quinta-feira, 31 de março de 2016



TERÇAS NA SOCIEDADE

VIOLÊNCIA e CORRUPÇÃO

Como psicanalista, quando comecei a pensar sobre o tema VIOLÊNCIA e CORRUPÇÃO, tão em voga atualmente em função do nosso momento político-econômico, ocorreu-me conversarmos sobre emoções violentas na clínica psicanalítica e seus desdobramentos, sendo a corrupção, um dos mais graves possíveis. A partir deste vértice, meu escopo focará emoções e pensamentos presentes na relação analítica, às evasões destes e o manejo técnico de algumas manifestações clínicas de emoções violentas na sessão de análise. Obviamente, tais conjecturas sobre o psiquismo individual podem evocar correlações com as questões grupais que temos observado na sociedade brasileira e mundial; ficaremos livres para fazermos eventuais associações político-sociológicas.
Examinaremos Violência como fruto do extravasamento da emoção; aliás, podemos pensar o extravasamento como um ‘extra-vasa-a-mente’: quando a mente da pessoa não consegue mais minimamente processar suas emoções e precisa descarregar a vivência emocional. Descargas motoras, seja a nível verbal (gritos, por ex.) ou físico (socos, sexo, etc.) são um caminho eficiente para livrar o psiquismo do acréscimo de estímulos que o mesmo não consegue elaborar.
Estudaremos Corrupção, como uma falta de consideração e respeito pela Verdade e pela Vida. Aliás, bem antes de corrupção designar o suborno de favores por representantes do poder público, é um termo que veio do latim corruptio, que tem o sentido de deterioração. Portanto, corrompido é aquilo que se tornou podre, que se deixou estragar, perverter, decompor física ou moralmente; é aquilo que sofreu adulteração de suas características originais a ponto de tornar-se outra coisa, diferente da original.
Entretanto, como Caetano Veloso diz na canção Vaca Profana: “De perto, ninguém é normal”, acreditamos que todos temos aspectos violentos e corruptos em nossa personalidade. Quem puder se identificar com o outro, incluso o(s) outro(s) que nos habita(m), não necessitará extravasar ou corromper o que sente/sofre, possibilitando o pensamento ético, ou seja, aquele que leva em consideração os interesses alheios favorecendo um viver justo no qual o reconhecimento mútuo e a alteridade permitem solicitude e respeito.
E assim vamos evoluindo...

Paulo de M. M. Ribeiro - Analista Didata  do Instituto de Psicanálise da SBPRP

Um comentário:

  1. Muito bom! Atual, sucinto ajuda pensar e nos identificar com Ivan Locke (filme) na sua tentativa de reparação. Obrigada Paulo por mais esta contribuição Conceição S. R. Costa

    ResponderExcluir

Popular Posts

Subscribe to RSS Feed Follow me on Twitter!