terça-feira, 24 de maio de 2011

Dr. Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro, médico, psicanalista e membro efetivo da SBPRP (Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto) e da SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo), nos fala sobre o curso que ministrará no XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise.

Por Dayane Malta
MTB - 61585/SP


Bom dia pessoal!

Esta semana iniciaremos mais uma série de entrevistas, que tem como temática a programação (cursos, palestras e reflexões psicanalíticas) que será oferecida durante o Congresso. Para abrir nossa nova série, convidamos o Dr. Paulo Ribeiro, psicanalista e membro efetivo da SBPRP e da SBPSP, onde fez sua formação psicanalítica. Ele ministrará o curso “Re-visitando os conceitos fundamentais de D. W. Winnicott”.

Para ele, a Psicanálise é uma profissão muito peculiar, na qual o analista, para colaborar com o desenvolvimento de seu analisando, precisa envolver-se profundamente com este, devotar-se ‘de corpo e alma’ a esta relação durante toda a vigência dela. “Assim, nenhuma das personalidades envolvidas numa análise, seja do analista ou a do analisando sai ‘imune’ ao final de um processo analítico razoavelmente bem sucedido: ambos sairão transformados”, afirma.

Limites – Por favor, fale um pouco sobre o curso que você ministrará no XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise, em Ribeirão Preto. Qual é o seu objetivo? Qual público ele será destinado?

Dr. Ribeiro - Coordenarei um curso introdutório sobre o pensamento de um dos mais criativos analistas da história, Donald Winnicott. Winnicott foi pediatra durante toda sua vida, mesmo depois de ter se tornado psicanalista e, em especial, uma das maiores autoridades do mundo em psicanálise de crianças; isso revela sua paixão pelo mundo do infantil, um mundo que não se restringe apenas às crianças, mas que (na saúde) está em todos nós. Esse mundo do infantil se revela, por exemplo, na alegria de se estar vivo, nas brincadeiras do cotidiano, no humor; quando isto está ausente, carece analisamos suas raízes.

   D. W. Winnicott

O curso tem como objetivo apresentar as principais idéias do autor, portanto, destina-se principalmente aos iniciantes no pensamento de Winnicott, mas acredito que poderá ser aproveitado mesmo por colegas mais experientes, que estarão convidados a colaborar com sua experiência clínica trazendo modelos para pensarmos juntos e ilustrarmos os conceitos levantados.

Limites - Quais atividades serão desenvolvidas durante o curso? O que está sendo preparado?
Dr. Ribeiro - O curso será realizado em três encontros, nos quais vamos expor os principais conceitos cunhados por Winnicott, debatendo-os com os participantes, sempre procurando modelos clínicos que ilustrem as idéias levantadas para torná-las mais claras. Tentaremos também, na medida do possível, tecer correlações com o pensamento de outro genial autor que foi contemporâneo de Winnicott, W. R. Bion, que trabalhando paralelamente um ao outro, chegaram a algumas conclusões bastante convergentes, cada um em seu referencial. Esse fenômeno de convergência independente nos indica que estes conceitos, como o de “Holding” de Winnicott e o de “Continência” ou de “Rêverie” de Bion, tratam-se de verdades sobre o psiquismo humano.

W. R. Bion  

Limites - Como ele irá contribuir com os profissionais interessados no tema?
Dr. Ribeiro - Creio que conhecimento nunca é demais. Para os iniciantes que estão conhecendo a Psicanálise é importante ‘visitarem’ diversos pensadores da ciência em busca de seu referencial identificatório, em busca de encontrar uma linha na qual o seu pensar e a sua capacidade clínica flua com naturalidade. Conhecer Winnicott vai nesta direção. Para os que já o conhecem, esses encontros poderão ser uma oportunidade de exercício de correlação teórico-clínica dos conceitos fundamentais do autor.

Limite - Como você vê o tema Limites: prazer e realidade, tema do XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise.
Dr. Ribeiro - Como extremante útil para a reflexão e para as demandas de trabalho dos que lidam com seres humanos na atualidade, sejam psicanalistas, psicólogos, psiquiatras, médicos, educadores, terapeutas familiares, ocupacionais, etc. A tal chamada pós-modernidade, é caracterizada pelo descentramento dos conceitos, das condutas, das relações interpessoais e mesmo dos afetos dentro do indivíduo. Na época do Freud, por exemplo, era completamente diferente, a Sociedade era organizada em torno da figura do pai, da autoridade fálica, e isto organizava a experiência das pessoas frente à vida, pelo menos dava um norte, uma direção. Não estou dizendo que era melhor, apenas diferente; ainda é muito cedo para podermos fazer esse tido de juízo.

O progresso em geral, e especialmente as maravilhas tecnológicas, permitiram ao Homem acesso a experiências inéditas: hoje em dia já temos brasileiros na fila de espera para fazerem turismo no espaço sideral! Tudo parece ser possível, tudo sem LIMITES... No entanto, ao invés de vermos as pessoas mais felizes, observamos em nossos consultórios de análise uma inundação de depressões, muitas vezes gravíssimas, e das ‘novas’ patologias, as chamadas patologias do vazio. Como diz o ditado popular, “o olho está maior que a barriga”, ou seja, nos tempos atuais o TER tomou o lugar do SER; e isso colabora para a manutenção de um constante sentimento de insatisfação frente à vida. Um congresso que se propõe pensar sobre estes temas tão úteis e atuais é muito bem vindo!

* Paulo Ribeiro ministrará o curso “Re-visitando os conceitos fundamentais de D. W. Winnicott”.  Se você se interessou em participar clique aqui e saiba mais informações sobre o XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise.  Garanta sua vaga antecipadamente!

0 comentários:

Postar um comentário

Popular Posts

Subscribe to RSS Feed Follow me on Twitter!