Por Cristiane Sampaio
mtb: 61431
Boa noite, pessoal!
No próximo mês de Abril, como vocês já devem
ter visto em nossa página de eventos,
a SBPRP - SociedadeBrasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto trará para um grande encontro, Marcelo Viñar. O Psicanalista e membro
titular da Associação
Psicanalítica do Uruguai –APU vem sendo conhecido no Brasil por todos
aqueles que se preocupam com a relação entre a psicanálise e o contexto
sócio-político. Pensando em proporcionar um momento de discussão sobre este
tema tão relevante para o universo da psicanálise, vamos preparar um evento
durante três dias na cidade, com diálogos exogâmicos e atividades para os
participantes.
(Acesse aqui para saber todas informações sobre
o evento!)
Marcelo vai apresentar durante o evento dois
trabalhos, com os temas: ‘Entre tradição e invenção: Algumas
encruzilhadas da Psicanálise atual’, ‘A relação entre a Clínica e a Teoria’.
Viñar tem uma vasta experiência como
psicanalista no trabalho com ex-torturados. As possibilidades da psicanálise
ser exercida em situações-limite, violência social, infância marginalizada e
infratora, xenofobia, intolerância - questões tão gritantes de
nosso mundo de hoje - são
alguns dos temas que norteiam sua reflexão.
Ele é um psicanalista uruguaio com vários
avatares. Em meio à ditadura, exilou-se em Paris, ali tendo contato com Serge Léclaire, René Major, os
Mannoni e outros. Se preparem, pois histórias e experiências que não vão
faltar! Hoje, ele trabalha com a supervisão do atendimento à infância
marginalizada e é autor de vários artigos divulgados em revistas
especializadas.
“Cada ser
humano resume um pouco a história de sua geração e de seu tempo e, talvez, mais
do que algo referido à minha própria pessoa, interesse um testemunho da geração
à qual pertenço. É certo que o ofício de psicanalista me parece muito
importante e cada vez mais atravessado pelo tempo: pela história de seu país,
de sua região, pela história do seu lugar de pertinência. E isso tem se
modificado através das décadas...
Comecei
minha vida profissional pelos idos dos anos 60 - um período tomado como
referência dos últimos discursos de utopia do século XX. É surpreendente que
hoje, ao falarmos com a geração atual, possuidora de suas próprias referências,
e à luz do que está acontecendo no mundo, nosso discurso de 40 anos atrás se
revele como um discurso muito transcendental, etnocêntrico e
auto-referido. Nele, fundávamos um novo país, um novo pensamento, uma nova
história. Estávamos, mais ou menos explicitamente, atravessados pelo mito do
novo homem e de um projeto de justiça social que desmoronou ao longo do século.
Pensava-se o mundo a partir do marxismo, da psicanálise, do catolicismo, do
judaísmo, e havia um macro-discurso que aos olhos de hoje pode parecer
nostálgico e megalomaníaco. Falava-se de uma dimensão de desejo de vida que
abarcava um projeto pessoal, grupal e coletivo de décadas, sobre o qual
tínhamos uma espécie de certeza de realização. Isso foi se arruinando,
sobretudo na América Latina, através das ditaduras militares que destruíram
todos os projetos alternativos, políticos e profissionais.
Sou filho de
alguém que imigrou da Europa na sua infância, e que era um homem do campo que
amava a terra e a produção agropecuária. Eu, por minha vez, podia escolher
entre ser um homem do campo ou seguir por onde certamente me empurrava minha
própria neurose. A figura paterna sempre funciona como um modelo de referência,
em relação ao qual se trabalha em continuidade ou em ruptura. Aquilo que
recordo como o primeiro chamado do que depois pude chamar de psicanálise era
entender por que as pessoas riam, por que as pessoas sofriam e por que as
pessoas gozavam. Isso se converteu num objeto de curiosidade, talvez porque
fosse muito enigmático o porquê das pessoas pensarem e sentirem de determinada
maneira. A noção de enigma e de curiosidade por esse enigma, do porquê das pessoas
desfrutarem do modo como o faziam, atraía-me e eu acreditava que existia um
modo possível de ler a alma humana para entender os indivíduos, os grupos e as
sociedades - com uma megalomania que aos quinze anos é muito suportável e até,
quem sabe, desejável. Então, já que a psicologia estava muito mal no meu país,
segui a carreira médica e fiz a trajetória absolutamente comum daquela época:
estudei primeiramente medicina, depois, psiquiatria...”.
Marcelo
Viñar
Gostou e quer saber mais sobre Marcelo Viñar??? Clique aqui!
Acesse aqui a página do evento, você não vai
ficar fora dessa.
Até
semana que vem! Fiquem ligados nas atualizações em nossa página do facebook e aqui no blog.
Fonte: www.uol.com.br
0 comentários:
Postar um comentário