segunda-feira, 21 de dezembro de 2015


terça-feira, 15 de dezembro de 2015


Estamos em plena era tecnológica. Os botões, fios, entradas USB, carregadores, jogos virtuais, touch screen, WhatsApp, Facebook  e tantos outros APPs e recursos que surgem a cada semana, vieram e instalaram-se em nossas vidas como alimentos do dia-a-dia. No momento em que o mundo parece caminhar para um novo paradigma de relações, como nos posicionarmos? Como a Psicanálise se insere, participa e apreende os rumos da humanidade em sua presente experiência de resvalar o sentido das coisas, de tangenciar o contato, de tornar descartável e ligeiras as relações? A tecnologia alcançou tamanho poder em nosso tempo que quase podemos pensar que nos comanda... Celulares, computadores, Skype, redes sociais, tablets... em uma velocidade alucinante o mundo se transforma: seguir as mudanças é inevitável? Para onde iremos? Qual a dimensão que se estabelecerá na mente, no futuro??? O tempo/espaço sofre intensas e rápidas transformações: de configuração necessária para se estabelecer o campo da formação e desenvolvimento da mente humana parece deslocar-se para a linha etérea que propõe o “quase nada”; quando se viu, já foi !!!

Por outro lado, a tecnologia aproxima, permite reaver o tempo passado em forma de  emoções novas e esperançosas. Torna-se entretenimento e fonte de motivação para situações extremas de solidão e desamparo: o  amigo virtual de qualquer momento! O conhecimento se expande e se torna acessível. O mundo adquire uma nova e chocante dimensão! O desenvolvimento, as descobertas e avanços na área das ciências, artes e humanidades é inquestionável.

A mão dupla da tecnologia é um fato: acrescenta e desconstrói.

A Psicanálise, como partícipe/ construtora da Cultura e da vida Social, não pode ignorar o momento atual. Está mais do que na hora de discutirmos nossa atualidade virtual e os caminhos possíveis para a continuidade do caminhar humano.

Assim, a TECNOLOGIA, em todos os seus aspectos, foi o tema escolhido para a próxima IV Bienal de Psicanálise e Cultura, em 2016!

Convidamos a todos os interessados a estarem conosco nestes momentos de aprofundamento e exploração das vicissitudes da relação HOMEM-TECNOLOGIA. Novos e antigos participantes, profissionais, estudantes, artistas e pensadores, todos aqueles que, a sua maneira, têm buscado compreensão para esta intrigante passagem nossa pela Vida! Mesas redondas, plenárias, cursos e bate-papos informais estão sendo preparados com o cuidado e seriedade que já são tradicionais nos eventos promovidos pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto. Será um prazer recebê-lo!

Um grande abraço a todos,

Silvana Vassimon

Diretora Científica da SBPRP

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015


VOCÊ, OS VIVOS - Direção: Roy Andersson- Produção: Suécia/Alemanha/França/Dinamarca/Noruega-
60 Festival de Cinema Internacional- Cultura Mostra Seleção Oficial de Cannes

Vocês, os Vivos rompe com a estrutura narrativa clássica para contar sua história por meio de um mosaico de acontecimentos, composto por uma série de quadros que ilustram situações humanas.

Por 94 minutos, acompanhamos mais de 50 vinhetas, quase todas apresentadas em planos-seqüência, sem cortes, com monólogos e diálogos obscuros e, muitas vezes, perturbadores. Tudo minuciosamente coordenado e enquadrado com uma câmera fixa, quase sempre a partir de um plano levemente elevado, nos forçando a olhar a cena não só no primeiro plano que acontece a ação, mas também por trás de uma riqueza de detalhes, em uma aparente banalidade.

Acompanhadas de humor e música, situações de enganos e desencontros são apresentadas sem que necessitem qualquer relação direta entre si, unidas pela ocorrência no próprio espaço. Cada vinheta sustenta-se sozinha, mas, aos poucos, algumas narrativas começam a surgir, apesar de desnecessárias: o essencial é o que o diretor denomina de trivialismo - pequenas ocorrências que pontuam a tragicomédia humana.

As historietas vão montando um painel da cotidianidade urbana. A genialidade está em tratar sobre a humanidade , sem  ostentação. Perspicazmente, ela  é convidada a encenar o filme, em um movimento de pequenas cenas do dia-a-dia. Não é esse comum que compõe a nossa vida? A simplicidade apresentada remete a uma sofisticada apreensão da nossa existência.

