Dr. José Francisco Rotta Pereira, Presidente da Sociedade Psicanalítica de Pelotas, nos fala um pouco sobre o tratamento e as técnicas na Psicanálise, assuntos que também serão abordados no XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise.
Bom dia pessoal!
Hoje trouxemos para vocês mais uma grande entrevista, desta vez nosso convidado é o Presidente da Sociedade Psicanalítica de Pelotas (RS), Dr. José Francisco Rotta de Pereira, que nos conta um pouco sobre tratamento e as técnicas na Psicanálise. Veja o que ele disse sobre o assunto:
Limites: Olá, por favor, fale um pouco sobre o tratamento e as técnicas de trabalho na psicanálise individual e familiar.
Dr. José: Tanto nas técnicas de psicanálise individuais como nas de família o referencial teórico da estrutura inconsciente familiar está presente. Quando se considera o sujeito como estruturado a partir de suas experiências vivenciais, as quais são registradas num inconsciente dinâmico individual que compõem uma rede inconsciente familiar, se tem presente que o individuo está ali junto às suas circunstâncias de vida. A estrutura familiar funcionando como um sistema, já não define o objeto como ele é, ou supostamente deveria ser, mais sim pelas relações que estabelece com os outros. Da família, como na sociedade, um indivíduo é definido pelas relações estabelecidas. Assim, o pai se define em ralação ao filho, a mulher em relação ao marido, este em relação a mulher, os filhos em relação aos pais, e assim sucessivamente.
Limites: Qual a diferença entre tratamento individual e de grupo familiar?
Dr. José: A diferença entre tratamento individual e de grupo familiar reside em um enquadramento e normas técnicas adaptadas, assim como na psicanálise de crianças, adolescentes ou grupos. Os fundamentos teóricos básicos são os mesmos e muito da postura do psicanalista também.
Uma diferencia clínica que se pode apontar é o quanto ao nível de ansiedade mobilizada num tratamento de família que costuma ser de intensidade acentuada. Os personagens que povoam o inconsciente dos indivíduos estão ali presente. As tendências incestuosas, os objetos de desejo da sexualidade infantil, os protagonista da castração, o palco e os personagens da trama edípica, os precursores do Superego são elementos substanciais e substantivos, ou seja, presentes, num enquadre técnico de psicanálise de família.
Limites: Neste contexto, como você vê o tema Limites: prazer e realidade? Tema do XXIIII Congresso Brasileiro de Psicanálise.
Dr. José: Quando um casal se forma é a expectativa da família que ressurge. Poderíamos afirmar que é a perspectiva dos filhos que habita essa expectativa, surjam eles ou não. No caso que não surjam os filhos o casal terá que metabolizar essa pulsão para dar abrigo a outras formações psíquicas que os representem. Dessa forma pode-se pensar que a formação do casal é um elo intermediário entre duas famílias: a de origem e a nova que está propondo potencialmente. Assim, dá-se a transmissão da estrutura familiar inconsciente desde as famílias de origem ao novo grupo familiar, cuja ante-sala é a formação do casal.
Esse tecido vincular está imerso num campo de forças bipolares, onde num pólo está a Realidade e no outro o Prazer. A saúde, como possibilidade de desfrutar a vida, irá depender dessa articulação. O analista, durante o tempo de tratamento, será o rearticulador dessas forças, porém seguindo os cânones da singular homeostase desse grupo familiar. O Limite, menos como limitação e mais como fronteira, será o indicador terapêutico mais confiável. A intervenção do analista, ao par de revelar conteúdos inconscientes, também sinalizará a área do possível, onde se poderá construir algo novo dentro daquele original sistema. Essa atitude se mostrará ainda mais relevante quando se considera que os montantes de ansiedade liberada nessa mobilidade de tratamento são muito mais significativos que nos tratamentos individuais e, portanto, mais passiveis de interrupção e fracasso.
Gostou e quer saber mais? Sinta-se convidado a participar de nosso Congresso! Acesse a página do Congresso dentro do Blog Limites (no topo da página). E em nosso próximo post mais uma entrevista pra vocês e muitas novidades por aí!
