Por Cristiane
Sampaio
Mtb. 61.431
Olá,
Felizmente foram
tantas atividades na SBPRP, que somente hoje conseguimos dar continuidade a
nossa série de entrevistas com os palestrantes do Pré- Congresso, evento a ser
realizado em Ribeirão Preto no dia 13 de Abril de 2013 com o tema “Ser
contemporâneo: Medo e Paixão”. Hoje, quem gentilmente aceitou ter um
bate-papo conosco foi a Analista Didata e docente na SBPSP, Marion Minerbo.
Ele deve abordar a temática “Ser e o Sofrer, hoje” durante o evento.
Acompanhe, foi uma conversa instigante e enriquecedora!
SBPRP: Como a senhora pretende abordar o tema central do evento “Ser contemporâneo: Medo e Paixão”?
Marion: “Pretendo começar
comparando dois momentos da civilização ocidental, modernidade e
pós-modernidade, mostrando como em cada época há uma forma mais comum de ser, e
também uma forma de sofrer que já vem, por assim dizer, “embutida” nela – como
num pacote. Cada época tem suas vantagens com relação a outras, mas também suas
desvantagens, ou seja, há paixão e há medo. Em seguida vou me concentrar nas
“desvantagens” de ser contemporâneo e nas formas de sofrimento que isso gera.
Acredito que será de interesse entender qual a relação entre sintomas tão
diferentes como a compulsão a comprar, o tedio que leva tantas pessoas a
procurarem algum “antídoto”, ou a violência aparentemente gratuita, e o mundo
contemporâneo”.
S: Já o tema escolhido pela senhora foi “Ser e o Sofrer, hoje”.
O ser humano mudou? Sua forma de sofrimento mudou?
M: “O que
muda no ser humano é sua forma de ler e de interpretar a realidade, e de reagir
a essa leitura. Ou seja, ele muda naquilo que depende dos sistemas simbólicos, isto
é, das instituições, da linguagem, da cultura em nível macro e micro (como a
família) no seio da qual ele se constitui. Quando as instituições estão em
crise, como hoje, aumenta a dificuldade de dar sentido aos fatos da vida, de
criar e ir atrás de um projeto de vida. As pessoas ficam à deriva, perdidas”.
S: Por meio de um olhar psicanalítico, conseguimos ter alguma ideia
sobre as futuras evoluções dessas mudanças?
M: “A
Psicanálise precisaria se aliar à História, Sociologia e Antropologia para
entender melhor essas evoluções. Mas eu arriscaria dizer que as culturas oscilam
entre momentos em que as instituições estão mais fortalecidas, e momentos em
que estão em crise. Em algum momento, a crise atual vai dar lugar a novas
formas instituídas, elas vão se fortalecer, depois vão se enrijecer, depois vão
caducar e “morrer”, isto é, se desnaturar, ficar desacreditadas e entrar em
crise novamente. Mas não sei dizer quanto tempo esse ciclo pode durar”.
E aí gostou? Tenho certeza que sim. Então aproveite, pois
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#Saiba mais sobre a palestrante
Marion Minerbo - Analista didata e docente da SBPSP. Doutora
pela UNIFESP. Autora de dezenas de artigos em revistas nacionais e
internacionais, e dos livros “Neurose e Não Neurose”, e de “Transferência e
Contratransferência”, ambos pela Casa do Psicólogo.
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