“Dificuldades alimentares e escolares em crianças e
adolescentes”
Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431
Olá,
Devido ao grande interesse pelo tema “Dificuldades alimentares e escolares em
crianças e adolescentes”, (que será abordado nos dias 07 e 08 de junho durante
o evento “A criança, o adolescente e opsicanalista”), nós convidamos mais uma palestrante para abordar este
assunto aqui em nosso blog. A entrevistada de hoje é a Doutora e Analista
Didata, Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis.
Acompanhem o nosso bate-papo!
SBPRP:
A psicoterapia psicanalítica pode ajudar crianças que têm
dificuldades emocionais e comportamentais evidentes em casa ou na escola?
Dra.
Bernadete: “A psicoterapia
psicanalítica para crianças é denominada Ludoterapia, porque o analista faz uso
de brinquedos para favorecer o contato com os pacientes. A ludoterapia oferece
contribuições significativas a crianças que apresentam dificuldades na vida
familiar, social ou na escola. Por intermédio do brincar, os pequenos pacientes
expressam seus sentimentos e fantasias, que são interpretados pelo analista,
promovendo com isso a possibilidade de compreensão para os sofrimentos, conflitos,
medos e desejos. Essa elaboração das vivências emocionais podem levar a
eliminação ou diminuição de sintomas ou dificuldades comportamentais
apresentadas pelas crianças”.
S: Uma avaliação psicanalítica auxilia no planejamento, tratamento
e prevenção dos transtornos mentais, que dificultam ou impedem o
desenvolvimento da personalidade?
Dra. B.: “A Psicanálise
compreende o funcionamento mental dentro de uma ideia de complexidade, de tal
forma que o desenvolvimento da personalidade é visto como resultado de um
conjunto incomensurável de fatores. Esses fatores se organizam e se
desorganizam de formas as mais diversas, com grau maior ou menor de integração
entre eles, dependendo da grandeza emocional dos estímulos que chegam ao
aparelho mental. Desse ponto de vista, o mundo mental é da ordem do
incalculável e do imprevisível. Assim sendo, os termos “planejamento”,
“tratamento” e “prevenção” parecem mais adequados ao modelo médico do que ao
modelo psicanalítico. O que se pode dizer, de um modo bem geral, é que em uma
análise abre-se a possibilidade do paciente estar mais em contato com suas
emoções e, também, com seus mecanismos psíquicos acionados por essas emoções. O
analista mostra constantemente ao paciente como ele está funcionando dentro da
relação analítica, o que amplia consideravelmente a capacidade de sentir o que
se vive e pensar o que se sente. Nesse caso, o “tratamento” seria essa
ampliação da capacidade de viver as mais diferentes experiências emocionais,
com profundidade e veracidade e poder usá-las para o desenvolvimento pessoal.
Esse desenvolvimento pessoal por sua vez, pode ser uma espécie de “prevenção”,
no sentido de que uma mente com capacidade ampliada, pode lidar melhor com as
situações emocionais, imprevisíveis, que a vida apresentar”.
S: A partir do momento em
que o adolescente começa a construir uma identidade e passa a criar vínculos
fora do ambiente familiar, começam as preocupações dos pais. Esta é a fase
crucial para o desenvolvimento deste adolescente?
Dra.
B.: “Penso que a construção de vínculos fora do ambiente familiar é
anterior ao início da adolescência, porque a criança entra muito cedo na escola
e já tem contato com outras famílias, por intermédio dos amigos de classe e
também da vizinhança. O que é específico da adolescência é que a autonomia
aumenta em relação à infância. O adolescente faz mais atividades sem os pais (passeios,
viagens) e também faz mais escolhas próprias, como a escolha da profissão, por
exemplo. A autonomia, como o próprio termo diz, é uma espécie de auto-gestão,
ou seja, o adolescente passa a ser cada vez mais responsável pelas decisões dos
caminhos a seguir. Trata-se de um momento em que a preocupação dos pais pode
aumentar, por insegurança, isto é, medo de que os filhos não tenham condição de
se conduzirem de maneira autônoma pela vida. Aqui vale muito a confiança que os
pais tem nos valores que passaram para os filhos. Além disso, se os
adolescentes vão dando sinais de que estão conseguindo se conduzir bem, os pais
podem ficar mais seguros e favorecer a independência dos filhos. Caso
contrário, quando os adolescentes dão sinais de que não estão conseguindo
cuidar de si e de suas escolhas, os pais tendem a manter um controle maior
sobre os filhos”.
S: A senhora também pretende abordar durante o evento o
método psicanalítico de Freud, no qual ele enfatizava a importância
do inconsciente para a compreensão de comportamentos anormais e a importância
da primeira infância?
Dra. B.: “Durante o evento pretendo enfatizar os aspectos emocionais presentes
na constituição das dificuldades escolares, trazendo reflexões sobre a relação
complexa entre cognição e afetividade. Farei também considerações sobre as
consequências emocionais dos problemas de desempenho escolar, para crianças e
adolescentes”.
Gostou do tema? Clique AQUI e se inscreva para o evento.
As vagas são LIMITADAS!
#Saiba mais sobre a palestrante
Psicóloga, formada pelo
Instituto de Psicologia da USP, no ano de 1977.
Pós Graduada em
Psicologia Escolar, também no Instituto de Psicologia da USP, onde concluiu o
mestrado em 1981 e o doutorado em 1986, ambos sob orientação do Dr. Lino de
Macedo.
Docente no Departamento
de Psicologia e Educação da FFCL-USP de Ribeirão Preto, de 1979 a 1991. Nessa
Faculdade ministrou as disciplinas Psicologia Educacional, Psicologia do
Desenvolvimento, Teorias e Técnicas Psicoterápicas e orientou o estágio em
Ludoterapia de Orientação Psicanalítica.
Psicanalista, com
formação na SBPSP, onde é Membro Associado. Pertence à SBPRP, onde é Membro
Efetivo e Analista Didata.