quinta-feira, 21 de março de 2013

Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431



Olá,

Hoje, apresentamos mais um bate-papo descontraído sobre psicanálise. Esta é a terceira entrevista de uma série realizada com os palestrantes do Pré-congresso, evento que será realizado em Ribeirão Preto no dia 13 de Abril de 2013 e traz como tema “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”.

Hoje nossa convidada é a Professora de Literatura da FAAP Maria José Bottino Roma, que abordará a temática “No espelho, o ser-tão”, inspirada no texto de Guimarães Rosa. Acompanhem!


SBPRP: A escolha do tema para o próximo Congresso foi muito oportuna e relevante. Como a senhora pretende abordar  “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”?

Maria: “Diante da complexidade e da abrangência do tema, optei por abordá-lo a partir do enfoque da literatura, uma vez que o texto literário consegue, por meio do trabalho com a palavra, representar as grandes buscas e conflitos do ser humano. À medida que trilhamos o caminho proposto pelas palavras, nos deparamos com nossa humana essência e, assim, podemos nos perceber como indivíduos e também como seres inseridos no contexto que nos cerca. É um movimento com dupla direção: olhar para si e olhar para o mundo a nossa volta”.

S: 
O que levou a senhora à escolha do texto “O espelho” de Guimarães Rosa, para a elaboração de sua palestra  No espelho, o Ser-tão?

M: “O conto "O espelho", encontra-se no livro Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, obra composta por vinte e um contos. Não por acaso, posiciona-se no meio do livro. Conta a história (ou estória) de um homem que se depara com sua imagem em um espelho público e não gosta nem um pouco do que vê. Ao tentar "limpar" sua imagem, faz a grande viagem do encontro consigo mesmo, da busca de sua essência, de seu "ser-tão" interior, do " eu por detrás de mim". É uma narrativa poética, rica de imagens que nos levam a refletir sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca. Por isso considero-o importante para nos dar pistas para pensar a respeito  de nossos medos e paixões , a respeito do significado de ser e estar no mundo contemporâneo”.

S: A senhora poderia falar um pouco mais sobre as questões de identidade hoje?

M: “Pensar nas questões da identidade corresponde a responder as perguntas fundamentais: "quem sou eu?", "quem somos nós? "Não são perguntas simples.  Quando nos questionamos a respeito, precisamos pensar também no contexto histórico em que estamos inseridos. Sabemos que o mundo contemporâneo se caracteriza pelo individualismo, pelo consumismo, pelo hedonismo, pela competitividade, pelo apego às coisas materiais. Tudo isso permeado pela velocidade de nossos dias, pelo acúmulo de informação, pela indústria cultural. O ser humano dispõe hoje de uma grande quantidade de informação, no entanto, tudo se dá de forma rápida, superficial. Somos ricos em informação e pobres em experiência, em sabedoria. Diante da liquidez do mundo contemporâneo, não temos tempo para transformar a informação em conhecimento. Hoje, mais importante do que viver uma experiência e nos enriquecermos com ela, é postar nosso dia a dia no facebook, para que outros possam "curtir" ou "compartilhar"; mais importante do que conviver com as pessoas é dispor de muitos amigos nas redes sociais ou exibir fotos no instagram. Mais importante do que ler um livro é buscar o que o blog de alguém conhecido fala sobre ele. Talvez essas sejam algumas razões que fazem ser tão complexo discutir as questões da identidade hoje. Como descobrir  "o eu por detrás de mim" se precisamos parecer sempre felizes, jovens, fortes e vitoriosos?”

Com certeza uma pergunta instigante. Se você se interessou e quer saber mais sobre o tema, clique AQUI e se inscreva para o Pré-Congresso. Nos vemos lá!

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#Saiba mais sobre a palestrante


Maria José Bottino Roma - Graduação em Letras, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas; especialização em Fundamentos da leitura crítica da literatura, pela Unesp, de Araraquara; mestrado em Estudos Literários, pela Unesp, de Araraquara; professora do Colégio Faap, de Ribeirão Preto.

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