Os personagens que cruzam o filme, dos mais comuns aos mais bizarros, trazem um aspecto solitário. Eles se apresentam empalidecidos por peculiar maquiagem e ocupam seus mundos parecendo mortos-vivos, vagando pelos cantos, arriscando desde questões da sobrevivência diária até indagações filosóficas na tentativa de alcançar algum sentido. Eles revelam muitos elementos que compõem a complexidade de existir.

Ao assistir o filme transitamos entre espectadores e protagonistas em uma flutuante condição de observar e de sermos vistos. Vocês, os vivos: Um convite para pensarmos sobre a preciosa e precária condição humana.

Roy Andersson, o diretor, nasceu em 1943 na Suécia. Em 1960, resolveu tornar-se cineasta e teve Ingmar Bergman como orientador.

Realizou seu primeiro filme Uma história de amor sueca (1969), longa metragem premiado.  Enfrentou o fracasso comercial e de crítica, de Giliap (1975).

Posteriormente, dedicou-se ao mundo dos comerciais. Com o sucesso na carreira da publicidade fundou sua produtora e seu estúdio, o Studio 24, onde desenvolveu um estilo próprio de fazer comerciais, em geral de longa gestação e apuro visual.

Após anos, volta à cena com a trilogia sobre a existência: Canções do segundo andar (2000), Vocês, os vivos (2007) e  Um pombo pousou no galho refletindo sobre a existência (2015), filmes premiados e aclamados em todo mundo.

Renata Sarti – SBPRP.


Cinema e Psicanálise de Franca
Artigo para o Caderno de Artes do Jornal Comércio da Franca sobre o filme “VOCÊS, OS VIVOS”

O que dizer da incomunicabilidade de dois amantes entrelaçados numa forma de prazer sensorial que os acalma, enquanto se envolvem emocionalmente consigo mesmos?
O que pensar da solidão desesperada de uma jovem adolescente que precisa urgentemente se sentir amada por um belo músico, enquanto ele se volta para suas necessidades de sucesso?
E da angústia com que alguém acorda de manhã após ter tido um sonho no qual foi condenado à morte por ter desafiado séculos de tradição e velhos hábitos?
E como falar do desamparo de quem trabalha todos os dias junto a companheiros que estão emparedados e surdos para uma forma mais pessoal de convivência? Ou do choro de quem não pode compartilhar no trabalho o que acabou de viver no lar?
Estas e outras questões corriqueiras de nosso cotidiano poderão ser refletidas por aqueles que comparecerem à próxima sessão de “Cinema e Psicanálise de Franca”, no dia 14 de novembro, quando será apresentado o filme “Vocês, os vivos”, do diretor sueco Roy Andersson e que faz parte da Mostra Internacional de Cinema da Cultura. Para comentá-lo convidamos a psicanalista da SBPRP e psicóloga, Renata Sarti.
O filme mostra situações triviais do dia a dia com suas realidades estranhas, ainda que familiares. Cada uma delas nos expõe ao impacto da experiência que revela um paradoxo da condição humana – estar vivo é uma necessidade humana bem mais complexa do que aparenta ser, pois não basta ter todas as funções vitais perfeitas ou apenas parecer vivo.
Neste filme, os personagens mostram os mal-entendidos que surgem quando se encontram ou ficam juntos, mas não conseguem se comunicar. Se sentem abandonados, isolados, traídos, esquecidos, descartados, ao serem privados da atmosfera afetiva que une, comunica e humaniza.
A arte e a psicanálise contemporâneas vêm explorando e investigando os processos de vitalização e desvitalização dos modos humanos de ser e estar no mundo.
E não seria esta a razão de haver tantos filmes e seriados atuais sobre zumbis que contagiam ou devoram os vivos, ameaçando a humanidade inteira de se tornar uma população de mortos-vivos?
            Portanto, acredito que o diretor sueco esteja sintonizado com este fenômeno humano e, através do filme, propõe uma reflexão essencial através de cenas condensadas e estilizadas sobre a automatização das relações humanas numa sociedade cada vez mais apta a sobreviver e com recursos sofisticados para ter vida longa.   
A solidão e a comunicação são duas partes vitais e complementares da personalidade humana – dois momentos do mesmo e comovente fenômeno humano que é o “estar vivo”.
Uma comunicação viva pressupõe haver uma rica capacidade de se estar consigo mesmo e assim promover intimidade com privacidade. Quando alguém tenta se agarrar a apenas um lado deste fenômeno, solidão se torna isolamento e comunicação gera transparência e dependência excessivas.
A psicanálise atual ampliou seu eixo principal de tornar consciente o inconsciente para o da construção de vivências capazes de captar vida em áreas inacessíveis da mente, ampliando a capacidade de se experimentar emoções vivas de qualquer natureza e poder sustentá-las através do pensamento, para que o ser humano possa ter contato e se apropriar daquilo que tem de mais vivo e verdadeiro.  Sendo assim, transmitir o sentido da experiência humana viva é nosso maior desafio e tarefa de contínuo esforço e coragem.
Pela complexidade inerente à vida e ao ser humano, ao tomar o cinema como fonte de matéria prima semelhante àquela do inconsciente, a Psicanálise não lhe subtrai o seu caráter de estranheza, mas adentra seus mistérios respeitando suas impenetrâncias. Poderemos, desta forma, tentar extrair do próximo filme, tão instigante, observações sobre as forças de vida e de anti-vida que nascem de toda relação humana, principalmente quando não as conhecemos e nos acomodamos àquelas de mais fácil trato.
Em novembro comemoramos 7 anos de vida do “Cinema e Psicanálise” junto aos francanos, o que nos enche de alegria e honra, pois este ninho foi construído criativamente em nossa cidade, com o clima caloroso de casa cheia e debate intenso na maioria das sessões, o que define a riqueza incomparável do trabalho revitalizante que temos realizado juntos.
Venha celebrar conosco mais um ano desta feliz parceria e conversar sobre “Nós, os vivos”!

