Foto: Edmund Engelman, 1938(Sigmund Freud´s Collection).
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O título do XXIV
Congresso Brasileiro de Psicanálise, “Ser contemporâneo: medo e paixão?”,
remete necessariamente a uma primeira pergunta.
O que é ser
contemporâneo?
A partir dessa primeira questão, tão ampla, é possível pensar
em várias possibilidades. No dicionário da língua Portuguesa, contemporâneo
significa: 1 Que é do mesmo tempo; que vive na mesma época; coetâneo, coevo. 2
Que é do tempo atual (presente).
A idade contemporânea é o período da história do mundo
ocidental, que se inicia a partir da Revolução Francesa (1789) até os dias de
hoje. A corrente filosófica vigente foi o iluminismo, que elevava a importância
da razão. As ciências nas mais diversas áreas foram se desenvolvendo,
descobrindo novas tecnologias. E fortalecendo a crença de uma civilização
humana que progredia, evoluía com novos conhecimentos adquiridos. Assim, certamente
o futuro seria um lugar melhor. O mundo se apresentaria de um modo previsível,
controlável e desenvolvido. O mundo se apresentaria iluminado pelo conhecimento
das ciências!
O que vemos ao olharmos
ao nosso redor?
Segundo um filósofo italiano, Giorgio Agamben, “contemporâneo é aquele que mantém o olhar
fixo em seu tempo, para perceber não as suas luzes, mas sim as suas sombras.
Todos os tempos são, para quem experimenta sua contemporaneidade, escuros.
Contemporâneo é quem sabe ver essa sombra, quem está em condições de escrever
umedecendo a pena nas trevas do presente.”
Não se prender a um tempo é poder desenvolver um olhar de movimento entre o passado e o presente, conjecturando o futuro. Poder refletir se atentar para as partes claras, obvias, mas também para as escuras, que não emitem luz, ora passam despercebidas, ora absorvem a luz existente nos levando a experiências de dúvidas e incertezas:
“Perceber no escuro do
presente essa luz que procura nos alcançar e não pode fazê-lo, isso significa
ser contemporâneo.”
Giorgio Agamben
Não construímos um futuro sem transitar, como um pêndulo,
pelo presente e passado. A obra “Sleepover”, imagem escolhida para nosso
evento, é o retorno do artista
plástico Christie Brown ao transitar pelos fragmentos arqueológicos que
pertenciam à Freud. O passado fazendo parte da construção e apreensão do
presente, fazendo parte do que significa ser contemporâneo.
Marystella Carvalho Esbrogeo
Membro filiado da SBPRP
Fotos: Edmund Engelman, 1938-"Portrait of Sigmund Freud at desk with antiquities"(Sigmund Freud´s Collection); Christie Brow "Sleepoover (Freud Museum)". |
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