quarta-feira, 30 de novembro de 2016

EDITAL DE ABERTURA DE INSCRIÇÃO AO EXAME DE SELEÇÃO PARA FORMAÇÃO DE PSICANALISTAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICANÁLISE DE RIBEIRÃO PRETO - SBPRP

A SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICANÁLISE DE RIBEIRÃO PRETO, CNPJ 00259.760/0001-18, entidade componente da Associação Internacional de Psicanálise (IPA) e da Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI), vem comunicar aos interessados que as inscrições para o exame de seleção para ocuparem até 18 vagas à formação de psicanalistas pelo seu Instituto de Psicanálise estarão abertas do dia 16 de Janeiro de 2017 a 14 de Fevereiro de 2017.

A inscrição é facultada a médicos e psicólogos graduados há pelo menos 04 (quatro) anos. Casos excepcionais de profissionais de outras áreas serão analisados individualmente pela Comissão de Ensino da SBPRP.

Os documentos exigidos para a inscrição são os seguintes:

(16 cópias de cada documento)

1. “Curriculum Vitae” atualizado;

2. Autobiografia do candidato, especificando os motivos que o levaram a optar pela formação psicanalítica;

3. Xerox do comprovante de registro no Conselho Regional Profissional;

4. 03 (três) fotos 3x4 recentes;

5. Requerimento de inscrição (a ser fornecido pela Secretaria da SBPRP) devidamente assinado.

O exame de seleção é dividido em duas fases. A primeira delas, cujo resultado será divulgado até 10 de Abril de 2017, consiste na seleção dos inscritos por intermédio da análise dos currículos e autobiografias apresentados. Os aprovados passarão à segunda fase, que consiste em entrevista pessoal feita por uma Comissão de Seleção composta por 3 (três) membros da SBPRP, que deverá ser feita até 15 de Junho de 2017, com resultados divulgados até 10 de Agosto de 2017. Os aprovados classificados deverão manifestar interesse na ocupação de vaga, por escrito, junto à secretaria da SBPRP, até 20 de Agosto de 2017.

Taxas de Inscrição:

Primeira fase – R$ 600,00.

Segunda fase (somente para os aprovados na primeira fase) – R$ 1.100,00.

As inscrições deverão ser feitas na Secretaria da SBPRP, à Rua Ércole Verri, 230, nesta cidade, de segunda à sexta-feira, das 09:00 às 17:00 horas. Este Edital será divulgado no site da SBPRP (www.sbprp.org.br) e em jornal de grande circulação de Ribeirão Preto e região.

Ribeirão Preto, novembro de 2016.

Dr. Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro,

Presidente da SBPRP

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Este mês, completam-se 37 anos da morte do psicanalista Wilfred Bion (1897-1979). Em homenagem a ele, Fátima Cassis, membro associado da SBPRP, escreveu o artigo abaixo.

Aproveitamos a oportunidade para comunicar, com muito orgulho, que a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto foi escolhida para sediar e organizar o evento internacional Bion 2018, o qual será realizado em julho de 2018 e reunirá pensadores e psicanalistas do mundo todo em Ribeirão Preto. Em breve, mais informações.
Imagem: reprodução
Wilfred R. Bion nasceu dia 8 de setembro de 1897 em Muttra, no Pengab, província indiana anexada à colônia inglesa em 1849. Como era costume cultural, aos 8 anos foi estudar na Grã-Bretanha, permanecendo na Public School até seu término. Aos 18 anos, alistou-se nas forças armadas britânicas em 1916, atuando na Primeira Grande Guerra, com distinção, atingindo a patente de capitão.

Após a guerra, seguiu para a Universidade de Oxford, licenciando-se em Letras. Tornara-se nesta época um jovem professor, envolto em proezas esportivas e militares e dono de uma vasta cultura, com conhecimentos profundos em história moderna, estudos avançados de linguística e das línguas grega e latina, além de ser leitor apaixonado dos clássicos de literatura, Shakespeare em especial. Foi nesta época que teve o primeiro contato com a psicanálise, através de um livro de Freud, trazido por um de seus amigos.

Ficou fascinado por suas ideias e profundamente estimulado a cursar medicina, concluindo o curso aos 33 anos de idade. Obteve medalha de ouro em cirurgia, mas foi a prática psiquiátrica, e depois a psicanálise iniciada na Tavistock Clinic, em Londres, que lhe encantou. Foi analisando de J. Rickmann e posteriormente, após a II Guerra, iniciou sua análise didática com Melanie Klein.

