Venha participar de mais um Terças na Sociedade no dia 04/10.
Local: Rua Ércole Verri, 230 - Jd. Ana Maria - Ribeirão Preto.
Telefone: (16) 3623-7585
Inscrições gratuitas pelo e-mail sbprp.tercas@gmail.com (Vagas Limitadas).
Envelhecer...
M. Lucimar F.
Paiva Defino
...“O
corpo, na velhice, é o lugar privilegiado de desilusão narcísica, prometido à
decadência; é palco do adoecer, empurrando o sujeito para o desafio de manter a
aposta na vida”. (Rosa, 2014)
... (o bicho que
somos) “que decide que é chegado o momento de começarmos a desligar-nos os
sentidos e decide como e quando devemos padecer de que tipo de dor ou loucura”.
(Mãe,V. H. 2016)
A iminência de tornar-se
alguma coisa que ainda não somos, ou que ainda não nos damos conta de que estamos
sendo, tem um lado impactante, e, não raro, assustador. As transformações,
mesmo as mais desejáveis e que nos trazem um ganho estético, ainda assim trazem
seus momentos difíceis, pelo ser “estranho” que se apresenta. Os sentimentos
angustiosos daí derivados podem se aconchegar em espaços mentais de obstruções
ou refúgios, e podem ser vividos como possibilidades confortáveis, destituídos
de sua função e de seu nome próprio, que é negado.
O envelhecer, longe do
glamour das transformações esperadas, desejáveis, não fica isento da negação
das alternativas ao vazio que se instaura a partir das perdas crescentes
(amores, capacidades, importância para outros), características da experiência
do envelhecimento. Essa situação incita ao retraimento dos investimentos, ao aparente
egoísmo e desinteresse em relação ao que não se refere às memórias, desejos e
necessidades imediatas da pessoa que envelhece.
De outro modo, resultante
de processos igualmente denegativos, há a possibilidade de permanência de um
estado que alguns denominam de “envelhescência”, considerado um período entre a
idade adulta e a velhice, equivalente ao da adolescência como período
interposto entre a infância e a idade adulta. A tentativa, no nosso mundo
contemporâneo, de amenizar os encargos da velhice, as perdas e sofrimentos de
toda ordem, confirma a necessidade de “ignorar a morte como parte integrante da
vida”, como sentia Freud, em suas “Reflexões para os tempos de guerra e morte”
(1915). A grande ênfase na preservação da juventude física conspira ainda mais
em favor de processos que exercem a função de um trabalho não estruturante do
negativo, como destacam alguns (Rosa, 2014).
Nesse encontro,
pretendo conversar sobre possibilidades para o envelhecimento que se situam entre
a permanência de um estado de recolhimento e desinvestimento objetal, e a
negação do “estranho” que nos surpreende.
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