Por Cristiane Sampaio
mtb: 61431
Olá,
Hoje vamos abordar um pouco mais sobre o tema transformações, que será debatido no evento, em 15 e 16 de
Junho, aqui em Ribeirão Preto.
“Suponhamos agora que observamos um trecho de ferrovia; uma reta até onde
a vista alcança. As duas retas formadas pelos trilhos serão vistas como se
estivessem convergindo. Sabemos que se fôssemos testar a convergência,
caminhando ao longo da ferrovia, tal convergência não seria confirmada. No
entanto, se percorrêssemos uma certa distância e nos voltássemos para trás,
olhando para o ponto de onde partimos, a convergência pareceria estar em nossa
retaguarda. Ela seria confirmada pelo nosso sentido da visão: as duas retas
paralelas encontram-se em um ponto. Onde fica este ponto?”
(Transformações
- Bion, 2004, p 16).
Onde fica este ponto?
É a partir desta questão, que Bion
se ocupa ao longo de seu texto: existe a ferrovia com seus atributos, e, existe
o observador com seu olhar. Tal ponto,
fugaz e mutável, existe em um exato instante
da relação entre o observador e a ferrovia. No instante seguinte será outro ponto ou ponto nenhum. O ponto é a
representação alcançada, pelo
observador, daquele exato instante de sua relação com a ferrovia. Entre o ponto, na condição de existente, e a
ferrovia, algo se mantém imutável, invariável; e, algo é variável, se modifica,
é transformado na e por nossa mente.
Em cada ponto, enquanto existente
em nossa mente, qual a transformação que realizamos? O que se manteve
invariável e o que se modificou em relação ao trilho? Que qualidades de
transformações efetivamos? Efetivamos qualidades de transformações que chegam
ao nível de não mais detectarmos atributos pertencentes ao trilho? E,
retornando à citação inicial, o que pensar quando ao observador não é possível
testar a convergência dos trilhos?
Assim, de forma simples, que
nada tem a ver com fácil, Bion propõe que a ciência da psicanálise se ocupe não
com estruturas mentais da mente humana ou com a história de vida de um
indivíduo. Nem mesmo com as representações em si que o indivíduo faz de suas
experiências, mas com a qualidade de transformações. Bion ocupa-se com a
qualidade de transformações que a mente do analisando efetiva de suas experiências emocionais, e com a descrição,
para o analisando, dessas qualidades de transformações que faz. Preconiza que
dessa forma o analisando alcançará a condição de apropriar-se daquilo que é,
tornando-se, cada vez mais, o que sempre deveria ter sido. O analista, na sua
função, abraça como norte suas observações, sua intuição e suas próprias experiências
emocionais.
É desse vértice proposto por Bion
que nossos convidados James Grotstein
(vídeo conferência direto de Los Angeles), Arnaldo
Chuster (SPRJ), Célia Fix Korbivcher
(SBPSP), Júlio Frochtengarten
(SBPSP) e Renato Trachtenberg
(SBPdePA) se ocuparão durante o nosso evento.
Ninguém vai perder!
*AS
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