encontro entre a Ópera, uma forma de arte que tem ciência das vivências do homem, e a Psicanálise, uma forma de ciência que se alia à arte para infiltrar-se no universo humano.
Uma composição polifônica!
Convidamos todos vocês a comungarem conosco neste belo evento!

quarta-feira, 18 de março de 2015

“SONHAÇÕES”
Encontro Preparatório para o XXV Congresso Brasileiro de Psicanálise
SONHO/ATO: A Representação e seus Limites
12 E 13 JUNHO DE 2015

Local: Hotel Stream Palace – Ribeirão Preto 

Conheça os palestrantes:

Prof. Dr. Sergio Ferraz Novaes

O pesquisador Sergio Ferraz Novaes, Professor Titular do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista-SP, é um cientista que desde o início de sua carreira trabalha com garra e entusiasmo na busca do novo.
Sua consistente trajetória cientifica na área de física experimental de altas energias lhe possibilitou ser um dos poucos brasileiros a trabalhar no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), tornando-se um dos principais colaboradores brasileiros nos experimentos com o Large Hadron Collider (LHC, ou Grande Colisor de Hádrons, em português). Foi também um dos primeiros pesquisadores brasileiros a publicar um artigo sobre os mecanismos de produção do Bóson de Higgs, ainda na década de 80.
Em entrevista ao Blog da UNESP, em 18/07/2013 (http://www2.unesp.br/revista/?p=65) Novaes disse que o interesse pela física surgiu na adolescência, nas aulas de física, mas ressalta que, um dos fatores que o levou a escolher a física, foi a necessidade de escaper do tédio cotidiano, a ideia de que não suportaria trabalhar em um lugar onde saberia exatamente o que fazer durante aquele dia.
Em 1978, Ao terminar a graduação em física na Universidade de São Paulo, USP, foi trabalhar no Instituto de Física Teórica da UNESP (IFT) com um dos únicos cosmólogos brasileiros. Interessado no tema e, atento à importância que o estudo na área de partículas tem na evolução do universo, retornou à USP onde se doutorou e realizou pesquisas investigando partículas. Nesta época, começou também a trabalhar com o Bóson de Higgs, tema que em 1978 começou a emergir como um desafio teórico e experimental à comunidade cientifica. Envolveu-se de tal forma nestes estudos que o tema passou a ser central recorrente em sua vida. Foi, provavelmente, o primeiro pesquisador no Brasil a publicar um artigo sobre o Bóson de Higgs, em 1982. No final de 1987 seguiu para Berkeley, para o pós-doutorado no Lawrence Berkeley National Laboratory, onde também trabalhou com o Bóson de Higgs.
De volta ao Brasil, em 1990, foi contratado pelo Instituto de Física Teórica da UNESP para desenvolver pesquisas e dar aulas na pós-graduação. Dedicou-se inicialmente à fenomenologia das partículas elementares, trabalhando na interface entre a física teórica e experimental. Trabalhou com o Modelo Padrão, um modelo desenvolvido pelos cientistas na década de 1960 que explicava todos os eventos experimentais de forma extremamente competente, resultando em um excelente acordo entre teoria e experimento. Estes resultados revelaram-se frustrantes para o cientista que desejava ir além da aplicação de um modelo nos experimentos. Para Novaes, a pergunta tinha que estar no outro lado, no lado do experimento. Passou então, a buscar por resultado experimental novo, que quebrasse o modelo e indicasse um caminho para o progresso.
No final da década de 90, decide deixar a física teórica para investir seus esforços nos experimentos. Em 2000 trabalhou no Fermilab, nos EUA, onde desenvolveu experimentos no maior acelerador de partículas daquela época. A magnitude dos trabalhos e pesquisas que desenvolveu naquele laboratório podem ser comparada às dos experimentos desenvolvidos no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares - CERN.
Como colaborador nos experimentos com o Large Hadron Collider (LHC, ou Grande Colisor de Hádrons, em português), no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), o pesquisador trabalha com o maior acelerador de partículas existente no planeta, que é também, segundo ele, a instrumentação cientifica mais complexa existente na face da terra. Este acelerador está instalado num túnel de 27 km de circunferência a 175 metros abaixo do nível do solo, na fronteira franco-suíça, perto de Genebra.
A descoberta da partícula de Higgs (partícula de Deus), em 2012, além de ser relevante para a comunidade cientifica, coroou também de satisfação o professor Sergio Novaes, pelo seu investimento de anos de trabalho e estudos sobre partículas. Para ele, esta foi a descoberta cientifica mais importante na física de partículas nos últimos trinta anos. O Bóson de Higgs é a partícula que faltava para completar o Modelo Padrão, um complexo arcabouço teórico que descreve as forças fundamentais que constituem todo o material do Universo.
Mas esta descoberta não foi encarada por Novaes como a fronteira final da física das partículas, ao contrário, foi encarada como um começo.
A perspectiva de que possivelmente o Modelo Padrão não seja a resposta para tudo, coloca em pauta uma série de questões e dilemas teóricos mais complexos, que indicam que provavelmente o Modelo Padrão é capaz de explicar um determinado nível de natureza, mas que precisaríamos compreender alguma coisa além, que ainda não temos ideia do que é. Mas Novaes é otimista, e espera estar ativo como cientista quando que este fio puder ser alcançado e puxado.
Atualmente seu grupo de pesquisa trabalha com modelos alternativos, na tentativa de encontrar nos dados do LHC algo que possa sinalizar a existência de dimensões extras. 
Vale ainda assinalar que o Núcleo de Computação Científica da UNESP, que abriga dois projetos de computação de alto desempenho foram criados e são coordenados por Novaes. Um deles é o Sprace (Centro Regional de Análises de São Paulo), que faz o processamento e a simulação dos dados gerados pelo CMS no acelerador de partículas LHC. O outro é o GridUnesp, que integra, em alta velocidade, três mil núcleos de processamento de dados interligados entre sete campi da universidade, servindo mais de 250 pesquisadores e 45 grupos de pesquisa da UNESP.
Assista a entrevista de Sergio Novaes concedida ao Programa do Jô: http://globotv.globo.com/rede-globo/programa-do-jo/v/sergio-novaes-e-professor-titular-do-instituto-de-fisica-teorica-da-unesp/2205446/

