Resumos dos artigos
publicados no Vol. V. Nº 2 da Berggasse 19
“Humor, Verdade e
Psicanálise”
Estamos perdendo o
humor? Um breve ensaio psicanalítico sobre a complexidade do riso
Arnaldo Chuster, Rio de Janeiro
Resumo: O
autor parte da observação de um fato cotidiano registrado no saguão de um
aeroporto e faz uma pergunta: estamos perdendo o humor? Desenvolve a partir daí
uma série de reflexões sobre as facetas do humor, exemplificando com o próprio,
procurando mostrar sua complexidade e sua relação com a cultura através de
vários vértices. Finalmente, procura mostrar que, em última instância, as
manifestações de humor se referem ao complexo de Édipo.
Palavras-chave:
humor, complexidade, cultura, complexo de Édipo.
Humores: pensamentos
sonhos Uma livre adaptação do Capítulo 27 de O sonho, de W. R. Bion
Antonio Sapienza, São Paulo | Paulo de Moraes Mendonça
Ribeiro, Ribeirão Preto
Resumo: Os
autores propõem uma livre-adaptação de um trecho do livro Uma memória do
Futuro, de W. R. Bion, a fim de estimular no leitor elementos oníricos para um
exercício ativo de reflexão sobre funções psicanalíticas. Os personagens do
texto foram trabalhados para estimular associações livres - sonhos - com
objetos internos e/ou dimensões inconscientes do leitor, buscando contato
fértil com diferentes vértices de observação da realidade psíquica.
Palavras-chave:
Uma Memória do Futuro, realidade psíquica, objetos internos, dimensões mentais,
psicanálise
Reflexões sobre o humor
e a verdade no espetáculo: do que rimos nós hoje?
Eugênio Bucci, São Paulo
Resumo: A
presente conferência procura refletir sobre a relação entre o sujeito e as
ofertas dos programas humorísticos disponíveis, na vasta indústria do
entretenimento. Nesse percurso, tento estabelecer uma aproximação especulativa
entre a ideia lacaniana de “estádio do espelho” e o conceito freudiano de
unheimlich, de tal forma que o estranho e o familiar se cruzam, produzindo
choques e complementaridades. A partir daí, cenas de humorísticos e de
programas de auditório brasileiros serão lembrados e comentados.
Palavras-chave:
televisão, humor, estádio do espelho, unheimlich, riso.
Cartum e humor, ou
Lorax
Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues (LOR), Belo Horizonte
Resumo: O
humor é uma necessidade psíquica que pode ser buscada de diversas formas, entre
elas o cartum, ou desenho de humor. O humor pode ser alcançado pelos
cartunistas, ao desenharem seus cartuns, e pelos expectadores, ao contemplarem
os cartuns realizados. Alguns dos significados psicológicos e sociais do humor
são discutidos no presente texto. Apesar de populares, os cartuns são pouco
conhecidos em suas diversas especialidades que apresentam grandes diferenças no
modo de criação, no público-alvo e no seu conteúdo ideológico. O processo
relativamente misterioso da criação de um cartum é apresentado, sendo fornecido
um exemplo para ser discutido. Em conclusão, acredito que é preciso garantir
uma fonte cotidiana de humor na superação de diversas angústias.
Palavras-chave:
humor, cartum, arte.
Humor e verdade em
Friedrich Nietzsche
Oswaldo Giacoia Junior, São Paulo
Resumo: O
texto tem como propósito examinar o papel estratégico desempenhado pelo humor
na crítica de Nietzsche à metafísica e à ciência, mostrando como os efeitos do
riso e da graça podem ser armas eficientes no combate às pretensões dogmáticas
no campo do conhecimento e do agir.
Palavras-chave:
arte, metafísica, ciência, leveza, humor, gravidade.
O eco do riso: a
comédia mediterrânea na cultura ocidental
Marisa Giannecchini Gonçalves de Souza, Ribeirão Preto
Resumo: A
matriz do teatro clássico está estreitamente ligada à comédia. Em busca de
revisitá-la, em invariantes e variáveis, tece-se um caminho, do Mediterrâneo
aos autores modernos e contemporâneos, em permanente interlocução. De
Aristófanes, Plauto e Terêncio a um recorte que contempla Molière, Ariano
Suassuna e Millôr Fernandes, instala-se, para além do gênero teatral, um modo
de ler a comédia humana até o presente. Entre ecos e risos, Umberto Eco ata as
duas pontas da história e da vida.
