sexta-feira, 17 de abril de 2015

Cinema & Psicanálise Ribeirão Preto no Instituto Figueiredo Ferraz

Sábado dia 25/04/2015, às 14h30

Filme: “Hanami – Cerejeiras em Flor”, com comentários do Dr. Paulo de Moraes M. Ribeiro

O ingresso tem valor único R$ 25,00 por pessoas e as vagas são limitadas – inscrições na 

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Reflexões sobre o florescer das cerejeiras

Dizem que o número sete tem um caráter místico repleto de simbologia, que está presente tanto na filosofia quanto na literatura sagrada, cujo conteúdo refere-se à transformação e criação. Acreditando ou não nestes conceitos, após seu período de férias de verão, o Cinema e Psicanálise de Franca inicia o sétimo ano de existência, com a proposta de abordar tanto as reflexões quanto o sentir que a sétima arte nos traz.
É providencial o filme que será apresentado neste sábado (dia 14), o qual trará um pensar sobre a essência e o sentido que podemos estar atribuindo para nossas vidas. “Hanami: Cerejeiras em flor” é uma obra de arte em movimento. Numa co-produção da Alemanha e França, com a escolha do Japão, a terra do sol nascente, como pano de fundo de uma história com riqueza de elementos simbólicos e afetivos.
A película fala sobre a velhice, a solidão e a morte, mas refere-se principalmente à esperança de um recomeço e à ousadia diante da busca de realização dos próprios sonhos. Nossa aclamada Clarice Lispector, com toda a sensibilidade que lhe cabe em “Agua Viva”, diz assim: “Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. (...) À duração de minha existência dou uma significação oculta que me ultrapassa”. p.22.
Este filme comporta um ensinamento, do quanto é valioso vivermos o tempo atual com intensidade e verdade, usufruindo de cada momento cabível, antes de seu término. Faz-nos pensar sobre a passagem do tempo e de que forma estamos conduzindo nossos vínculos essenciais. Alerta para a indiferença entre as pessoas, a falta de intimidade, o endurecimento das relações e a indisponibilidade ao outro.
Há neste sensível roteiro alguns elementos carregados de metáforas, como por exemplo, a flor da cerejeira, que traz a representação da feminilidade, amor, felicidade, renovação e esperança. Esta flor já era profundamente apreciada desde os primórdios da época dos Samurais, e referia-se à transitoriedade e efemeridade da vida, pelo pouco tempo em que a cerejeira ficava florida. Assim sendo, a palavra Hanami diz respeito ao ato de contemplação das cerejeiras em flor, na medida em que o início da floração destas árvores acontece como demarcação do término do inverno e a chegada da primavera, conduzindo à reflexão sobre a concepção do final de um ciclo e início de outro mais fértil e luminoso.
Outra conotação simbólica é a presença da dança típica oriental, o Butô, que surgiu no Japão pós-guerra no final dos anos 50. Sem técnica específica e padrões convencionais, expressa aquilo que não necessita ser previamente coreografado, buscando a expressão verdadeira do que há no espírito do dançarino. É quase que uma filosofia de liberdade e espontaneidade, onde os movimentos compassados possam emergir segundo sua própria vontade.
A associação da história com a fotografia belíssima, somada a estes aspectos de representação abstrata, fazem de “Hanami” uma possibilidade de entrarmos em contato com nosso mundo interno a ponto de formularmos questionamentos valiosos, tais quais:
O quanto vivemos em automatização de sentidos e afazeres durante nossa existência, ocasionada pelo comodismo e pelos receios que nos tomam e se estendem diariamente?
Qual é a dimensão de nossos cuidados aos vínculos afetivos que temos?
Damo-nos o direito de sermos criativos, inovando e recriando nosso viver?
Para pensarmos sobre estas e tantas outras questões, neste evento do Cinema e Psicanálise teremos a presença e os comentários de Dr. Paulo de Moraes M. Ribeiro, que é Médico, Psicanalista, Membro Efetivo e Analista Didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto. O qual, além de seus conhecimentos e formação profissional extensa, conta com uma sensibilidade tocante que nos envolverá.
Vamos apreciar os presentes que a vida nos traz, e permitirmos nos embalar pela poesia de “Cerejeiras em Flor”. Oportunidade para reflexões sobre as relações entre pais e filhos, a passagem do tempo, a solidão, e a coragem diante da realização de nossos sonhos. Fica aqui o meu convite: não vamos deixar que o tempo passe sem esta chance de estarmos juntos no sábado, para um grande momento de reencontro após este tempo de férias, diante de um filme que não é simplesmente para ser visto, mas para ser sentido com a alma.

Ana Regina Morandini Caldeira
Psicóloga e Psicanalista

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