“Clínica da primeira infância: intervenção nas relações
pais-bebês”
Por Cristiane Sampaio
Mtb.61.431
Olá,
Hoje,
nós encerramos a série de entrevistas sobre o evento “A criança, o adolescente e o psicanalista”, que acontecerá nos
dias 07 e 08 de Junho, no Centro Acadêmico Uniseb, em Ribeirão Preto.
Deixamos para a última semana um assunto que vem gerando grande polêmica no
mundo da psicologia e psicanálise, a “Clínica da primeira infância: intervenção nas relações
pais-bebês”. Nossa convidada para falar sobre
este assunto é a psicóloga e psicanalista, Doutora
Maria Cecília Pereira da Silva, que também fara parte de uma Mesa redonda
durante este grande evento.
SBPRP: A psicanálise de crianças,
ao longo de sua história, deparou-se com entraves clínicos que possibilitaram o
criar/recriar intervenções analíticas. A senhora poderia nos dizer um pouco
sobre essas intervenções?
Dra. Maria Cecília:
“Os trabalhos de intervenção nas relações
iniciais pais-bebê, assim como, avaliações conjuntas pais-crianças pequenas são
recursos técnicos inovadores que têm contribuído para a ampliação do campo da
psicanálise infantil. Cada vez mais há uma necessidade de auxiliarmos os pais
na construção de sua função parental. Acredito também que técnicas inovadoras
vêm surgindo do trabalho com crianças com transtornos do espectro autista. Os
avanços das pesquisas sobre indicadores de risco iniciais de autismo e as
descobertas sobre a plasticidade cerebral têm ampliado as possibilidades de trabalhos
preventivos com bebês/crianças muito pequenas e com seus pais, evitando a
cristalização de patologias mais graves”.
S: Hoje, é possível reconhecer
implicações na interação pais-bebê e possibilitar tratamentos preventivos e
terapêuticos?
Dra. M.C.: “O desencontro
vivido pelos pais, entre o bebê sonhado e desejado e o bebê real, é cada vez
mais comum, criando dificuldades de relacionamento e de comunicação na dupla
pais-bebê. Os pais optam por terem filhos mais tarde ficando assim mais
distantes de suas vivências infantis. As representações coletivas atuais da
infância demandam inconscientemente que estes filhos preciosos sejam perfeitos
e, logo suficientemente autônomos. Ao lado disso, as solicitações externas, próprias da contemporaneidade vão
ao sentido contrário das necessidades, desejos e intimidade da jovem família, e
competem com a entrada no estado de preocupação materna primária[1] ou não favorecem o
desenvolvimento das capacidades de rêverie
e de continência maternas[2]. Diante dos
desencontros afetivos entre pais e filhos, os bebês expressam sua insatisfação
somatizando e reivindicando que suas necessidades sejam atendidas. E muitas
vezes, os pais têm dificuldade em compreender seus bebês, projetam seus
aspectos inconscientes sobre eles e sucumbem diante dos ruídos na comunicação
com seus filhos.
O repertório das expectativas parentais parece insuficiente para
compreender que filhos tão pequenos possam ser capazes de reclamar[3] ou mesmo de expressar
alguma insatisfação de forma incisiva e veemente, o que faz com que essa
comunicação seja transformada em sintoma. Por outro lado, na luta para atender
o desamparo do bebê, os pais experimentam emoções primitivas desconfortáveis
diante da efusiva reclamação ou somatização de seus filhos, tendo que conter a
própria angústia ou projetando-a sobre o bebê. Quando encontramos ruídos na
comunicação entre a criança e seus pais há fortes riscos de que se desenvolva
alguma patologia no bebê.
Além das dificuldades de comunicação
entre pais e seus bebês/criança pequena as configurações familiares, gestações
de alto-risco (físico e psíquico), morte fetal ou pré-natal, depressão
pós-parto e problemas no desenvolvimento do bebê podem demandar uma intervenção
no sentido de prevenir problemas no estabelecimento dos vínculos iniciais e/ou
auxiliar os pais no exercício da parentalidade.
No processo de intervenção nas relações iniciais pais-bebê,
observando a interação pai-mãe-bebê, os pais são encorajados a falar sobre o
bebê, sobre eles mesmos, suas famílias de origem, seu passado, sua interrelação
como casal e suas repetições de conduta. Colhe-se a história do bebê desde o
relacionamento de seus pais com seus próprios pais, até a concepção,
nascimento, desenvolvimento e seu sintoma (Silva, 2002)[4],
por meio das representações do bebê imaginário, fantasmático, cultural e real,
que os progenitores, em função de sua história, têm de seu filho (Lebovici,1986)[5].
Durante os atendimentos conjuntos com
pais, bebês e crianças pequenas é possível construirmos um envelope de
continência permitindo a formação de redes de sentido que oferecem um
significado aos sintomas dos bebês e condensam uma série de conteúdos
primitivos ainda não elaborados, mas que impingem em nossa experiência buscando
representação (Mendes de Almeida & outras, 2004)[6].
Assim a Clínica 0 a 3
favorece: que os bebês ocupem um lugar próprio na mente de seus pais; que os
“conflitos”, “ruídos” e “projeções” sejam nomeados e contidos, de tal forma que
os aspectos inconscientes dos pais não sejam projetados sobre o bebê e que,
então, os pais possam atender às necessidades de seus bebês e favorecer seu
desenvolvimento emocional.