Data e local: 14/11/15 às 15 hs,
Na Sede Campestre do Centro Médico de Franca


Ana Márcia Vasconcelos de Paula Rodrigues
Psicanalista da Sociedade Bras. de Psicanálise de RP e psiquiatra.
anamarciavpr@uol.com.br

quinta-feira, 26 de novembro de 2015


A bienal da SBPRP promete ser bastante interessante! Está sendo preparado pela comissão científica vários temas. Acompanhem o programa confirmado até o momento.

 Mesas e Cursos/Bienal 2016:

Psicanálise e Tecnologia
Diálogos possíveis

Sexta (20/5/2016):
Mesa 1 (sexta-feira, 8h00min às 10h00min) Palestras:
Ambientes digitais e imagens, presença ou abstração? (Prof. Dr. Norval Baitello Junior – área de comunicação e artes PUC-SP e Dra. Anette Blaya Luz – psicanalista da SPPA)

Mesa 2 (sexta-feira,10h30min às 12h30min) Palestras:
O aprender com a experiência: repensando as funções do homem e das ferramentas (Prof. Dr. José Armando Valente- área de comunicação e educação- UNICAMP e Sra. Jassanan Amoroso Dias Pastore – psicanalista da SBPSP)

Cursos A e B: (sexta-feira, 12h45min às 13h50min):

Curso A: A experiência do tempo à luz da fotografia contemporânea: Sr.Feco Hamburger-fotógrafo /artista (São Paulo).
Curso B: Ampliações do Mito de Édipo: Dr. Júlio César Conte-médico, teatrólogo, psicanalista-(Porto Alegre)

Mesa 3 (sexta-feira,14h00min às 16h00min)   
Linguagem e narrativa em tempos de WhatsApp (Sr. Marcelino Freire- escritor-– São Paulo e Sra.Vera Lucia Colussi Lamanno Adamo- psicanalista da SBPSP e do Grupo de Psicanálise de Campinas)

Mesa 4 (sexta-feira,16h30min às 18h00min) Palestras:
Espaço compartilhado: troca informal de ideias, sobre o mundo virtual/digital, do público com psicanalistas da SBPRP e de outras sociedades.


 Sábado (21/5/2016):
Mesa 5 (sábado, 8h00min às 10h00min) Palestras:
Na rede, novas configurações das relações humanas (Prof. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda- socióloga- USP-SP- e Sra. Elsa Vera Kunze Post Susemihl- psicanalista da SBPSP)

Mesa 6 (sábado, 10h30min às 12h30min) Conferência:
Pensamento e ética na contemporaneidade: perspectivas do humano no limiar entre o animal e a máquina (Profa. Dra. Aléxia Cruz Bretas- filósofa- Universidade Federal do ABC)
Cursos A e B (sábado, 12h45min às 13h50min): continuidade e finalização (Sr. Feco Hamburger e Dr. Júlio César Conte)

