quinta-feira, 10 de setembro de 2015



Psicanálise – o que ela é e o que ela não é

Qual é a visão que se tem da psicanalise ou do tratamento psicanalítico?
É interessante como a Psicanálise  provoca as mais diferentes fantasias: para alguns ela é salvadora, para outros é ameaçadora, perigosa; alguns a veem com uma aureola mística ( o analista é todo poderoso, sabe tudo, só de te olhar já sabe o que você pensa).Tem os que acham a Psicanálise acusadora, outros a que perdoa; tem também a psicanalise pornográfica, que libera as pessoas de todas as proibições. Então, temos muitas versões da psicanálise, o que mostra como ela mobiliza fantasias.

É um fato que ela surgiu como um terremoto, que abalou o século  19. É o filosofo Jacques Derrida quem disse que Freud ajudou a pôr em dúvida um grande número de coisas referentes à lei, ao direito, à religião, a autoridade patriarcal e tantas outras questões. Realmente a Psicanálise é uma força criativa de reflexão e de questionamentos. Freud trouxe para o centro dos estudos sobre a mentalidade humana os processos de simbolização o que provocou uma virada na Filosofia. A inserção da psicanálise dentro de todas as  áreas do conhecimento tornou-se inevitável.
O que ela é então?   É uma teoria sobre a estrutura e funcionamento da mente. É um método terapêutico. É um campo permanente de pesquisas.

Freud definiu o ser humano como um ser em permanente conflito entre as forças de Vida e as forças de Morte. E hoje os cientistas estão vendo estes conflitos até nos neurônios, onde apontam impulsos de repulsa e aceitação, de recompensa e punição.

 “ Não somos senhores em nossa própria casa.” Este é o ponto de partida da Psicanalise: a existência e a atuação do Inconsciente. Em seguida veio a descoberta da sexualidade infantil,  das pulsões de Vida e de Morte, do Complexo de Édipo.

E no nosso trabalho diário como psicanalistas continuamos a fazer aquilo que Freud fez, quando chamou o mundo para a responsabilidade, como disse o Derrida: nós chamamos as pessoas para a responsabilidade de “se salvar” de sua prisão pessoal, de sua condição de ser vítima de si mesmo. O que nos caracteriza não são nossas respostas mas sim nossa maneira de formular as questões, de identificar os problemas, de ir além do aparente. Estamos sempre chamando atenção para o mundo interno, incentivando as pessoas a terem mais carinho com sua condição humana.
Não visamos a cura de sintomas; nosso trabalho consiste em ajudar o paciente a desenvolver recursos novos ou recompor os recursos danificados. Não tentamos livrar o paciente do sofrimento mas ajuda-lo a desenvolver recursos para suportar  o sofrimento que nos é inerente, que é inerente à condição humana.
                                                                       Suad Haddad de Andrade 

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