Psicanálise
– o que ela é e o que ela não é
Qual é a
visão que se tem da psicanalise ou do tratamento psicanalítico?
É
interessante como a Psicanálise provoca
as mais diferentes fantasias: para alguns ela é salvadora, para outros é
ameaçadora, perigosa; alguns a veem com uma aureola mística ( o analista é todo
poderoso, sabe tudo, só de te olhar já sabe o que você pensa).Tem os que acham
a Psicanálise acusadora, outros a que perdoa; tem também a psicanalise
pornográfica, que libera as pessoas de todas as proibições. Então, temos muitas
versões da psicanálise, o que mostra como ela mobiliza fantasias.
É um fato
que ela surgiu como um terremoto, que abalou o século 19. É o filosofo Jacques Derrida quem disse que
Freud ajudou a pôr em dúvida um grande número de coisas referentes à lei, ao
direito, à religião, a autoridade patriarcal e tantas outras questões.
Realmente a Psicanálise é uma força criativa de reflexão e de questionamentos.
Freud trouxe para o centro dos estudos sobre a mentalidade humana os processos
de simbolização o que provocou uma virada na Filosofia. A inserção da
psicanálise dentro de todas as áreas do
conhecimento tornou-se inevitável.
O que ela é
então? É uma teoria sobre a estrutura e funcionamento
da mente. É um método terapêutico. É um campo permanente de pesquisas.
Freud
definiu o ser humano como um ser em permanente conflito entre as forças de Vida
e as forças de Morte. E hoje os cientistas estão vendo estes conflitos até nos
neurônios, onde apontam impulsos de repulsa e aceitação, de recompensa e
punição.
“ Não somos senhores em nossa própria casa.”
Este é o ponto de partida da Psicanalise: a existência e a atuação do
Inconsciente. Em seguida veio a descoberta da sexualidade infantil, das pulsões de Vida e de Morte, do Complexo
de Édipo.
E no nosso
trabalho diário como psicanalistas continuamos a fazer aquilo que Freud fez,
quando chamou o mundo para a responsabilidade, como disse o Derrida: nós
chamamos as pessoas para a responsabilidade de “se salvar” de sua prisão
pessoal, de sua condição de ser vítima de si mesmo. O que nos caracteriza não
são nossas respostas mas sim nossa maneira de formular as questões, de
identificar os problemas, de ir além do aparente. Estamos sempre chamando
atenção para o mundo interno, incentivando as pessoas a terem mais carinho com
sua condição humana.
Não visamos
a cura de sintomas; nosso trabalho consiste em ajudar o paciente a desenvolver
recursos novos ou recompor os recursos danificados. Não tentamos livrar o
paciente do sofrimento mas ajuda-lo a desenvolver recursos para suportar o sofrimento que nos é inerente, que é inerente
à condição humana.
Suad
Haddad de Andrade
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