“Os vínculos sociais na infância e na
adolescência”
Por
Cristiane Sampaio
Mtb.
61.431
Olá,
Hoje vamos publicar a
primeira entrevista da série que preparamos sobre o evento “A criança, o adolescente e o Psicanalista”. O tema será “Os
vínculos sociais na infância e na adolescência” e nossa convidada é a
Analista Didata Dra. Sonia Maria Mendes Eleutério
Mestriner, que já é conhecida de nosso público por participar de
bate-papos anteriores. Ela também é membro associado da SBPSP, membro efetivo e
Diretora do Instituto da nossa SBPRP. Além
de ser uma das palestrantes deste grande evento que vai se realizar nos dias 06
e 07 de Junho, na UNISEB, em
Ribeirão Preto.
Acompanhem
a nossa entrevista!
SBPRP: Como são estabelecidos
os vínculos na infância e na adolescência?
Dra. Sonia: “Desde o seu nascimento a criança vai desenvolvendo a
sua qualidade de ser um ser social em polaridade dinâmica com o seu narcisismo.
Ela está inserida em um grupo social, que inicialmente é constituído pela mãe,
pai e familiares mais próximos e, no decorrer de seu desenvolvimento, vai
ampliando essas relações para o social mais vasto, como a escola, amigos,
outras famílias e outros grupos sociais.
A primeira relação da criança se dá
com a mãe, que é a cuidadora, tanto no sentido físico como no psíquico. Essa
relação é de extrema importância para o seu desenvolvimento físico, emocional e
social. A mãe, em sua relação com o seu bebê, tem uma função essencial, que é a
de ser continente, isto é, a de receber, elaborar, moderar, nomear e devolver,
em tempo adequado, as emoções de seu bebê de forma atenuada, e que assim passam
a ser manejáveis pela mente do bebê e estimuladoras de crescimento mental, do
desenvolvimento da capacidade de pensar e dos processos de individuação. Se
nessa relação predominam as experiências de não ser suficientemente contida, a
criança pode desenvolver dificuldades nos processos de pensar e dificuldades
mentais e sociais variadas. Esse modelo de relações pode ser estendido a outras
relações como analista e analisando, professor e aluno e outras relações
sociais.
Os vínculos de amor, ódio e
conhecimento, e seus negativos, permeiam as relações humanas em várias
proporções, propiciando relações mais benignas, nas quais predominam as trocas
que favorecem o crescimento, ou mais perturbadas, onde predomina a
destrutividade.
É de estrema importância que as
funções de ser continente sejam construídas nas relações analíticas, escolares
e sociais”.
SBPRP: A partir do momento em que o adolescente começa a construir
uma identidade e passa a criar vínculos fora do ambiente familiar, começam as
preocupações dos pais. Esta é a fase crucial para o desenvolvimento deste
adolescente?
Dra. Sonia: “O termo
“adolescer” (verbo intransitivo) vem de o latino adolescere, cujo sentido é:
entrar na adolescência, desenvolver-se, crescer. O termo “adolescência”
(substantivo feminino) tem origem no latino adolescentia e é o período que
ocorre no decorrer do desenvolvimento do indivíduo, entre a infância e a idade
adulta. Neste período o indivíduo passa por intensas transformações biológicas,
psicológicas e sociais, o que o caracteriza por desequilíbrios, incertezas,
dúvidas e contradições, adquire a maturidade genital e se determina como
pessoa. Considero também os “funcionamentos adolescentes”, com características
próprias como: turbulência psicossocial, perdas de referências anteriores
inclusive as do próprio corpo e poucos planos, que podem ser vivenciados em
qualquer idade, ou perdurar na vida do indivíduo decorrente das não resoluções
satisfatórias de seus conflitos. O funcionamento adulto não significa eliminar
ou atuar o infantil e o adolescente, mas transformá-lo e integrá-lo na sua
personalidade.
Vários fatores contribuem para a
expressão das configurações psíquicas da adolescência, como: as experiências
mais ou menos traumáticas, a história de vida e as características de
personalidade. As condições de se atingir uma maturidade psicossocial
satisfatória dependem das condições vividas na infância. Uma infância
turbulenta contribui para que a adolescência seja turbulenta, assim como o
excesso de repressão e exigências. Por outro lado, adolescentes com as questões
da infância mais elaboradas, que pode ir desenvolvendo os processos de
pensamento e introjetando a função de ser continente de suas emoções, tendem a
lidar com os conflitos da adolescência com mais eficácia. Também, um
adolescente naturalmente tranquilo em uma família equilibrada desenvolver-se-á
mais favoravelmente que um atormentado em uma família desequilibrada, e podemos
considerar as nuanças entre esses dois extremos”.
E aí, se interessou pelo tema? Então, clique AQUI
e garanta a sua inscrição para o evento, será imperdível.
As vagas são limitadas!
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