terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Narciso (1594-1596), por Caravaggio


Dentre os trabalhos que serão apresentados em nosso Evento Preparatório para o Congresso Brasileiro de Psicanálise Ser Contemporâneo: Medo e Paixão, teremos uma palestra intitulada:

“Medo e Paixão nos Mitos: um modo de olhar a contemporaneidade”, da psicanalista da SBPRP, Maria Aparecida Sidericoudes Polacchini.

Por que falar de Mitos em um evento que se propõe a falar do homem nos dias atuais? Que relação pode haver entre os conflitos do homem que vive em uma sociedade moderna e seus ancestrais?

Os Mitos, apesar de surgidos há milênios, não perderam seu frescor e permanecem  representantes das experiências internas do homem, e, numa via de dupla mão, dão forma e são influenciados pela forma do pensar humano. São uma fonte inesgotável na qual sempre podemos beber. Muito mais que narrar os “fatos” sobre a origem do mundo, dos deuses, dos animais, do próprio homem, dos acontecimentos primordiais, revelam a forma que o homem pôde apreender e significar esses “fatos”.  Forma essa, em constante mutação, que resulta na maneira como o homem se reconhece  hoje: um ser mortal, sexuado, organizado em sociedade,  que vive  de acordo com regras determinadas de conduta e relações interpessoais.  Paradoxalmente, essa forma resultante coloca o homem imerso em um mundo de conflitos  e ambivalência, remetendo-o novamente aos Mitos.

Os Mitos são atemporais. Temas como amor e ódio, vida e morte, rivalidade e vingança, fidelidade e traição, dentre tantos outros, são representados nos Mitos de maneira que expõe todo um expectro de experiências emocionais do homem, expõe o que há de mais substancial na existência humana. Os Mitos desnudam a desmedida, essa força pulsional que, por um lado, movimenta o psiquismo e impulsiona o desenvolvimento humano, por outro, fragiliza o homem.  Portanto, falar de medo ou de paixão existentes nos Mitos, é também falar da humanidade, do homem antigo, do homem de hoje,  de cada um de nós.

Os psicanalistas, desde os tempos de Freud, reconhecem os Mitos como representações das experiências humanas, uma trilha que muito tem contribuído para a elaboração e desenvolvimento do campo de  conhecimento da psicanálise, para o desenvolvimento dessa forma de olhar o mundo. Segundo Mircéa Eliade, mitólogo, a riqueza de “conteúdos humanos” nessas narrativas multisseculares permitiu que o criador da psicanálise localizasse com certa precisão todos os protótipos que ancoram suas descrições a cerca da vida inconsciente do homem, objeto da psicanálise.

Inconsciente: invisível, infinito, onipresente, onipotente... Inconsciente, tal como os deuses do Olimpo, também um mito?

Psicanálise e Mitos, além de tantas outras afinidades, podem ser compreendidos como instrumentos que viabilizam o  conhecimento da resposta simbólica do homem, no passado e na atualidade, diante da Natureza e da natureza de sua psique, diante das intempéries dessas naturezas. Ou, voltando à ...contemporaneidade, também viabilizam a compreensão da possibilidade de carência dessa resposta simbólica.

Fabiana Elias Goulart de A. Moura
Membro Filiado da SBPRP



Este será um dos temas  a serem abordados durante o Pré- Congresso de Psicanálise, em Ribeirão  Preto. 

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