Mesa 7 (sábado, 14h:00min às 16h:00min)  Palestras:
 Tecnologia em cena: destinos da estética ( Sr. Feco Hamburger –São Paulo)

Mesa 8 (sábado, 16h30min às 18h30min) Palestras:
Cultura no ambiente tecnológico (Dr. Júlio Cesar Conte –Porto Alegre- e Prof. Dr. Reinaldo Furlan – filósofo, Ribeirão Preto- FFCLRP-USP)

Atividade de Encerramento: 18h30min. 

terça-feira, 24 de novembro de 2015



A escolha do filme " Basquiat- traços de uma vida " surgiu a partir de algumas reflexões :
- Jean Michel Basquiat foi um dos grandes representantes da arte contemporânea, cujos grafites nas paredes e muros de Nova York conquistaram o respeito da crítica e o lançaram no mundo das artes. Desde cedo foi influenciado pela mãe Matilde a desenhar, pintar e participar de atividades artísticas. Basquiat revela seu talento com o apoio do artista plástico Andy Warhol, tido como o rei da Pop-Art e a partir daí tem uma ascensão meteórica até sua morte prematura aos 27 anos de idade.
- Sua trajetória nos leva a questionar por que tantos artistas encontram a loucura ou a morte violenta e traumática tão jovens.

Dra. Mércia Maranhão Fagundes -  SBPRP.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

SBPRP
Convida para o filme:

Basquiat
 

Comentários de Mércia Maranhão Fagundes, Médica, Membro Efetivo e Analista Didata da SBPRP e de Dante Veloni, Artista Plástico e Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela FAU – USP.




28 de Novembro de 2015 - sábado às 14h30.

Local: Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) 
Rua Maestro Inácio Stábile, 200
Evento aberto ao público em geral

Inscrições Antecipadas devido a VAGAS LIMITADAS, pelo email: 

Será fornecido certificado para os interessados

Mais informações pelo fone: 3623-7585

sexta-feira, 13 de novembro de 2015


quarta-feira, 11 de novembro de 2015




IV BIENAL de PSICANÁLISE e CULTURA - 2016



            A  SBPRP estará realizando no período de 19 a 21 de maio de 2016, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, a sua IV Bienal de Psicanálise e Cultura, cujo tema será Psicanálise e Tecnologia. Diálogos Possíveis.
            Nas edições anteriores contamos com a presença de aproximadamente 500       pessoas das mais diversas áreas das quais destacamos: psicólogos, psicanalistas, médicos, jornalistas, acadêmicos, artistas e pessoas interessadas em cultura de modo geral, de Ribeirão Preto e região. Como o tema deste ano é Psicanálise e Tecnologia esperamos abranger também um público ligado à tecnologia, marketing, arquitetura, entre outros.
            A Bienal tem sido um espaço de difusão, debate e produção de novos conhecimentos que tem contribuído para a compreensão da complexidade do mundo contemporâneo.
             Esta bienal promete ser muito interessante, teremos palestrantes do mais alto-nível, entre outras atrações, que certamente propiciará um encontro muito fértil e criativo.



Comissão organizadora SBPRP

terça-feira, 10 de novembro de 2015




É essa semana!! Não percam!!
O Grupo de Estudos de Casal e Família da SBPRP ,está cuidando para que a Segunda Jornada de Casal e Família seja saborosa e aconchegante,como um Encontro em Família!!
As vagas já foram encerradas. Estamos com a casa cheia!!

Aguardamos vocês nos dias 13 e 14 de novembro de 2015,na sede da SBPRP .
Para este Evento receberemos o Dr Rodolfo Moguillansky:
-Psiquiatra e Psicanalista, formado pelo Instituto de Psicanálise de Buenos Aires    
(FEPAL e IPA) .
-Fundador e primeiro coordenador da Área de Família da APdeBA.
-Professor Titular do Instituto de Psicanálise de APdeBA.
-Autor de inúmeros livros e artigos sobre o tema. Participa ativamente como palestrante
 em Congressos nacionais e internacionais.