Produziu cinquenta títulos por um período de 40 anos, “reexaminando as coisas a partir de seus começos e descobriu um novo caminho para a psicanálise” (Bléandonu, 1990). Passou das teorias psicanalíticas para a teoria da observação, um incremento na atividade analítica, aumentando a chance de a pessoa “tornar-se mais ela mesma”. Sua obra tornou a psicanálise mais complexa, mas também mais humanista, dando destaque à pessoa do analista na tarefa de psicoanalisar. Segundo ele, “o analista vale não tanto pelo que sabe e diz, mas muito mais pelo que realmente é”.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A SBPRP apresenta:

Evento de lançamento da Revista Berggasse 19 Vol. VII, nº 1 
Dia: 03 de dezembro de 2016, sábado, às 10h30

Local: Anfiteatro da SBPRP

Palestra “O Erotismo em Merleau-Ponty”, com o Prof. Dr. Reinaldo Furlan

Este número apresenta artigos de palestrantes da IV Bienal de Psicanálise e Cultura “Psicanálise e Tecnologia Diálogos Possíveis” realizada durante os dias 19 à 21 de Maio de 2016


Seguem dois resumos dos artigos presentes:

1. Cultura no ambiente tecnológico - Reinaldo Furlan.

Resumo

O artigo se divide em três partes. Na primeira, procurei desdobrar algumas questões pertinentes aos termos do enunciado “cultura no ambiente tecnológico”, ou estabelecer um campo prévio de significados para a sua discussão. Na segunda parte, introduzo dois termos que me parecem necessários para essa discussão: o advento da modernidade e do capitalismo, para contextualizar, ainda que de forma breve, a situação atual de globalização com as novas tecnologias de informação e comunicação. Na terceira parte, destaco algumas questões que me parecem importantes para uma discussão mais específica do tema, privilegiando a questão do consumo nas sociedades modernas contemporâneas. Concluo procurando articular, através da noção de desejo, as principais noções desenvolvidas nas três partes. Ou seja, vida, tecnologia, desejo e mundo (primeira parte), modernidade, capitalismo e consumo (segunda parte), consumo, política e cultura (terceira parte). Em particular, destaco as noções de pulsão, desejo e sublimação, atreladas à noção de imagem presente no uso das novas tecnologias de informação e comunicação.

Palavras-chave: cultura; sociedade tecnológica; capitalismo cultural; desejo e mundo contemporâneo; novas tecnologias de informação e comunicação.

2. Ambientes digitais e imagens, uma presença virtual constante - Anette Blaya Luz.

Resumo
Reflexões sobre a influência das mídias digitais no processo de subjetivação do indivíduo, a repercussão disso nos relacionamentos humanos, na constituição da identidade e uso destas ferramentas digitais na clínica psicanalítica contemporânea.

Palavras–chave: mídias digitais, subjetivação, clínica psicanalítica contemporânea

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

No último dia 19, o Cinema e Psicanálise de Ribeirão Preto fechou o ano de 2016 em grande estilo. Dr. Miguel Marques, analista didata da SBPRP, apresentou o filme O Livro de Cabeceira (1996), de Petter Grennaway.
 
Cerca de 40 pessoas participaram do evento, o qual culminou em um debate produtivo acerca de interessantes pontos da trama. As atividades do C&P de Ribeirão Preto serão retomadas em março do ano que vem. Até lá!
 
Mesa de apresentação do último C&P de Ribeirão (Imagem: Luciana Mian)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Cinema e Psicanálise de Franca apresentou Relatos Selvagens (2014) neste último sábado, dia 19. A palestrante Dra. Ana Márcia Vasconcelos de Paula Rodrigues, psiquiatra-psicanalista e membro associado da SBPRP, comentou o filme:

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Para comemorar o aniversário de 8 anos do Cinema e Psicanálise de Franca, tivemos o prazer de assistir juntos ao ótimo filme argentino de 2014, Relatos Selvagens, que é uma produção de Pedro Almodovar a partir do brilhante roteiro do diretor Dámian Szifron. Esta parceria resultou em enorme sucesso de público e crítica e também em várias premiações.