Bom dia pessoal!
Hoje trouxemos para vocês mais uma grande entrevista, desta vez nosso convidado é o Presidente da Sociedade Psicanalítica de Pelotas (RS), Dr. José Francisco Rotta de Pereira, que nos conta um pouco sobre tratamento e as técnicas na Psicanálise. Veja o que ele disse sobre o assunto:
Limites: Olá, por favor, fale um pouco sobre o tratamento e as técnicas de trabalho na psicanálise individual e familiar.
Dr. José: Tanto nas técnicas de psicanálise individuais como nas de família o referencial teórico da estrutura inconsciente familiar está presente. Quando se considera o sujeito como estruturado a partir de suas experiências vivenciais, as quais são registradas num inconsciente dinâmico individual que compõem uma rede inconsciente familiar, se tem presente que o individuo está ali junto às suas circunstâncias de vida. A estrutura familiar funcionando como um sistema, já não define o objeto como ele é, ou supostamente deveria ser, mais sim pelas relações que estabelece com os outros. Da família, como na sociedade, um indivíduo é definido pelas relações estabelecidas. Assim, o pai se define em ralação ao filho, a mulher em relação ao marido, este em relação a mulher, os filhos em relação aos pais, e assim sucessivamente.
Limites: Qual a diferença entre tratamento individual e de grupo familiar?
Dr. José: A diferença entre tratamento individual e de grupo familiar reside em um enquadramento e normas técnicas adaptadas, assim como na psicanálise de crianças, adolescentes ou grupos. Os fundamentos teóricos básicos são os mesmos e muito da postura do psicanalista também.
Uma diferencia clínica que se pode apontar é o quanto ao nível de ansiedade mobilizada num tratamento de família que costuma ser de intensidade acentuada. Os personagens que povoam o inconsciente dos indivíduos estão ali presente. As tendências incestuosas, os objetos de desejo da sexualidade infantil, os protagonista da castração, o palco e os personagens da trama edípica, os precursores do Superego são elementos substanciais e substantivos, ou seja, presentes, num enquadre técnico de psicanálise de família.
Limites: Neste contexto, como você vê o tema Limites: prazer e realidade? Tema do XXIIII Congresso Brasileiro de Psicanálise.
Dr. José: Quando um casal se forma é a expectativa da família que ressurge. Poderíamos afirmar que é a perspectiva dos filhos que habita essa expectativa, surjam eles ou não. No caso que não surjam os filhos o casal terá que metabolizar essa pulsão para dar abrigo a outras formações psíquicas que os representem. Dessa forma pode-se pensar que a formação do casal é um elo intermediário entre duas famílias: a de origem e a nova que está propondo potencialmente. Assim, dá-se a transmissão da estrutura familiar inconsciente desde as famílias de origem ao novo grupo familiar, cuja ante-sala é a formação do casal.
Esse tecido vincular está imerso num campo de forças bipolares, onde num pólo está a Realidade e no outro o Prazer. A saúde, como possibilidade de desfrutar a vida, irá depender dessa articulação. O analista, durante o tempo de tratamento, será o rearticulador dessas forças, porém seguindo os cânones da singular homeostase desse grupo familiar. O Limite, menos como limitação e mais como fronteira, será o indicador terapêutico mais confiável. A intervenção do analista, ao par de revelar conteúdos inconscientes, também sinalizará a área do possível, onde se poderá construir algo novo dentro daquele original sistema. Essa atitude se mostrará ainda mais relevante quando se considera que os montantes de ansiedade liberada nessa mobilidade de tratamento são muito mais significativos que nos tratamentos individuais e, portanto, mais passiveis de interrupção e fracasso.
Gostou e quer saber mais? Sinta-se convidado a participar de nosso Congresso! Acesse a página do Congresso dentro do Blog Limites (no topo da página). E em nosso próximo post mais uma entrevista pra vocês e muitas novidades por aí!
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