sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Por Cristiane Sampaio
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Bom dia, pessoal!

Hoje, descobri mais uma leitura interessante “O Homem dos Ratos”, que todos os bons apreciadores da obra de Freud, devem conhecer.  Escrito e revisado em apenas um mês, este livro se constitui num relevante estudo sobre os casos de “neurose obsessiva”. Durante o Primeiro Congresso Internacional de Psicanálise, em 1908, na cidade de Salzburg, Freud afirmou que “o recalque não se daria através da amnésia, mas por meio da ruptura de conexões causais devidas a uma retirada do afeto”, exatamente um ano antes do lançamento do livro. Tais notas e levantamentos foram e são até os dias de hoje essenciais no desenvolvimento e conhecimento de novas patologias pela Psicanálise.

Como já vimos no artigo postado no Febrapsi Notícias, para Freud (1915) “a pulsão inclui necessariamente o objeto, e sendo a quota de afeto um componente da pulsão, a percepção da descarga somática/afeto é indissociável da percepção do objeto, daí o ego corporal estar também indissociado do objeto, o que faz o sujeito perceber o objeto como seu próprio corpo, do qual vai diferenciar-se à medida que as estruturas ideativas se desenvolverem”.

A nossa mente tem como recurso defensivo inibir as funções mentais sempre que não suportar a quantidade de carga afetiva dolorosa, o que por conseqüência, vai ocasionar uma série de problemas, como o colapso da memória e o aprisionamento de emoções, inibindo a pessoa de experienciar sentimentos e emoções.

O Dr. Adalberto Goulart, membro da SPR e do NPA, referiu que “Diferentemente do Inconsciente reprimido, Freud já definia o “soterrado”, em 1937, como um conceito próximo ao de embrião pulsional, associado às manifestações marasmáticas da corporeidade que poderão emergir através da passagem direta ao ato compulsivo, ou ao somar, ou ainda alcançando o desejo e manifestando-se como sintoma.”

Atualmente, vive-se a busca desenfreada pelo prazer, pela gratificação imediata, assim, acabamos por não enxergar a realidade em nossa volta e vivemos numa realidade virtual que se dissemina culturalmente a cada minuto. “O resultado disso é uma opacificação das identidades individuais em troca do estado maníaco de euforia, do não-pensar, o que faz com que presenciemos em nossas clínicas um predomínio das personalidades nas quais não há um sujeito capaz de criar representações psíquicas e que vive sua instabilidade no corpo ou na ação/compulsão”, afirmou Dr. Goulart.

A compulsão à repetição, mecanismo de funcionamento do Processo Primário de Pensamento, desvia-se de sua tendência ao que é prazeroso para o reencontro com o efeito de um trauma ainda sem representação, ou seja, busca ativamente um sofrimento, quem sabe visando alcançar algum nível de simbolização (Marucco, 2007).

Assim, a compulsão, entendida como tentativa de representação em ato, requer reformulações da técnica que permitam ir para além do desejo e seus representantes. O analista precisa lidar com marcas ingovernáveis devido à incapacidade de se vincularem ao Processo Secundário, uma vez que não houve tempo nem psiquismo estruturado para que o traumático pudesse ser inserido na dimensão do simbólico. De qualquer forma, não nos esqueçamos que repetição significa, etimologicamente, pedido de ajuda.

Os ‘homens dos ratos’ da clínica contemporânea são casos que ultrapassam e vão além de limites preconcebidos, já conhecidos, proporcionando todos os dias um grande desafio a Psicanálise.

Deixe aqui seu comentário sobre o caso, também queremos saber sua opinião!

Um comentário:

  1. Baixar o Filme - Sigmund Freud - O Homem dos Ratos - Dublado - http://mcaf.ee/xbvrc

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