Principais personagens de "Relatos Selvagens" (Imagem: divulgação)

A meu ver, este longa nos proporciona uma experiência libertadora de contato com nossa emocionalidade, através do acesso à identificação psíquica estabelecida com as estórias tragicômicas de seus protagonistas. O refinado senso de humor do diretor nos desarma do julgamento prévio e do preconceito com o fluxo das paixões retratadas em seis estórias independentes, mas interligadas na temática comum de vivências de extrema turbulência mental.

Ao vermos o filme, sentimos que não estamos sozinhos quando sofremos o impacto de emoções e pensamentos selvagens, em situações da vida que ultrapassam nossos limites.

Ao invés de suprimir/abolir tais emoções turbulentas, precisamos encontrar um canal de comunicação para as mesmas, pois estanca-las pela dor que nos provocam, equivale a bloquear fontes de vida psíquica. Se tivermos a liberdade de ver/conhecer a “fera” que naturalmente somos em áreas de turbulência emocional, alcançamos a capacidade real de estar e sentir-se vivo.

Afinal, a vida, por si só, não é um relato selvagem?

Assim nos conta o poeta Drummond em seu poema Fera:

“Às vezes o tigre em mim se demonstra cruel

Como é próprio da espécie.

Outras, cochila

Ou se enrosca em afago emoliente

Mas sempre tigre; disfarçado.”

A experiência de estarmos e nos sentirmos plenamente vivos no mundo pode tornar-se inteira somente quando nos abrimos para a “terrível e fascinante visão de nossa natureza humana”.

A psicanálise, desde Freud, sempre teve enorme interesse e respeito por tudo o que é arcaico e primitivo no homem, buscando conhecer os aspectos primários essenciais da mente, sem condená-los ou depreciá-los. Afinal, nada é mais perigoso para o animal humano do que se esquecer de sua real condição e querer se igualar aos deuses.

Se nossa vida mental impreterivelmente nasce a partir de emoções selvagens, somente irá desenvolver-se através de ciclos de experiências afetivas capazes de reconhecer o que há de construtivo e destrutivo em cada emoção, não havendo pureza quando se trata do humano. Obviamente, cada relação humana é predominantemente benigna ou maligna, dependendo de como os vínculos de paixão se constituem, como podemos ver nas estórias “demasiadamente humanas” do filme.

A dificuldade de se ter uma mente própria e consistente para sustentar-se perante os impactos da vida, pode estar ligada ao predomínio de ligações afetivas superficiais e incapazes de ativar áreas de intimidade psíquica. Assim como ocorre na estória do filme que mostra dois homens desconhecidos e visivelmente muito diferentes, competindo por superioridade narcísica em uma rodovia, o que faz com que aquilo que seria uma corriqueira briga de trânsito se transforme em questão de vida ou morte.

Sem dúvida, precisamos de relações íntimas a nos alimentar e assim desenvolvermos mente suficiente para pensar as paixões e fazer escolhas genuínas a serviço da vida.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

No dia 3 de dezembro, às 10:30h, será realizado o lançamento da Revista Berggasse 19: Vol. VII - nº 1.

Local: Anfiteatro da SBPRP

Palestra “O Erotismo em Merleau-Ponty” com o Prof. Dr. Reinaldo Furlan, professor de filosofia no curso de Psicologia (graduação e pós-graduação) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP. 

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas por meio do envio do nome completo ao e-mail sbprp.secretaria@gmail.com.

As vagas são limitadas. 



Os inquietantes estranhos estrangeiros

Dr. Alexandre Martins de Mello, editor da Revista Bergasse 19

“A história pessoal de Freud, o judeu errante da Galícia à Viena, em seguida Londres, passando por Paris, Roma e Nova York (para citar somente algumas etapas-chaves de sua provação cultural e política), condiciona essa preocupação de enfrentar a inquietação do outro enquanto mal-estar a partir de uma permanência da “outra cena” em nós. O meu mal-estar em viver com o outro – a minha estranheza, a sua estranheza – repousa numa lógica perturbada que regula esse feixe estranho de pulsão e de linguagem, de natureza e de símbolo que é o inconsciente, sempre já formado pelo outro. É por desatar a transferência – dinâmica maior da alteridade, do amor/ódio pelo outro, da estranheza constitutiva do nosso psiquismo – que, a partir do outro, eu me reconcilio com a minha própria alteridade-estranheza, que jogo com ela e vivo com ela. A psicanálise sente-se então como uma viagem na estraneidade do outro e de si mesma, em direção a uma ética de respeito pelo inconciliável. Como poderíamos tolerar o estrangeiro se não nos soubermos estrangeiros para nós mesmos? “ (Kristeva, Julia p. 190-191 [1]).

