Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431
Olá,
Hoje encerramos mais uma série de
sucesso aqui em nosso blog. A menos de duas semanas do Pré-Congresso (que será realizado em Ribeirão Preto no dia 13 de Abril de 2013)
resolvemos postar o nosso último, mas não menos importante bate-papo com os
palestrantes do evento.
O entrevistado de hoje é o
Analista Didata Dr. Daniel Delouya.
Ele deve abordar o tema “Totem e Tabu na relação com o contemporâneo”.
Acompanhem nossa conversa!
SBPRP: Em setembro
acontecerá o XXIV Congresso Brasileiro
de Psicanálise com o qual o Senhor está profundamente envolvido. Como
surgiu o tema “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”, escolhido para o próximo Congresso?
Dr. Daniel Delouya: “O tema surgiu na reunião da FEBRAPSI junto aos delegados e presidentes
das sociedades federadas, conforme rezam os seus estatutos, ou seja, com a
consulta científica aos representantes dos grupos que compõe nossa federação.
Trata-se de um tema de interface entre o nosso fazer e os modos com que as
configurações culturais atuais reverberam e nos solicitam em nosso trabalho
como psicanalistas”.
S: A escolha do tema
para o próximo Congresso foi muito oportuna e relevante. Para o nosso Evento
Preparatório como o senhor pretende abordar o tema “Ser contemporâneo:
Medo e Paixão”?
Dr. D.D.: “A ideia do contemporâneo é a revelação do contratempo, da não
coincidência do ser com seu tempo, tributário do medo, e das paixões que visam
suplantá-lo. Algo que a psicanálise, na descoberta feita por Freud, e na
prática e na reflexão que ela precipitou, já havia colocado em relevo. A minha
intenção é abordar esse contratempo e esse desacordo fundamental a partir de Totem e Tabu e seu mito da geração do
humano”.
S: O Senhor poderia falar um pouco mais a
respeito do olhar psicanalítico sobre o “antigo” e o “contemporâneo”?
Fonte: documentalpark. wordpress.com |
Dr. D.D.: “É uma questão complexa, e posso talvez tomar apenas um pequeno veio dela: O “antigo” não é um termo útil de ponto de vista clínico e metapsicológico. O antigo, na psicanálise, é o anacrônico, ou seja, ele é contemporâneo. O passado não passa, ele se implica no presente. Porém, ele é objeto de uma busca, de um trabalho de descoberta, para se colocar em uso para o paciente, para o sujeito. Na genuína e primeira tópica de Freud, ele pensava que o paciente, ao se entregar ao trabalho proposto pela análise, acabaria em lembrar ou ver, perceber, ter insight de alguma coisa nele que propiciaria uma dissolução/resolução do sintoma - isto é, recolocaria o psiquismo em movimento diante da realidade cultural. Com o avanço da prática, Freud vai acrescentar que certas camadas de ação dos elementos anacrônicos demandam do próprio analista a construí-lo ou a re-construí-lo, propondo-o para o uso do paciente. Seja como for, e agora passando para um espectro mais amplo, essa convocação constante desse patrimônio histórico, fruto de construção junto aos objetos de origem, de cada sujeito, se colocam a serviço do presente, da realidade junto aos outros, da cultura. E, na segunda tópica, Freud se dá conta que esse patrimônio pode vir a não resistir tão bem à pressão do avanço perante a exigência cultural. Ao invés de se propagar e se sofisticar, no viver, a serviço do registro simbólico, afetivo, do ser, esses elementos são passiveis de destruição, de desmantelamento pela cultura. Nesse momento, o regime da sobrevivência se coloca em relevo, e a sustentação possível seria a criação e a assunção do sintoma, não da sua dissolução, mas de sua criação. Nele reside toda a formação de compromisso entre o medo e a paixão, viver no e através do contratempo do escancaramento contemporâneo”.
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#Saiba
mais sobre o palestrante
Daniel
Delouya - Analista Didata da
SBPSP e autor de cinco livros sobre psicanálise, dentre eles o livro Torções
na razão freudiana: Especificidades e afinidades (Unimarco, São Paulo, 2005), além
de vários capítulos, artigos e ensaios que compõem livros
e revistas de psicanálise.
ATENÇÃO!
"Comunicamos que as vagas
para esse evento estão esgotadas. Sentimos
informar que não haverá possibilidade de inscrições no local no dia do
evento".
Att,
SBPRP.
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