Além de ser terapêutica, a Clínica 0 a 3 é fundamentalmente uma
clínica preventiva, pois permite que desencontros iniciais não se cristalizem
em sintomas que demandem cuidados secundários e interfiram no desenvolvimento
emocional do bebê e nos sentimentos de confiança dos pais, tão necessários para
o exercício da função parental”.
S: Diante dos estudos psicanalíticos
já realizados é possível dizer que existe ego no bebê e uma capacidade de
diferenciação entre seus processos internos e o mundo externo?
Dra. M.C.:
“Sim, hoje sabemos que o bebê nasce com
muitas competências, mas depende enormemente de um ambiente ao seu entorno que
favoreça seu desenvolvimento, especialmente de uma mãe/cuidador que seja capaz
de compreendê-lo e conter suas angustias iniciais”.
S: Existe um conceitual
psicanalítico que questiona a ideia de um modelo familiar ideal e busca indicar
que o processo de tornar-se pai e tornar-se mãe é um longo percurso que se
inicia muito antes do nascimento de um filho. O que a senhora pensa sobre este
conceito?
Dra. M.C.:
“A respeito disso vale a pena
compartilhar uma lenda africana:
Existe uma tribo no leste da África na qual a arte
da verdadeira intimidade (podemos chamar de vínculo) é forjada mesmo antes do
nascimento. Nessa tribo a data de nascimento de uma criança não é contada a
partir do dia do seu nascimento físico nem mesmo do dia da sua concepção, como
em outras culturas. Para essa tribo a data de nascimento acontece na primeira
vez em que a criança se constitui num pensamento na mente da mãe. Consciente de
sua intenção de conceber a criança com um pai em particular, a mãe se retira
para sentar-se sozinha embaixo de uma árvore.
Lá ela senta e espera até que ela possa ouvir a
canção da criança que ela deseja conceber. Uma vez que ela tenha ouvido essa
música, ela retorna ao seu vilarejo e a ensina para o pai para que eles possam
cantá-la juntos enquanto fazem amor, convidando a criança a se juntar a eles.
Depois que a criança é concebida ela canta para o bebê em seu ventre. Então ela
ensina para as mulheres mais velhas e cunhadas do vilarejo, para que durante o
trabalho de parto e no milagroso momento do próprio nascimento, a criança seja
recepcionada com sua música. Depois do nascimento todos os cidadãos do vilarejo
aprendem a música de seu novo membro e cantam para a criança quando ela cai ou
se machuca. Ela é cantada em momentos de glória ou crise, em rituais e
iniciações. A música se torna uma parte da cerimônia de casamento quando a criança
cresce. E no final da vida seus entes queridos vão se reunir em torno de seu
leito de morte entoando essa canção
pela última vez.(VERNY, 1997)
Acredito
sim que a parentalidade é uma função que se desenvolve interiormente quando se
origina o desejo de ter um filho e na relação com ele. O bebê “faz” seus pais,
assim como os pais “fazem” o bebê existir. Para além da procriação e da função
biológica, a parentalidade é produto do parentesco biológico e do processo de
tornar-se pai e mãe. É uma reflexão sobre a descendência que implica um
complexo processo psíquico-simbólico que articula diferentes perspectivas
teóricas num contexto psicossocial. O conceito de parentalidade, portanto,
contém a ideia da função parental e a ideia de parentesco, e a história da
origem do bebê e das gerações que precedem seu nascimento. (Silva, 2009;
Solis-Ponton, 2004)
Gostou
do tema? Então, corra para se inscrever!
As vagas são LIMITADAS e estão se esgotando. Até o evento as inscrições só serão
realizadas na Sede da SBPRP (R. Ércoli Verri, 230 - Jd. Ana
Maria - RP). O atendimento funcionará das 8h às 17h30, sem intervalo para
almoço.
[1] Winnicott, D. W. (1956) Preocupação materna primária.
In: Textos selecionados. Da pediatria à psicanálise. 4. Ed. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1993.
[2]
Bion,W.R. (1962) Aprendiendo de la experiencia. México: Piados, 1991.
[3] ALVAREZ, A. (1992) Live Company: Psychoanalytic Psychotherapy with Autistic, Borderline,
Deprived and Abused Children, London and New York: Tavistock/Routledge.
[4] Silva, M.C.P. (2002). Um self sem berço. Relato de
uma intervenção precoce na relação pais-bebê. R B.P., 36 (3): 541-565.
[5] Lebovici, S. (1986) À propos des consultations
thérapeutiques. Journal Psychanalyse de l' Enfant, 3:135-152.
[6] Mendes de Almeida, M.; Silva, M.C.P.; Marconato, M.M.
(2004). Redes de sentido: evidência viva na intervenção precoce com pais e
crianças. R. B. P., Vol. 38 (3): 637-648.
Meu nome é ensolarado dos Estados Unidos. Desejo
ResponderExcluircompartilhar meu testemunho com o público em geral sobre
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ter apenas trouxe de volta o meu exemplo perdida
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me que ele não pode continuar mais, então eu estava agora
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