Comissão Organizadora:
Adriana Navarrete Bianchi
Arlindo Gomes Silveira
Carla Bellodi
Cristiana Prota
Denise Lea Moratelli
Maria Roseli P Galvani
Marta D Sotelino
Raquel Siminati


quinta-feira, 5 de novembro de 2015




“Interlocuções entre a psicanálise e a literatura”

            Freud foi um leitor ávido de romances e um fértil escritor. Em “Estudos sobre a Histeria” afirmava: “...e ainda me surpreende que os históricos de casos que escrevo pareçam contos e que, como se poderia dizer, eles se ressintam do ar de seriedade da ciência” (Freud, 1895, p. 209). Podemos pensar que a psicanálise tem uma dívida para com a literatura, que aponta caminhos para aqueles interessados nos mistérios da alma humana, na sua infinita combinação de personagens e situações emocionais narradas.
            Há autores que utilizam textos literários para estimular experiências emocionais nos participantes de um grupo de estudos, propondo que essas vivências e sua discussão implicam um aumento da capacidade para reconhecer e interpretar estados afetivos e expandir o espaço mental em extensão e profundidade.
            Bion (Bion,2005) afirma que não existe linguagem apropriada para o domínio do campo denominado mente, caráter ou personalidade, a despeito da existência do mesmo. Afirma que, dado esse problema, nossas “descrições do campo mental facilmente se desgastam como uma faca que perde o fio ou uma moeda sem lastro” (Bion, 2005, p. 2). Propõe que a criação de teorias, arte e religião nos auxiliam a suportar nossa ignorância e preencher vazios quando nos sentimos perdidos e terrivelmente aterrorizados, como o neurótico preenche lacunas de suas mentes com narrativas fantasiosas. Segundo Bion, há esperança que a psicanálise e a literatura, de alguma maneira, se refiram à realidade.
No Semeando a Psicanálise do dia 10 de novembro de2015, seguindo Freud e autores contemporâneos como Bion e Ogden, faremos um passeio pela interface entre a psicanálise e a literatura, procurando uma forma de falar sobre os conteúdos de um trabalho analítico que escape dos jargões e enriqueça o trabalho de contato com narrativas de emoções.

Dr. Alexandre Martins de Mello – SBPRP.

terça-feira, 27 de outubro de 2015



                 Resenha “Patch Adams – o amor é contagioso”


Escrita por: Fátima M. Cassis R. Santos- Médica e Psicanalista-Membro Associado da S.B.P.R.P.
Publicado no Caderno Nossas Letras do Jornal Comércio da Franca no dia 17/10/2015.




