O
MENINO QUE PERDEU A LUZ DOS OLHOS
RESUMO:
Neste trabalho, a autora propõe algumas ideias e reflexões a respeito da
construção da linguagem e do estabelecimento do diálogo na sessão analítica.
Partindo da experiência clínica com uma
criança, que logo após sofrer a perda total da visão, foi estabelecida entre
ela e sua mãe, uma relação de simbiose psicótica. Nesta relação, mãe e filho
mantinham-se colados um no outro, sofrendo juntos uma fratura quanto a
capacidade de estabelecer um contato com a realidade interna e externa.
Nos primeiros meses, atendendo a
solicitação da mãe, ela entrava com seu filho no colo, sentavam na poltrona, e
lá permaneciam paralisados, silenciosos, sem que qualquer atitude da analista
provocasse algo diferente no campo analítico.
A autora sugere que a função paterna
exercida pela analista, aliada a atividade do Brincar, possa favorecer o
resgate desta relação aprisionante. Esta aliança promove o trânsito entre a
realidade e a ficção, permitindo a busca por novas representações e
significados. e consequentemente a conquista do diálogo.
A partir desta vivência, uma nova
relação entre mãe-criança-analista foi estabelecida. Uma pequena fresta de luz
se acendeu para iluminar o olhar desta criança para explorar a realidade
interna e externa. A dosagem de luminosidade faz-se necessária, e exige fé,
paciência afetiva e confiança.
Referências
Bion,W.R (1970). Realidade sensorial e
psíquica. In W.R.Bion, Atenção e Interpretação, Rio de Janeiro: Imago.
Briton, R (1998). Devaneio, fantasia e
ficção. In Ronald Briton, Crença e Imaginação, Rio de Janeiro: Imago.
Fernanda Sivaldi
Roberti Passalacqua
Membro efetivo
da SBPRP
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