Propositalmente, lanço a citação de Julia Kristeva, do livro “Estrangeiros para nós mesmos”, para apresentar mais um exemplar da nossa Berggasse 19.

Neste número, temos três trabalhos de analistas de outros países, Giuseppe Civitarese, da Itália, Rui Aragão Oliveira e Paulo Alexandre Ferrajão, de Portugal e Leandro Stitzman, psicanalista argentino que visitou a SBPRP, em março de 2016 e também nos concedeu a entrevista desta edição. Ficamos muito honrados com a escolha dos colegas estrangeiros pela publicação de seus trabalhos conosco. A partir dos vértices trazidos por eles, já teríamos muito a estudar e pensar. Civitarese nos traz suas reflexões sobre a violência das emoções e sua estética, fundamentado no pensamento de Bion, com referências ao conceito de conflito estético de Meltzer. Aragão e Ferrajão nos oferecem uma revisão atualizada das teorias sobre trauma e abordam o trabalho analítico de uma paciente, para enfrentamento da perda de uma gravidez, elaboração da situação e a continuidade de sua vida reprodutiva, a partir de uma teoria das relações de objeto. Stitzman nos oferece suas ideias no artigo intitulado Framework, acaso e dom, em que propõe vértices fundamentais para observação do trabalho analítico. A entrevista desse autor brinda-nos com flashes de sua trajetória como psicanalista que ajudam a compreender e absorver o impacto de suas “ideias inquietas e travessas”.

No escopo de contemplar as atividades que aconteceram na nossa Sociedade, publicamos o artigo de um “estrangeiro”, filósofo, o Prof. Dr. Reinaldo Furlan da FFCLRP-USP, com seu trabalho apresentado na IV Bienal Psicanálise e Cultura, sobre cultura no ambiente tecnológico. Ainda vindo da Bienal, o trabalho de Anette Blaya Luz, da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, faz reflexões sobre o tema dos ambientes virtuais, enriquecendo nossa possibilidade para continuar as conversas e debates iniciados na IV Bienal.

Publicamos, também, os trabalhos de Liana Albernaz de Melo Bastos, de Suad H. Andrade e de Suely F. S. Delboni, expostos em uma mesa do XXV Congresso Brasileiro de Psicanálise, que trazem reflexões sobre a sedução, as quais emocionaram a plateia que assistiu às conferências em São Paulo. Ainda, temos o trabalho de Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro, com reflexões atuais a respeito do tema violência e corrupção na clínica contemporânea.

Na sessão Cinema e Psicanálise, temos o artigo intitulado “O Unheimlich em Jogo de Cena”, escrito pelo psicólogo Renato Tardivo, de São Paulo, na sessão Cinema e Psicanálise, em que tece uma rede de ideias, relacionando o filme de Eduardo Coutinho com o artigo de Freud “Unheimlich”, citado pelo autor como “O Inquietante”.

A interlocução entre a Psicanálise e outras áreas do conhecimento – “estranhos estrangeiros” – sempre teve relevância desde sua fundação por Freud. Muitas vezes, não é fácil hospedar os conhecimentos “estrangeiros” e articulá-los com nossos saberes, porque nos inquietam, despertando nossa curiosidade (K), nosso amor (L) e nosso ódio (H), quando nos deparamos com ideias surpreendentes. Destaco a abertura e maturidade da Berggasse 19, com seu conselho editorial para receber artigos de diversos autores com ideias diferentes, particularidades da escrita subjetiva de cada um e também trabalhos vindos de outras áreas.

Encerro com as boas-vindas às colegas Sandra Nunes Caseiro e Maria Lucimar Fortes Paiva Defino que agora farão parte do Conselho Editorial. Agradeço a todos os membros do Conselho, aos pareceristas, tradutores e revisores que colaboraram com esta edição.

Desejo a todos uma boa leitura e o florescer de novas ideias.

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[1] Kristeva, J. (1994) Estrangeiros para nós mesmos. Rocco: Rio de Janeiro. Trabalho original publicado em 1988.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Cinema e Psicanálise de Franca apresenta: 

RELATOS SELVAGENS (Damián Szifron) 
19 de Novembro, sábado, às 15h 
Comentários Dra. Ana Márcia V. P. Rodrigues, membro associado da SBPRP. 