         O filme “Patch Adams – o amor é contagioso” trouxe à memória uma passagem em minha vida de estudante de medicina que muito me marcou. Meu grupo e o professor estávamos “correndo os leitos” quando paramos em um paciente e o professor disse: este é um suicida, ingeriu soda caustica e começou a descrever o quadro clínico do paciente. Olhei para o paciente e vi um fio de lágrima escorrendo em sua face que expressava uma imensa dor. Fiquei impactada com a cena gélida. Após a visita, senti uma imensa necessidade de conversar com ele, de saber o que estava acontecendo, como se sentia. Foi para mim um grande aprendizado de como não abordar pessoas que estão sentindo dores, sejam estas de qualquer natureza.  Este e outros episódios são comuns em escolas de medicina em todo o mundo. Prioriza-se a doença, e não o doente. Divide-se o corpo e a mente. Ver o paciente como ser humano, com uma história  torna mais complexo nosso olhar e nos faz perceber o quanto estamos no escuro, no mistério do que nos acontece.
         Em entrevista no Roda Viva da TV Cultura em 04/09/2007, Patch Adams diz que a cada ano fica mais humilde quanto ao conceito de cura. Acrescenta que seu trabalho não é curar e sim cuidar. Diz que seu objetivo, quando vai a um hospital é ter um relacionamento com o doente, não curar e nem sabe se vai ajudar.  Ele diz: “ olhos nos olhos, olhos de amor”.
         Do vértice psicanalítico, também nos baseamos nas relações intersubjetivas, amorosas, cuidadoras, principalmente para criar junto a pessoa que estamos acompanhando, um ambiente em que possa haver desenvolvimento emocional para se viver com mais recursos, com mais criatividade.
         Baseado em fatos reais, e inspirado no livro “Gesundheit! Good health is a laughter matter” de autoria do próprio Patch Adams e Maureen Mylander,  com direção de Tom Shadyac, este filme de 1998, conta parte da vida de Patch Adams (vivido por Robin Willians).
         Aos 40 anos, após sua terceira tentativa de suicídio, interna-se por conta própria, em um hospital psiquiátrico. Sentia-se totalmente desamparado na vida, após perder o pai na guerra aos 16 anos, um tio muito querido e uma namorada. Ao entrar em contato com sua dor,  inicia  um canal de comunicação com os internos deste hospital psiquiátrico, adentrando o mundo psíquico caótico de muitos deles. Decide sair do hospital sem alta médica e cursar Medicina. Havia achado criativamente um caminho para si! 
         Sempre questionador e pensante, se revolta com a prática médica que vive durante sua formação médica nos anos 60. Questiona a “corrida de leitos” sem ao menos saber o nome do paciente, a arrogância e a onipotência da postura médica.
         Inicialmente, é rejeitado por muitos colegas, afoitos que estão em se travestirem de médicos, já no primeiro ano do curso. Aos poucos suas ideias, seu humor, seus sentimentos de alegria e esperança vão conquistando seus pares. Se apaixona pela colega de sala Carin Fisher (Mônica Potter) e aos poucos vai conquistando seu coração.
         Tem sede de contato humano com quem está sofrendo, e começa a frequentar o hospital-escola desde o início do curso. Sua sensibilidade o leva a enxergar a tristeza, a desesperança no olhar de quem está doente. Quer amenizar dores e criativamente se veste de palhaço, faz coisas engraçadas para trazer alegria, mas principalmente amor  a quem não os sente.
         Em entrevista a revista Veja de 25/02/2004, na secção Páginas Amarelas, Adams defende sentimentos como humor, compaixão, alegria e esperança no tratamento de pacientes e diz que o medo dos médicos em  cometer erros destrói a relação médico-paciente. Diz ainda, a própria sociedade ajuda o médico a se colocar em uma posição de muita onipotência, como um Deus, e  toda a responsabilidade de sua cura permanece em suas mãos. No seu entendimento, o paciente é mais responsável pela própria recuperação do que o médico que o está tratando. Muitas vezes, continua,  a solução está em casa, nos pequenos hábitos do dia a dia.
         Seu olhar humano se volta àqueles que não tem acesso à tratamentos médicos e resolve então, ainda como estudante de medicina, a  criar um hospital em um local provisório, de nome “Instituto Gesundheit”, que em alemão quer dizer Saúde, com tratamento humanitário e sem custo ao doente. Sua pressa o impossibilita de ver que ainda não tem preparo médico suficiente e uma tragédia acontece. Sua namorada é vítima de um doente mental, sendo assassinada. Este fato no filme, não coincide com a realidade. Na verdade, quem morre é seu amigo. Desesperado, Patch Adams resolve deixar o curso de medicina, mas logo volta atrás. Consegue terminar o curso e compra o terreno para o futuro hospital. Atualmente, ainda não tem o hospital dos seu sonhos e lá se vão mais de quarenta anos!
         Seu pensamento reverberou na criação de muitas ONGs em todo o mundo, preocupados em levar alento aos doentes. No Brasil há Doutores da Alegria, Viva e deixe viver, Projeto Saúde e Alegria, entre outros.
         Neste mesma entrevista, no Roda Viva, diz que o filme rendeu 40 milhões de dólares, mas não recebeu nenhuma doação para ajuda na construção de seu sonho, mas facilitou sua vida no sentido de acesso às pessoas e com suas apresentações, ajuda a erguer clínicas no mundo todo.
         Atualmente Patch Adams e sua trupe de palhaços viajam pelo mundo para áreas críticas, em situação de guerra, pobreza e epidemia, espalhando alegria, amor, que segundo ele, é uma excelente forma de prevenir e tratar muitas doenças.
         Parece pouco, mas o pouco é muito neste mundo tão sedento de olhares, gestos e sentimentos humanos como o amor. Vamos?
        

                                            Tom Shadyac

         Tom Shadyac, 56, é cineasta, roteirista, produtor, humorista e ator norte-americano com histórico filmográfico de vários sucessos: Todo poderoso (diretor), O mistério da libélula (diretor e produtor), A volta do todo poderoso (diretor e produtor), O mentiroso (diretor), O professor aloprado (diretor e produtor), O professor aloprado 2 (produtor de set), Ace ventura – um detetive diferente (diretor e roteirista), Eu os declaro marido e...Larry (produtor), Aprovados (produtor).
         Foi diretor e roteirista de Patch Adams – o amor é contagioso, recebendo uma indicação a Oscar de melhor trilha sonora e uma indicação do Globo de Ouro na categoria de melhor filme em comédia/musical.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015



