domingo, 6 de maio de 2012


Por Cristiane Sampaio
mtb: 61431
 
Olá,

Hoje vamos contar um pouco mais sobre este grande mestre da Psicanálise, W.R Bion. Ele nasceu em oito de setembro de 1897 em Muttra, no Penjab, província anexada à Colônia Inglesa em 1849. Bion viveu na Índia até os sete anos sob os cuidados de uma ama indiana (Ayah), senhora que exerceu sobre ele marcante influência. Os altos funcionários ingleses tinham por praxe mandar seus filhos para estudarem na Inglaterra.
 
Por volta dos oito anos Wilfred foi enviado para Londres e lá morou sem a família, interno em um colégio onde recebia escassas visitas dos pais. No período entre o final da infância e a adolescência, Bion encontrou dificuldades em se adaptar, pois sentia aguda solidão e declarou, quando adulto, que amargas impressões ficaram-lhe impressas em função do rígido e repressor sistema escolar da tradicional escola pública que frequentou.

Aos 19 anos ingressou nas Forças Armadas, onde se destacou devido às suas competências intelectuais e desportivas. Atuou na I Grande Guerra com distinção, chegando a ser condecorado no Palácio de Buckingham, em função de seu desempenho em uma arriscada ação bélica. Na carreira militar atingiu a patente de capitão.
 
Ao término da Guerra foi para a Universidade de Oxford, onde estudou História Moderna, Filosofia - demonstrando interesse especial por Kant - e Teologia, licenciando-se em Letras, o que o levou a se dedicar ao magistério. Também apresentava talento inegável para pintura impressionista. Ao ler Freud ficou fascinado e resolveu fazer medicina e se tornar psicanalista. Após sua formatura como médico, aos 33 anos, conseguiu algumas condecorações como cirurgião. Em seguida, envolveu-se com a prática psiquiátrica e se empregou na Tavistock Clinic. Analisou-se por dois anos com J. Rickmann, quando a II Guerra provocou a interrupção do processo analítico.

Bion continuava a trabalhar na Tavistock quando voltou ao exército, em 1940, em plena 2ª Guerra Mundial; neste período se dedicou à reabilitação dos pilotos do exército. Com o final da Guerra, voltou a trabalhar na Tavistock com grupos. Essas experiências foram relevantes para suas concepções sobre trabalho com grupos.
 
Bion conhece Betty Jardine, famosa atriz de teatro e com ela se casa. Mas em 1945, então com 48 anos, seu casamento termina com a morte prematura de Betty durante o parto de sua filha Partenope. Este fato o deixa profundamente consternado, levando-o reiniciar sua análise, desta vez com Melanie Klein, processo que durou oito anos. Durante este período retornou para sua formação no Instituto de Psicanálise de Londres. Casou-se pela segunda vez com Francesca, que era pesquisadora e sua assistente na Tavistock. Tiveram um casal de filhos, Julian e Nicola. Francesca vive até hoje em Oxford, onde zela pela obra do marido. Partenope se tornou psicanalista na Itália, vindo a falecer, prematuramente, em um acidente de automóvel no final da década de 1990.

Bion fez diversas viagens pelo mundo, chegando a proferir algumas conferências no Brasil e Argentina; muitas delas em São Paulo. O clima em Londres começou a despertar muita rivalidade entre ele e os kleinianos e isto o fez aceitar um convite para residir na Califórnia, onde permaneceu por 11anos. Em agosto de 1979 decidiu voltar para a Inglaterra; parecia que desejava se reaproximar dos filhos e se preparava para voltar a clinicar quando foi acometido cronicamente por leucemia mielóide aguda. Ao tomar ciência do diagnóstico teria dito: “A vida sempre nos reserva surpresas, geralmente desagradáveis”. W.R. Bion morreu em questão de dias, com 82 anos, em 08 de novembro de 1979 na cidade de Oxford, na Inglaterra.

Bion escreveu uma autobiografia que se transformou em um livro póstumo, em 1982. Este relato se intitula, The Long Week-end. Segundo Bléandonu, um de seus biógrafos, Bion aumentou nosso prazer em aprender. Reexaminou as coisas a partir de seus começos, e descobriu um novo caminho para a psicanálise. Surge como verdadeiro inovador de uma prática moderna. (Bléandonu, 1990).

Sua obra
 
Bion apresenta uma produção inovadora que revela seus sólidos conhecimentos científicos em diversas áreas. Propõe, também, uma expansão sensível para o momento do encontro psicanalítico, revelando a vivacidade envolvida nos fatos, com o objetivo de apreender a realidade o quanto possível. Essa produção abrange um período de 40 anos, distribuídos em aproximadamente 50 títulos. Alguns de seus estudiosos apresentam seu pensamento através de três modelos: científico-filosófico, influenciados principalmente pelo empirismo inglês e por Kant; estético-artístico, por Shakespeare; místico-religioso, por MestreEckat, São João da Cruz e Bhagavad-Gita.

Com certeza uma das maiores referências na Psicanálise. O mais interessante é que no próximo mês, durante o evento “Transformações” será abordada toda experiência do Dr. James Grotstein sobre a obra de Bion.  Ninguém vai perder! Se ainda não se inscreveu, clique aqui.

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Fonte: www.febrapsi.org.br

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