Local: Centro Médico de Franca
Rodovia Tancredo Neves, km 2 - Franca. 

Inscrições no local. Valor: R$ 10,00.


Comentário de Dra. Ana Márcia V. P. Rodrigues, membro associado da SBPRP:

A meu ver, este longa nos proporciona uma experiência libertadora de contato com nossa emocionalidade, através do acesso à identificação psíquica estabelecida com as estórias tragicômicas de seus protagonistas. O refinado senso de humor do diretor nos desarma do julgamento prévio e do preconceito com o fluxo das paixões retratadas em seis estórias independentes, mas interligadas na temática comum de vivências de extrema turbulência mental.

Ao vermos o filme, sentimos que não estamos sozinhos quando sofremos o impacto de emoções e pensamentos selvagens, em situações da vida que ultrapassam nossos limites.

Ao invés de suprimir/abolir tais emoções turbulentas, precisamos encontrar um canal de comunicação para as mesmas, pois estanca-las pela dor que nos provocam, equivale a bloquear fontes de vida psíquica. Se tivermos a liberdade de ver/conhecer a “fera” que naturalmente somos em áreas de turbulência emocional, alcançamos a capacidade real de estar e sentir-se vivo.

Afinal, a vida, por si só, não é um relato selvagem?

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Cinema & Psicanálise Ribeirão Preto apresenta: 

O LIVRO DE CABECEIRA (Petter Greenaway) 
19 de Novembro, sábado, às 14h30 
Comentários Dr. Miguel Marques, analista didata da SBPRP. 

Local: Instituto Figueiredo Ferraz
Rua Maestro Inácio Stábile, 200 - Ribeirão Preto. 

A partir do dia 16, as inscrições podem ser feitas na Secretaria da SBPRP 
pelo número (16) 3623-7585. Valor: R$ 25,00.

Cena do filme "O livro de cabeceira" (Imagem: reprodução)




quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Cinema & Psicanálise Ribeirão Preto apresenta: 

O LIVRO DE CABECEIRA (Petter Greenaway) 
19 de Novembro, sábado, às 14h30 
Comentários Dr. Miguel Marques, analista didata da SBPRP. 

Local: Instituto Figueiredo Ferraz
Rua Maestro Inácio Stábile, 200 - Ribeirão Preto. 

Reservem a data! Em breve, mais informações sobre as inscrições.


Comentário de Dr. Miguel Marques, analista didata da SBPRP:

O filme de Peter Greenaway chama a atenção sobre o corpo e seu prazer enquanto fonte de sentido, enquanto tonalidade e qualidade do que os seres humanos podem significar por seus discursos, culturas e sociedades. Produzir sentido, interpretar significados, não é uma atividade puramente cognitiva, ou mesmo intelectual ou cerebral; é o corpo, esse laço de nossas sensibilidades que significa e interpreta.

O corpo-papel é matéria prima na experimentação artístico-literária de Nagiko, personagem principal de O Livro de Cabeceira. O fascínio pela escrita sobre a pele produz um total de 13 livros que variam de acordo com o papel-pele e o tema-pessoa envolvidos em suas criações.

O livro de Sei Shônagon, um clássico da literatura japonesa, uma das referências básicas do filme, aponta apenas duas coisas como dignas de confiança: “o prazer da carne” e o “prazer da literatura”; a união dos dois prazeres significa alcançar o êxtase, a plenitude.

Que continuidade há entre o prazer do ventre e o prazer estético, entre o bem-estar da carne e o sentimento de euforia do sábio, do filósofo, do apaixonado pelas artes?

terça-feira, 8 de novembro de 2016


O Cinema e Psicanálise de Franca apresentou O estranho em mim (2008) no dia 22 de outubro. A palestrante Dra. Denise Lopes Rosado Antônio, psiquiatra-psicanalista e membro efetivo da SBPRP, comentou o filme:

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O Estranho em mim (Alemanha, 2008), dirigido pela cineasta alemã Emily Atef, levou o prêmio de melhor filme e melhor atriz na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo naquele ano.

