''O grito'', de Edvard Munch. |
Em nossas publicações
anteriores, refletimos sobre questões relativas à contemporaneidade, ao
sofrimento psíquico, aos mitos, todos vinculados ao tema de nosso Evento Preparatório para o Congresso Brasileiro de Psicanálise Ser contemporâneo: medo e
paixão.
Mas então, e o medo?
Sentimento tão conhecido por todos nós,
intrínseco a condição humana, que nos paralisa, mas por vezes nos protege. Medos
vindos de fora, vividos na noite escura e medos vindos de dentro, dos escuros
de nossa mente.
Existem medos universais, atemporais, como o
medo da morte, que nos une enquanto seres humanos. Em contrapartida, vemos os
medos datados, os medos existentes em cada cultura, medos passados de
gerações a gerações. Medos presentes e medos futuros.
Infinitos medos. Poderíamos pensar em
uma raiz única para o medo?
A psicanálise vem em nosso auxílio nos falar
do medo enquanto reação ao desamparo primordial:
“Mas, então, o que é que começa quando a
criança vem ao mundo? O que é isso senão a vida? O que começa é
o medo. O medo e a criança nascem juntos. E nunca se deixarão”.
Medos. Antigos espaços de nossas mentes,
restaurados, revisitados, releituras contemporâneas do medo.
Marilena Chauí em seu texto "Sobre o
medo" (1987), nos diz:
Temos medo da culpa e do castigo, do perigo e
da covardia, do que fizemos e do que deixamos de fazer, dos medrosos e dos sem-medo,
das alamedas e dos becos onde “até a canção medrosa / se parte,
se transe e cale-se” (apud, Drummond de Andrade).
Ao nos aproximarmos mais verdadeiramente
de nossos medos e de nossas paixões, nos aproximamos mais de nós mesmos. Essa
é a grande paixão da psicanálise: a busca da verdade. Nunca uma verdade
única, mas a verdade de cada um, a verdade que nos desvela e que
nos torna únicos.
Cristiana Del
Guerra Prota Crippa
Membro filiado da SBPRP
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