Ser
contemporâneo: Medo e Paixão
A finalidade do Evento Preparatório, como o nome já diz, é nos prepararmos para o XXIV Congresso Brasileiro de Psicanálise que ocorrerá de 25 a 28 de setembro na cidade de Campo Grande-MS. Desejamos que funcione como uma espécie de aquecimento, um “esquenta”, numa linguagem bem jovem e atual. Intencionamos pensar e discutir sobre o tema do congresso desse ano: Ser contemporâneo, Medo e Paixão. Também, desejamos que esse evento preparatório estimule os colegas a produzirem trabalhos e a participarem do congresso. O tema do congresso desse ano foi inspirado na obra de Freud Totem e Tabu: uma homenagem em comemoração aos 100 anos de sua publicação e um estímulo a retomar, como a obra se propõe, o percurso desde um tempo mítico até o tempo atual, extremos do espectro mental que transitamos ininterruptamente.
Marion Minerbo estará conosco no evento preparatório e
falará sobre Ser e Sofrer, Hoje. Seu texto agrega as
qualidades acessível e complexo. Nele
revemos conceitos como Modernidade e Pós-Modernidade e “suas” diferentes formas
de sofrimento psíquico: um sofrer
neurótico e outro não neurótico.
O texto nos leva a pensar na relação entre o enfraquecimento dos sólidos
símbolos da Modernidade - tais como as
instituições Família, Educação, Religião, Política, e, micro instituições como psique materna e família edipiana, dentre outras -
e a
depleção simbólica
dessas instituições provocando uma carência de referências identitárias. Tal
carência é o substrato para o surgimento de novas formas de sofrimento psíquico.
O Mal estar na Civilização Contemporânea ligado à fragilidade do
símbolo é um sofrimento existencial consubstancial com a forma de subjetividade
de nossa época, é uma forma de ser: são as formas de sofrer necessariamente
consubstanciais à forma de ser. Por um lado, as pessoas se vêem livres para
se “reinventarem”. Por outro, “reinventar-se” a partir de “si mesmo” é uma tarefa
solitária que faz brotar angústia, muitas vezes arrebatadora. Olhando essa nova forma de ser dentro de um espectro,
vemos desde um sofrimento psíquico relacionado ao plano existencial de cada
indivíduo chegando até à psicopatologia. Nesse último extremo encontramos
formas de sofrimento ligadas à experiência
do vazio, da falta de sentido e do tédio existencial, e, às vezes, até como
recurso para tamponamento da experiência do vazio, as atuações dos mais
variados tipos, através das quais a violência pulsional permeia as relações intersubjetivas.
A crise das Instituições no Pós-modernismo infiltra e
opacifica nossas certezas, nossas verdades absolutas. Tudo é relativo e
tenta-se a construção da própria identidade apoiando-se nesse solo movediço.
Alguns conseguem e outros não, experimentando-se perdidos e sem rumo. Diferente
da depressão, experiência na qual o
sujeito sofre e perde a esperança de realizar o seu desejo, nesse solo movediço
o sujeito pode descobrir-se sem desejos. No lugar da experiência de tristeza
pela perda surge a experiência do vazio.
Quando nesta, na experiência do vazio,
o sujeito clama por novas abordagens clínicas
que implicam em tecer com, cotecer algum sentido onde ainda não há,
e, portanto, num analista compromissado em ser não “apenas” um intérprete, mas
um outro-sujeito, um co-autor dentro da
relação que acontece.
Marta Dominguez Sotelino
Membro Filiado da SBPRP
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O Pré- Congresso será realizado em 13 de Abril, na cidade de Ribeirão
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