O filme nos apresenta de modo delicado à dolorosa experiência de uma mãe saudável diante da complexidade emocional despertada pelo nascimento de um filho. No início do filme, Rebecca (Susanne Wolff), a protagonista, na faixa de 30 anos, está grávida. Ela é uma mulher tranquila, vive um casamento amoroso com Julian (Johann von Bülow), tem prazer em seu trabalho e está feliz à espera de seu primeiro filho. As circunstâncias nos levam a crer que o nascimento do filho irá transcorrer tranquilamente, que veremos as cenas clássicas da chegada de um bebê e a relação amorosa entre mãe e filho.

Cena do filme O estranho em mim (Imagem: divulgação)

“Nós todos crescemos com esta noção de que uma mãe irá amar o recém-nascido instintivamente e incondicionalmente. Há algo quase sagrado nessa imagem idealizada da mãe”, comenta Emily Atef.

A tranquilidade e a idealização desaparecem a partir do momento em que Rebecca experimenta as dores do parto. O nascimento ocorre, o filho é apresentado à mãe, porém ela já está imersa num estado mental inesperado. Num estado mental de indiferença e distanciamento. Rebecca não consegue receber seu bebê com aquele amor esperado por ela e por todos nós. Rebecca experimenta sentimentos de extrema estranheza em relação ao filho.

Segundo Winnicott (psicanalista inglês), quando o bebê nasce e a mãe se vincula a ele, ela se identifica com seu estado de dependência e desamparo. Se nenhum aspecto da mãe for sentido como uno ao bebê, se não existir nenhuma identificação dela para com ele, o bebê será vivenciado como sendo um “objeto” estranho. 

O filme transcorre sob esse clima de estranheza entre mãe e bebê, entre marido e mulher, mostrando como as relações familiares foram afetadas por esse estado mental da Rebecca. Ele nos apresenta ao que a psiquiatria denomina “depressão pós-parto”. 

Essa obra de Atef é perturbadora ao narrar as angústias profundas a que qualquer um de nós está sujeito a ser lançado, porém é um filme que consegue criar esperanças ao nos mostrar, com delicadeza, a importância dos cuidados de profissionais da saúde com a mãe, com o bebê e com o casal.

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Para acessar as fotos do evento, é só clicar no link: goo.gl/wlX3jG

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Venha participar de mais um Terças na Sociedade no dia 08/11.

Local: Rua Ércole Verri, 230 - Jd. Ana Maria - Ribeirão Preto
Telefone: (16) 3623-7585
Inscrições gratuitas pelo e-mail sbprp.tercas@gmail.com (Vagas Limitadas)



Hospitalidade

Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis

O tema da hospitalidade é central dentro da técnica psicanalítica porque se refere ao “receber, abrigar, acolher”, que estão na essência do vínculo analítico.

Na Odisséia de Homero há uma bela passagem que retrata os costumes do acolhimento ao estrangeiro na antiguidade. Ulysses chega à terra dos Feácios como náufrago. Ele havia passado por momentos muito difíceis, enfrentando forte tempestade no mar, que destruíra seu navio e matara seus companheiros. Lutou contra ondas e ventos violentos. Nadou desesperadamente, reunindo todas suas forças, até atingir terra firme. Chegou exausto, só, nu, faminto, marcado no corpo e na alma pelo longo período de sofrimento. É encontrado por Nausícaa, filha do rei dos Feácios. Ulysses solicita a ela hospitalidade e recebe no reino abrigo, vestimenta, alimento, ouvidos atentos, sensibilidade a suas dores, antes mesmo que saibam que ele era o herói da guerra de Tróia. É ali que recupera as condições para retornar a sua terra.

A pessoa que nos procura em nossos consultórios é o estrangeiro, o Outro estranho a nós, que vem a nós trazendo seus sofrimentos e suas lutas, solicitando hospitalidade em nossas mentes. A partir da acolhida que puder experimentar no campo intersubjetivo, estará aberta a possibilidade de abrigar seus próprios conteúdos, ampliando a hospitalidade intrapsíquica às experiências emocionais, criando condição de simbolização e narrativa.

Sabemos, no entanto, que o processo de acolhimento está sujeito às mais diversas formas de hostilidade, ameaças provenientes de mecanismos psíquicos a serem identificados. Tratar então sobre processos de hospitalidade/hostilidade na intimidade do vínculo analítico é abordar um tema central de técnica psicanalítica.
“Um escritor não escreve, ele inscreve, inaugura, instaura, funda”, disse Marcelino Freire em palestra organizada pela AMFIP na última sexta-feira. É assim, brincando com as palavras, que Marcelino encanta com sua escrita. E com a fala também, afinal manteve a plateia envolvida em suas estórias e declarações por quase duas horas. A proposta era falar sobre sua trajetória literária e a influência de outros autores em sua obra e assim o fez com maestria.

