“O SEGREDO DOS SEUS OLHOS”
Olá,
Hoje
viemos convidá-los para a próxima sessão de Cinema & Psicanálise. O filme
escolhido para abrirmos o projeto neste segundo semestre foi “O segredo dos
seus olhos”, do famoso diretor argentino Juan José Campanella. A exibição
acontece neste domingo (15/09) às 15 horas, no SESC Ribeirão Preto.
A
nosso convite a Psicóloga e Membro filiado da SBPRP, Sônia Maria de Godoy, que também será comentarista após a sessão,
preparou uma síntese sobre o filme. Confira!
“Não vês que o olho abraça a beleza do mundo inteiro?[...] é a janela do corpo humano, por onde a alma especula e frui a beleza do mundo, aceitando a prisão do corpo que, sem esse poder, seria um tormento.” Leonardo da Vinci
“Pai, me ajuda a ver o mar?” conta Eduardo Galeano,
no conto de um menino surpreso diante da grandeza que via à sua frente. Como no
filme argentino “O Segredo dos seus olhos” parece pedir Benjamin Espósito,
diante de Irene Hastings. Ele se assemelha ao menino que diante de sentimentos
intensos pede auxílio para algo que não sabe nem compreender, nem expressar. Sentimentos
que transbordam quando se encontra com ela e de tão avassaladores lhe fazem
perder as palavras. Ele vive um caso de amor
silenciosamente, enquanto investiga um brutal assassinato na Argentina de 1974,
em plena época de ditadura e perseguições políticas. Sofre ameaças de morte, e
por esta razão se ausenta por vinte e cinco anos, quando então volta à Buenos
Aires à procura da mulher amada para dizer-lhe que decidiu escrever um romance
sobre o “caso Morales”. Busca inconscientemente a escrita, como um meio de se
aproximar de seus sentimentos e torná-los claros para si mesmo. Olhar e ver e
então compreender o que vimos e, além disto, discriminar o que sentimos ao ver
é algo complexo, pois demanda a construção de sentido para o que entrou por
nossos olhos alcançando nossas emoções.
Este filme é
baseado em um conto escrito por Eduardo Sachieri chamado “A pergunta de seus olhos”. Foi
brilhantemente dirigido por Juan José Campanella, e ganhou o Oscar de filme
estrangeiro de 2010. O filme começa com a cena sobre a despedida de Benjamin e
Irene numa estação ferroviária, enquanto a música linda de fundo nos traz a
emoção do casal enamorado inconformado com a despedida. Ele dentro do trem que
parte, ela correndo atrás, “com as mãos na janela sobre as dele, como que
desejando fundirem-se numa só pessoa”, conforme diz Irene mais tarde. A
despedida impactante logo no início nos faz pensar num amor frustrado, que
descobrimos em seguida, fazer parte do romance escrito por Benjamin, parte de
suas memórias. O filme através de “flash backs” nos envolve e faz acompanhar
duas realidades: o passado onde o início do relacionamento, o crime e os
conflitos nos são apresentados, e o presente, no momento em que já aposentado,
Benjamin retoma seu contato com Irene.
Para Benjamin Espósito torna-se algo bastante complexo
dar significado aos afetos desencadeados
a partir de um simples olhar trocado com Irene. Seu segredo fica desconhecido,
escondido até mesmo dele, que olha e sente algo, mas não consegue definir,
fazer ligações entre o que viu e o que sentiu. O seu temor permanece maior do
que seu amor.
Para todos nós experimentar
este sentimento é sentir dependência do outro, sentir sua ausência, esperar
pela alegria de sua presença. Tornamos-nos dependentes da realidade desta outra
pessoa, de suas possibilidades e impossibilidades.
No entanto, ao realizar o desejo de preencher com o
romance que escreve alguma coisa que lhe escapa a partir das revelações sobre o
“caso Morales”, a revelação sobre a vida de Morales, a descoberta sobre a
transformação que nele ocorre pela perda de Liliana –seu grande amor- mobiliza
em Benjamin a verdade sobre seus próprios sentimentos. Suas reflexões sobre um
passado desconectado pela ausência de ligações, encontra sílabas, palavras que
se entrelaçam aos seus sentimentos e os descreve, dando-lhes significados.
Assim sua coragem transforma TE...MO em TE AMO.
Sônia
Maria de Godoy
E aí, gostou?
Então, confirme AQUI a sua presença na sessão de domingo.
Nos vemos lá!
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