sexta-feira, 13 de março de 2015


terça-feira, 10 de março de 2015

Vida e Morte da Mulher no Universo da Ópera

Sofrimentos e provações das personagens femininas nos libretos das óperas

10 de abril de 2015 – 19h30min – Teatro Minaz

Um olhar sobre as personagens femininas do surgimento da ópera no século XVII até o século XIX com o parecer psicanalítico da Dr. Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini, Psicanalista, membro efetivo e analista didata da SBPRP, e membro associado da SBPSP, e a apresentação e comentários sobre as óperas e trechos apresentados ao vivo por Gisele Ganade, diretora da Cia. Minaz.
Além de peças mostradas em vídeo serão apresentadas árias e conjuntos pelos cantores Camilo Calandreli (baixo-barítono), Rafael Stein (tenor), Mariana Cunha (soprano) acompanhados pelo pianista Lucas de Paula.
Serão enfocadas as óperas Orfeu de Monteverdi, Dido e Aeneas de Purcell, Così Fan Tutte de Mozart, Navio Fantasma de Wagner, Rigoletto, La Travita e Aida de Verdi, Fausto de Gounod, La Bohème, Tosca e Mme. Butterfly de Puccini e Carmen de Bizet.

Fotos da Cia Minaz interpretando a ópera Carmen:





sexta-feira, 6 de março de 2015

10 DE MARÇO às 20h - venha participar do Semeando!
Palestra de Ana Rita Nuti Pontes (analista didata da SBPRP).

O momento primordial: O código de barras e o leitor ótico na sala de análise
Ana Rita Nuti Pontes

Neste trabalho apresento uma experiência clínica vivida com um paciente, Candido, desde o primeiro contato e depois alguns fragmentos do processo analítico. A minha intenção é a de falar sobre a importância da captação e da percepção da analista de alguns aspectos do funcionamento mental do paciente e do analista desde o momento primordial, que refere-se ao primeiro contato da dupla desde o contato telefônico e que cria na mente do analista uma ideia, fundada na percepção e na comunicação inconsciente entre a dupla.
Esta comunicação preciosa fica impressa na mente do analista, como se desde o início, o paciente se apresentasse com um código de barras, que o leitor ótico do analista, vai decodificar depois. O inconsciente está sempre presente e, portanto se expressa continuamente. No entanto, as formas de apreendê-lo dependem da capacidade de quem está atento às suas manifestações. Tentarei através deste relato demonstrar como pude usar as fantasias que me surgiram desde o primeiro contato que tive com este paciente.