Nos dias 13 e 14 de novembro de 2015, a SBPRP e o Grupo de Estudos de Casal e Família, realizará a II Jornada -Casal e Família no Divã.
Para este Evento receberemos o Dr Rodolfo Moguillansky:
-Psiquiatra e Psicanalista , formado pelo Instituto de Psicanálise de Buenos Aires(FEPAL e IPA).
-Fundador e primeiro coordenador da Área de Família da APdeBA.
-Professor Titular do Instituto de Psicanálise de APdeBA.
-Autor de inúmeros livros e artigos sobre o tema. Participa ativamente como palestrante em Congressos nacionais e internacionais.
Esperamos vocês!
Comissão Organizadora:
Denise Lea Moratelli
Adriana Bianchi
Arlindo Gomes Silveira
Carla Bellodi
Cristiane Prota
Maria Roseli P Galvani
Marta D Sotelino
Raquel Siminati

Inscrições abertas no site da SBPRP

quinta-feira, 22 de outubro de 2015



 “A Vila” foi escrito e dirigido por M. Night Shyamalan e foi o primeiro filme do realizador indiano após sua famosa trilogia “O Sexto Sentido, “Corpo Fechado e “Sinais”.

Conta a história de um grupo de pessoas que, em busca de uma vida melhor, funda uma pequena vila em um local remoto e isolado da Pensilvania, onde esperam manter seus filhos longe da violência que existe nas cidades grandes.

A trama é cercada por medos e segredos e mostra quanto esforço os conselheiros fazem para manter a organização e a ordem pré-estabelecida para que possam manter seus filhos longe da violência que existe nas cidades grandes. Porém, uma mentira não é algo que se sustenta sozinha. Ela precisa de esforço e atenção contínuos para que seja mantida e não se revele.

 Assim, para que este arranjo se sustente, “castram” a curiosidades dos mais novos com o medo, já que dizem existir na floresta que cerca a vila estranhas criaturas que aceitaram um pacto de não os atacarem, desde que estes sigam rituais e regras rígidas. Porém, estas pessoas - também vitimas dos próprios medos e dores - se esquecem de que a violência não habita só as cidades grandes. Sentimentos tidos como “negativos” (como o ódio e a inveja) moram dentro de cada pessoa.

Em nome de oferecerem “proteção”, também comete violência ao esconderem a verdade e incutir o medo nas pessoas que amam.

