Por
Cristiane Sampaio
mtb:
61431
Olá,
Hoje vamos contar
um pouco mais sobre este grande mestre da Psicanálise, W.R Bion. Ele nasceu em oito
de setembro de 1897 em Muttra, no Penjab, província anexada à Colônia Inglesa
em 1849. Bion viveu na Índia até os sete anos sob os cuidados de uma ama
indiana (Ayah), senhora que exerceu sobre ele marcante influência. Os altos
funcionários ingleses tinham por praxe mandar seus filhos para estudarem na
Inglaterra.
Por volta dos oito anos Wilfred foi enviado para Londres e lá morou sem
a família, interno em um colégio onde recebia escassas visitas dos pais. No período
entre o final da infância e a adolescência, Bion encontrou dificuldades em se
adaptar, pois sentia aguda solidão e declarou, quando adulto, que amargas
impressões ficaram-lhe impressas em função do rígido e repressor sistema
escolar da tradicional escola pública que frequentou.
Aos 19 anos
ingressou nas Forças Armadas, onde se destacou devido às suas competências
intelectuais e desportivas. Atuou na I Grande Guerra com distinção, chegando a
ser condecorado no Palácio de Buckingham, em função de seu desempenho em uma
arriscada ação bélica. Na carreira militar atingiu a patente de capitão.
Ao término da Guerra foi para a Universidade de Oxford, onde estudou
História Moderna, Filosofia - demonstrando interesse especial por Kant - e
Teologia, licenciando-se em Letras, o que o levou a se dedicar ao magistério.
Também apresentava talento inegável para pintura impressionista. Ao ler Freud
ficou fascinado e resolveu fazer medicina e se tornar psicanalista. Após sua
formatura como médico, aos 33 anos, conseguiu algumas condecorações como
cirurgião. Em seguida, envolveu-se com a prática psiquiátrica e se empregou na
Tavistock Clinic. Analisou-se por dois anos com J. Rickmann, quando a II Guerra
provocou a interrupção do processo analítico.
Bion continuava a
trabalhar na Tavistock quando voltou ao exército, em 1940, em plena 2ª Guerra
Mundial; neste período se dedicou à reabilitação dos pilotos do exército. Com o
final da Guerra, voltou a trabalhar na Tavistock com grupos. Essas experiências
foram relevantes para suas concepções sobre trabalho com grupos.
Bion conhece Betty Jardine, famosa atriz de teatro e com ela se casa.
Mas em 1945, então com 48 anos, seu casamento termina com a morte prematura de
Betty durante o parto de sua filha Partenope. Este fato o deixa profundamente
consternado, levando-o reiniciar sua análise, desta vez com Melanie Klein,
processo que durou oito anos. Durante este período retornou para sua formação
no Instituto de Psicanálise de Londres. Casou-se pela segunda vez com Francesca,
que era pesquisadora e sua assistente na Tavistock. Tiveram um casal de filhos,
Julian e Nicola. Francesca vive até hoje em Oxford, onde zela pela obra do
marido. Partenope se tornou psicanalista na Itália, vindo a falecer,
prematuramente, em um acidente de automóvel no final da década de 1990.
Bion fez diversas
viagens pelo mundo, chegando a proferir algumas conferências no Brasil e
Argentina; muitas delas em São Paulo. O clima em Londres começou a despertar
muita rivalidade entre ele e os kleinianos e isto o fez aceitar um convite para
residir na Califórnia, onde permaneceu por 11anos. Em agosto de 1979 decidiu voltar
para a Inglaterra; parecia que desejava se reaproximar dos filhos e se
preparava para voltar a clinicar quando foi acometido cronicamente por leucemia
mielóide aguda. Ao tomar ciência do diagnóstico teria dito: “A vida sempre nos
reserva surpresas, geralmente desagradáveis”. W.R. Bion morreu em questão de
dias, com 82 anos, em 08 de novembro de 1979 na cidade de Oxford, na
Inglaterra.
Bion escreveu uma
autobiografia que se transformou em um livro póstumo, em 1982. Este relato se
intitula, The Long Week-end. Segundo Bléandonu, um de
seus biógrafos, Bion aumentou nosso prazer em aprender. Reexaminou as coisas a
partir de seus começos, e descobriu um novo caminho para a psicanálise. Surge
como verdadeiro inovador de uma prática moderna. (Bléandonu, 1990).
Sua obra
Bion apresenta uma produção inovadora que revela seus sólidos
conhecimentos científicos em diversas áreas. Propõe, também, uma expansão
sensível para o momento do encontro psicanalítico, revelando a vivacidade
envolvida nos fatos, com o objetivo de apreender a realidade o quanto possível.
Essa produção abrange um período de 40 anos, distribuídos em aproximadamente 50
títulos. Alguns de seus estudiosos apresentam seu pensamento através de três
modelos: científico-filosófico, influenciados principalmente pelo empirismo
inglês e por Kant;
estético-artístico, por Shakespeare;
místico-religioso, por MestreEckat, São João da Cruz e Bhagavad-Gita.
Com certeza uma das maiores
referências na Psicanálise. O mais interessante é que no próximo mês, durante o
evento “Transformações” será
abordada toda experiência do Dr. James
Grotstein sobre a obra de Bion.
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Fonte:
www.febrapsi.org.br
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