(Imagem: Carolina Rodrigues)
Marcelino é escritor e poeta pernambucano, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura de 2006 com sua obra Contos Negreiros. Também é autor de Angu de Sangue (2000), BaléRale (2005), Nosso Ossos (2013), entre outros. A verdade é que tudo começou lá trás, nos anos 90, quando Marcelino passou a brincar de enxergar palavras dentro de palavras e publicou EraOdito (2002) a fim de levantar fundos para a publicação de Angu de Sangue.




(Imagens: reprodução)

A brincadeira foi um sucesso, o livro vendeu bastante e a carreira de Marcelino estava apenas começando. Ele afirma e dá risada: “eu acho que escrevo porque não tenho o que fazer, fico pensando palavra dentro de palavra. Essa é a natureza do meu trabalho inteiro, eu quero ver o que está escrito nas entrelinhas”. Bem, neste caso, não ter o que fazer resultou e ainda resulta em uma obra ao mesmo tempo divertida e extremamente provocadora, não é mesmo?

Tal provocação vem, sem dúvidas, do senso crítico que Marcelino aprimorou durante todos esses anos. Ainda criança, ao ler “O bicho” de Manuel Bandeira, enxergou a vida com outros olhos, passou a se expressar com uma linguagem singular e a retratar muito do que viveu no Nordeste.

O escritor nasceu em Sertânia (PE), mudou-se para Paulo Afonso (BA) aos 3 anos, para Recife (PE) aos 8 e para São Paulo capital aos 24. Ele afirma que “esse não lugar, essa espécie de deslocamento” faz parte de seu trabalho, inclusive da brincadeira com as palavras, e pede: “por favor, não leia uma palavra minha apenas com um sentido único, pois ela está em permanente movimento, permanente migração” - assim como ele, assim como o povo nordestino.

Em sua obra também estão muito presentes as figuras de seus pais. Sua mãe sempre faladora, sofredora, insatisfeita com a vida. Seu pai sempre quieto, em silêncio profundo, calculando a hora certa de dizer a coisa certa. Tais influências resultaram em um conjunto de obras de crítica social e beleza única, como quem faz da dor e do sofrimento, literalmente, poesia e inspiração. Seu primeiro texto já expressava tudo isso, mesmo que inconscientemente: intitulado Muribeca (presente em Angu de Sangue), retrata a realidade das pessoas que catam lixo neste bairro e fazem dele o paraíso.

Além de Manuel Bandeira, teve grande influência de escritores como Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto, Augusto dos Anjos, Graciliano Ramos. Mas sabe que a inspiração não veio só dos livros e cita Belchior. “Belchior me disse coisas que eu precisava ouvir para sair da fila do matadouro que colocam a gente. Esses artistas me pegaram pela mão, aqui e ali, e me levaram para um outro lugar”, reflete. Diz concordar plenamente com a afirmação de Freud: “quando a gente chega a algum lugar, um poeta chegou antes”.

Por tudo isso, Marcelino pode afirmar com convicção e orgulho que, mais do que dar voz a essas pessoas (seu pai, sua mãe, os nordestinos em sofrimento e migração constantes) ele escreve para compactuar com essas falas e gritos, que mesmo em silêncio dizem muita, mas muita coisa.

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Para acessar todas as fotos do evento, basta clicar no link: goo.gl/Z3kNFT

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Marcelino Freire em palestra no auditório da SBPRP (Imagem: Carolina Rodrigues)

A Diretoria da AMFIP, organizadora do evento “EntreTextos”, ocorrido na última sexta-feira, dia 28, e que contou com a presença do escritor Marcelino Freire, cometeu um equívoco ao publicar o poema intitulado "Nunca conheci o Amor", veiculado nessa página. Esclarecemos que o mesmo não foi reconhecido pelo escritor como sendo de sua autoria.

Como forma de retratação, segue abaixo o link para que possam desfrutar do ator Walmor Chagas interpretando primorosamente o conto “BELINHA”, escrito por Marcelino, e sugerido pelo mesmo. Essa obra ilustra as limitações das palavras do narrador para expressar seu amor por Belinha.



Pedimos desculpas pelo ocorrido.

Atenciosamente,
Diretoria AMFIP.

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