Referência
Pontes, A.R.N.; Torrano, L.M. (2010). Espaço vivo: a comunicação inconsciente interpsíquica (paciente/analista) segundo o modelo Bluetooth na psicanálise, Berggasse 19 - Revista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto – vol 1, n.1, 37-49.

terça-feira, 3 de março de 2015

"Hanami - Cerejeiras em Flor"

Quem sabe o que é o Hanami? Hanami é a tradição japonesa de contemplar as cerejeiras em flor, que resplandecem - delicada e fugazmente - poucos dias por ano. É um ato de contemplação estética da beleza e da força da natureza, uma homenagem à vida. No Japão moderno, no Hanami se realizam festas ao ar livre embaixo das árvores floridas. 

O filme “Hanami — Cerejeiras em Flor” nos remete à questões básicas da condição humana: somos seres frágeis, separados ao nascer e ao mesmo tempo profundamente dependentes uns dos outros; e mais, somos todos finitos, limitados ao curto tempo de uma vida. Mesmo quando se alcança a maturidade, a vida é breve; 90 anos, que seja, é pouco, se formos pensar bem. Assim, a protagonista do filme, Trudi (Hannelore Elsner), nos faz pensar: como dar amor e felicidade a alguém que você ama, a quem dedicou quase toda sua vida, e que está prestes a morrer de uma doença terminal? 

Trudi descobre que seu marido Rudi (Elmar Wepper) está com uma doença disseminada pelo organismo, incurável, e, seguindo a sugestão dos médicos, decide aproveitar o tempo remanescente fazendo uma viagem de férias e assumindo a responsabilidade de ocultar-lhe a verdade sobre sua doença. Decidem visitar seus filhos em Berlin, o que ocorre sem ninguém saber que Trudi estava promovendo uma viagem de despedidas do pai, mas como o tempus fugit, na correria do dia-a-dia os filhos não tem disponibilidade para os pais... Todavia, o inesperado irá mostrar a sua cara: quem vive e quem morre? Para estar vivo basta o coração bater? Que coração: o do peito ou o da alma? 

Durante a viagem, Trudi, que já está elaborando o luto pela separação de seu amado, perde a inibição de expor a ele os seus pequenos prazeres estéticos, como por exemplo exercitar uma modalidade de dança contemporânea chamada Butoh, que é uma dança moderna japonesa que busca uma forma de expressão não necessariamente coreografada, nem presa a movimentos estereotipados que remetam a uma técnica específica ou rígida, ela busca o fugaz, o momento presente e a impermanência. Esse é um tema central do filme: porque não expor ao outro quem realmente somos e ver se isso se reverbera de alguma forma na maneira como a pessoa lida consigo mesma e com os outros ao seu redor? Seria pela falta de tempo e disponibilidade ou por uma certa covardia e preguiça? E o mesmo não se aplicaria numa relação analítica? 

A relação amorosa – e este filme é também um romance – é efêmera; como nas maravilhosas floradas das cerejeiras, no amor temos que tentar deixa-lo florir e revelarmos nossa essência em sua plena força e dor. Aí então, devemos tentar aproveitar ao máximo o breve esplendor do amor. Em geral, fugimos do desabrochar quem realmente somos, evitamos mostrar nosso verdadeiro Eu, expondo nosso coração no que ele tem de belo, de frágil e de doloroso... 

Trudi e Rudi, os protagonistas desta bela estória, enfrentando suas dores de finitude e separação, irão lidar com as dores da vida das quais geralmente nos evadimos; fazem isso buscando sua evolução pessoal. A diretora, Doris Dörrie, parece concordar com essa ideia, numa entrevista sobre o filme ela afirmou: “O sofrimento é um processo de integração. Primeiro, há dor infinita pela separação física e a consciência de que um nunca mais poderá se encontrar com o outro fisicamente. Mas esse processo também se torna uma espécie de integração interna quando, de repente, um passa a carregar o outro internamente. Isso conduz a um diálogo interior que não cessa com o tempo, um diálogo que não pode ser interrompido”.

Dr. Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro

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