Luciana Mian

Psicóloga, Membro Filiado da SBPRP

segunda-feira, 19 de outubro de 2015



O ato no lugar do sonho: falhas na representação

Rosângela de Oliveira Faria

         Instigada pelo tema do XXV Congresso Brasileiro de Psicanálise, “Ato/sonho: a representação e seus limites”, a realizar-se nos próximos dias 28, 29, 30 e 31 de outubro, em São Paulo, elaborei um trabalho que será apresentado em Mesa Redonda, cujo mote para a discussão com mais duas colegas será as falhas no processo de representação, essa atividade mental que nos qualifica como humanos na medida em que significa a transformação de um estímulo interno (percepção sensorial) em uma ideia ou imagem.
         Embora de forma simplificada, minha exposição no “Semeando” abordará desde o advento da representação, para então discorrer sobre as falhas que podem ocorrer nesse processo.
         Toda mente ao nascer necessita de outra mente para se desenvolver. Esse encontro inicial entre mentes se dá através de projeções de proto-emoções (elementos emocionais sem significado mental) do bebê na mente materna. Se a mãe é capaz de acolhê-las, através de sua capacidade de rêverie (a capacidade de aceitar, conter e transformar uma forma de comunicação primitiva), esta função torna-se, progressivamente, cada vez mais operante na mente da criança.
         O bebê, ao sentir fome, ou frio, ou dor, por exemplo, não sabe o que está sentindo: o que vive é ameaçador, por isso se desespera e chora. Se a mãe o acolhe afetivamente, o que significa não se desesperar junto com o bebê, e, ao contrário, entra em sintonia afetiva com ele e intui o que ele sente, estará apaziguando-o - uma forma de mostrar-lhe que o desconforto que vive não é uma ameaça de morte. Desta maneira a mãe estará construindo representações a partir de sua intuição empática com o bebê e as oferecendo a ele.
É claro que em muitas situações a mãe não “sabe” o que o bebê está comunicando. Então precisará contar com sua “capacidade negativa”, ou seja, a capacidade de permanecer “sem saber”, tolerando incertezas e dúvidas, sem se desesperar. Se isso é possível, em sua possibilidade de “escuta” atenta, a mãe continuamente criará imagens a partir das proto-emoções que recebe - é o que chamamos de “pensamento onírico de vigília” - e a partir deste, pensamentos são formados.
Portanto, o “sonho” é o resultado de todo esse processo de transformação de proto-emoções em emoções. Implica principalmente a condição de um aparato interno para “pensar os pensamentos”. Ou, como nos diz o psicanalista italiano Antonino Ferro, um processador de “emoções”, similar ao processador de alimentos: transforma emoções brutas em emoções palatáveis.
Progressivamente o bebê vai “introjetando” essa função. Esse processo leva tempo, e nesse tempo, repetições dessas experiências de sintonia afetiva/comunicativa entre as duas mentes (a criança e a mãe) promoverão transformações criativas contínuas que culminarão no senso de identidade individual da criança.
Portanto, fruto da relação, essa função introjetada é o que permitirá à criança uma contínua transformação das angústias primitivas em emoções com significado.
Claro que o estado mental da mãe e as qualidades de seu funcionamento oscilam, implicando, às vezes, em uma menor receptividade ao que provém do bebê. O importante é que as experiências de sintonia afetiva predominem para que ele possa ter boas condições de desenvolvimento de sua atividade representativa.
Quando não acontece uma correspondência emocional entre a mãe e o bebê, ou seja, as proto-emoções do bebê não encontram espaço de acolhimento na mente da mãe, essas retornam aumentadas para o bebê, expondo-o a sensações aterrorizadoras. No predomínio dessas experiências, o desenvolvimento da atividade representacional dos afetos ficará comprometido. As proto-emoções que não puderam se transformar em elementos simbólicos, que constituem o substrato para a formação do pensamento, poderão encontrar destino em comportamentos sem pensamento, evacuados como alucinações, delírios, paranoias, esquizofrenias, autismos, etc., ou, poderão ser contidos em espaços da mente, gerando fobias, obsessões, hipocondrias, etc. É quando o “ato” ocupa o lugar do “sonho”.
Na clínica psicanalítica, podemos utilizar o modelo da relação mãe-bebê, para falar da relação analista-analisando. No impacto inicial de cada encontro analítico, espera-se que o analista seja capaz – assim como a mãe – de acolher as proto-emoções do analisando, transformá-las e devolvê-las elaboradas, juntamente com o método para realizar tal operação. O analista tem em sua capacidade de rêverie, um precioso instrumento que vai lhe permitir a disposição em deixar-se transitar pelas emoções que se desenvolvem a partir dos enunciados do paciente. É através do contato com esse clima emocional propício da mente do analista que a angústia do paciente, antes inexprimível, pode transformar-se em uma narração de medos e ansiedades. Ou seja, através da troca e do acolhimento de proto-emoções, aquilo que não foi pensado, nem é pensável ainda, começa a urgir para encontrar uma transformação, primeiro em imagem (o pensamento onírico de vigília) para depois tornar-se um relato compartilhável, através do qual é possível dar um nome ao que antes não era representável.
A transformação de proto-emoções em imagens visuais é, portanto, parte do processo de assimilação mental, transformando a totalidade da experiência em uma forma adequada para seu armazenamento na mente. Aí reside o “trabalho onírico de vigília”: armazenar a experiência emocional em forma comunicável. Esta função transformadora é vital para que a experiência possa ser apresentada à consciência de forma a ser descoberta, pensada e significada.
Ao longo do processo analítico, ao introjetar o modelo da função rêverie do analista em si mesmo, o paciente pode então projetar suas angústias em sua própria função e pensar por si mesmo, superando assim, as falhas do processo representacional. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Dr Rodolfo Moguillansky , Psiquiatra e Analista Didata da APdeBA (Associação Psicanalíticas de Buenos Aires)



É com imenso prazer que a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto  e o Grupo de Estudos de Casal e Família, convidam a todos para a II Jornada - O Casal e a Família no Divã, que se realizará nos dias 13 e 14 de novembro de 2015, na sede da nossa Sociedade.
Nesta ocasião receberemos o Dr Rodolfo Moguillansky , Psiquiatra e Analista Didata da APdeBA (Associação Psicanalíticas de Buenos Aires).

Com esta iniciativa, poderemos compartilhar com profissionais e estudantes os conhecimentos teóricos e as experiências clínicas e institucionais deste Psicanalista Argentino, pioneiro nos estudos da Clínica Vincular.


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