Cinema & Psicanálise Ribeirão
Preto no Instituto Figueiredo Ferraz
Sábado dia 25/04/2015, às 14h30
Filme: “Hanami – Cerejeiras em
Flor”, com comentários do Dr. Paulo de Moraes M. Ribeiro
O ingresso tem valor único R$
25,00 por pessoas e as vagas são limitadas – inscrições na
SBPRP - 36237585
Reflexões sobre o
florescer das cerejeiras
Dizem que o número sete
tem um caráter místico repleto de simbologia, que está presente tanto na
filosofia quanto na literatura sagrada, cujo conteúdo refere-se à transformação
e criação. Acreditando ou não nestes conceitos, após seu período de férias de
verão, o Cinema e Psicanálise de Franca inicia o sétimo ano de existência, com
a proposta de abordar tanto as reflexões quanto o sentir que a sétima arte nos
traz.
É providencial o filme
que será apresentado neste sábado (dia 14), o qual trará um pensar sobre a
essência e o sentido que podemos estar atribuindo para nossas vidas. “Hanami: Cerejeiras
em flor” é uma obra de arte em movimento. Numa co-produção da Alemanha e
França, com a escolha do Japão, a terra do sol nascente, como pano de fundo de
uma história com riqueza de elementos simbólicos e afetivos.
A película fala sobre a
velhice, a solidão e a morte, mas refere-se principalmente à esperança de um
recomeço e à ousadia diante da busca de realização dos próprios sonhos. Nossa
aclamada Clarice Lispector, com toda a sensibilidade que lhe cabe em “Agua
Viva”, diz assim: “Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do
que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. (...) À
duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa”. p.22.
Este filme comporta um
ensinamento, do quanto é valioso vivermos o tempo atual com intensidade e
verdade, usufruindo de cada momento cabível, antes de seu término. Faz-nos
pensar sobre a passagem do tempo e de que forma estamos conduzindo nossos
vínculos essenciais. Alerta para a indiferença entre as pessoas, a falta de
intimidade, o endurecimento das relações e a indisponibilidade ao outro.
Há neste sensível roteiro
alguns elementos carregados de metáforas, como por exemplo, a flor da
cerejeira, que traz a representação da feminilidade, amor, felicidade,
renovação e esperança. Esta flor já era profundamente apreciada desde os primórdios
da época dos Samurais, e referia-se à transitoriedade e efemeridade da vida,
pelo pouco tempo em que a cerejeira ficava florida. Assim sendo, a palavra
Hanami diz respeito ao ato de contemplação das cerejeiras em flor, na medida em
que o início da floração destas árvores acontece como demarcação do término do
inverno e a chegada da primavera, conduzindo à reflexão sobre a concepção do
final de um ciclo e início de outro mais fértil e luminoso.
Outra conotação
simbólica é a presença da dança típica oriental, o Butô, que surgiu no Japão
pós-guerra no final dos anos 50. Sem técnica específica e padrões
convencionais, expressa aquilo que não necessita ser previamente coreografado,
buscando a expressão verdadeira do que há no espírito do dançarino. É quase que
uma filosofia de liberdade e espontaneidade, onde os movimentos compassados
possam emergir segundo sua própria vontade.
A associação da
história com a fotografia belíssima, somada a estes aspectos de representação
abstrata, fazem de “Hanami” uma possibilidade de entrarmos em contato com nosso
mundo interno a ponto de formularmos questionamentos valiosos, tais quais:
O quanto vivemos em
automatização de sentidos e afazeres durante nossa existência, ocasionada pelo
comodismo e pelos receios que nos tomam e se estendem diariamente?
Qual é a dimensão de
nossos cuidados aos vínculos afetivos que temos?
Damo-nos o direito de
sermos criativos, inovando e recriando nosso viver?
Para pensarmos sobre
estas e tantas outras questões, neste evento do Cinema e Psicanálise teremos a
presença e os comentários de Dr. Paulo de Moraes M. Ribeiro, que é Médico,
Psicanalista, Membro Efetivo e Analista Didata da Sociedade Brasileira de
Psicanálise de Ribeirão Preto. O qual, além de seus conhecimentos e formação profissional
extensa, conta com uma sensibilidade tocante que nos envolverá.
Vamos apreciar os
presentes que a vida nos traz, e permitirmos nos embalar pela poesia de
“Cerejeiras em Flor”. Oportunidade para reflexões sobre as relações entre pais
e filhos, a passagem do tempo, a solidão, e a coragem diante da realização de
nossos sonhos. Fica aqui o meu convite: não vamos deixar que o tempo passe sem
esta chance de estarmos juntos no sábado, para um grande momento de reencontro
após este tempo de férias, diante de um filme que não é simplesmente para ser
visto, mas para ser sentido com a alma.
Ana
Regina Morandini Caldeira
Psicóloga e
Psicanalista
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