Palavras-chave:
comédia, riso, ecos, signos do espetáculo.
Estados autistas:
desenhos do paciente, traços e formas a serem resgatados. Desenhos do analista,
recurso técnico para a interpretação gráfica
Alicia Beatriz Dorado de Lisondo, Campinas
Resumo: Neste
trabalho, foco a importância do desenho com pacientes com Transtornos Globais
no Desenvolvimento Emocional (TGD). De maneira geral, este vasto conjunto
abarca os seres que fracassaram na construção de uma noção de si próprios e do
objeto humano. O paciente pode dar forma através do grafismo a vivências
primitivas que ainda não puderam alcançar o umbral do símbolo, a narrativa
verbal e o sonho. Nos TGDs, o analista pode desenhar, além de verbalizar a
interpretação, como valioso recurso técnico. O desenho reclama (Alvarez, 1992)
e conclama a atenção numa possível atividade compartilhada. A interpretação
gráfica permite a expressão do objeto analítico e facilita novos níveis de
compreensão. A folha pode vir a ser o cenário potencial de um espaço
transicional. Num voo histórico, Freud, Klein, Winnicott e Bion são revisitados
para iluminar o sentido dos traços e formas nas suas obras. Uma vinheta clínica
ilustra a importância dos traços e formas no processo analítico.
Palavras-chave: estados autistas, linguagem gráfica,
interpretação gráfica.
Transbordando o limite:
a Verwerfung e a Verleugnung na clínica borderline
Regina Lúcia Braga Mota, Brasília
Resumo: A
partir da clínica, a autora destaca como os mecanismos da Verwerfung e da
Verleugnung aparecem tanto no discurso quanto nos actings transferenciais na
patologia borderline. O transbordamento da fronteira para a neurose, psicose e
perversão é evidenciado pelas manifestações observadas na clínica, podendo
aparecer subitamente dentro de uma sessão de análise. O estudo dos fenômenos
encontrados inclui ideias de Freud, Bion, Green e Lacan, entre outros autores.
Palavras-chave: Verwerfung; foraclusão;
Verleugnung; renegação; clínica borderline
A mulher, terra
incógnita – Considerações psicanalíticas sobre a feminilidade a partir de obras
cinematográfica e literária
Marly Terra Verdi, São José do Rio Preto
Resumo: O
presente artigo traz o filme O piano (1993) e o livro de Mia Couto Antes de
nascer o mundo (2009a), para discutir as questões do feminino. Relaciona como o
homem europeu faz ao mesmo tempo a conquista sobre outras terras e outros povos
e o domínio sobre as mulheres. Discute, do ponto de vista psicanalítico, esta
dominação e as mudanças trazidas pela conquista da liberdade feminina e como
agora ambos lutam por estabelecer uma nova forma de relação e de equilíbrio e
as dificuldades desta nova conquista.
Palavras-chave:
Psicanálise, filme O Piano, Mia
Couto, submissão feminina.
Estados de retraimento
afetivo: reflexões clínicas inspiradas em “Hugo Cabret”
Débora Agel Mellem, Franca
Resumo: Este
trabalho apresenta reflexões sobre a clínica psicanalítica, a partir da análise
do filme A invenção de Hugo Cabret. É usada como modelo a situação de seu
protagonista, um menino órfão e solitário que busca consertar um autômato, para
se pensar na técnica analítica com diversos estados de retraimento afetivo.
Seguindo as características dos personagens do filme, são abordados
funcionamentos psíquicos desde os mais precários, com aspectos de robotização e
um sentimento de inexistência, até estados nos quais na análise é despertada a
condição de simbolizar, lidar com a dor psíquica e elaborar lutos. É enfatizada
a presença do analista como um objeto vivo que usa sua intuição, firmeza e
atividade onírica.
Palavras-chave:
Hugo Cabret, clínica psicanalítica, retraimento afetivo, dor psíquica, objeto
vivo.
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