sexta-feira, 1 de julho de 2011

Por Dayane Malta
MTB - 61585/SP


Boa tarde amigos!

Para fechar a semana, convidamos o Dr. Luiz Fernando Gallego membro da SBPRJ (Sociedade Brasileira Psicanálise do Rio de Janeiro) e vice-presidente da Associação de Críticos de Cinema do RJ, para fazer sua reflexão sobre o tema Cinema e Psicanálise. Vejam o que ele disse:

No livro “O Conflito das Interpretações” (1969) de Paul Ricoeur, há o conceito de limite em Kant, que não se refere a uma limitação exterior, mas a função de vaidade intrínseca de uma teoria; Ricoeur valida o pensamento de Freud sobre a criação artística como limitada por aquilo mesmo que o justifica: reconhecer nos fenômenos da cultura o que recai sob a economia do desejo e das resistências.

Segundo o Dr. Gallego, tal limitação não conduz a um termo, e sim a um liminar, e os psicanalistas não limitaram sua disciplina, mas nela descobriram razões para ampliar limites atingidos. Analogamente, Heinz Kohut via como artista aquele capaz de ampliar o domínio do belo para além dos limites já reconhecidos.

“Ricoeur diz que a psicanálise ampliou seus limites ao passar de uma bobagem redutora (desmascarar o reprimido e o repressor para desvelar o que haveria por trás das mascaras) para uma segunda leitura dos fenômenos da cultura ao atentar para o significante que presentifica as fantasias e as recria como realidade  de grau estético: a obra de arte fica à frente do próprio artista, bem mais do que o sintoma regressivo de conflitos não resolvidos ao promover  significações, novas, mobilizando energias antes investidas em figuras arcaicas – o verdadeiro sentido de sublimação,” diz.

Para Kohut, a arte propicia solução substitutiva para os conflitos estruturais, oferecendo ao psiquismo uma forma de regressão apenas temporária e controlada, proporcionando a vivência transicional para modalidades primitivas de funcionamento mental.

"Podemos dizer então que a experiência emocional de acompanhar um filme permitiria a catarse de impulsos arcaicos deslocados para o que se passa na tela e, ao mesmo tempo, ter a sensação de controle egoico sobre o que se vê. Tal experiência estética é um jogo de divertida superação de ameaças ligadas a ansiedades precoces. A identificação do espectador com a diegese do filme, do qual também se sabe separado, atende à realização do desejo de evitar angústias infantis ligadas à realidade psíquica (desintegração, perda do sentido de coesão), pois como adultos estaremos mais à vontade no mundo das palavras, conceitos e imagens, capazes de compreender a regularidade de forma nos filmes que tem começo e fim em um sistema organizado de imagens. O desafio atual é tentar compreender manifestações midiáticas como reality shows equivalentes a uma forma concreta regressiva de dessublimação," afirma.

Gostou e quer saber mais?
Sinta-se convidado a participar de nosso Congresso! Na próxima semana, mais novidades sobre o XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise.

DICA: Visite também o site Cinema & Psicanálise, o grupo se realiza mensalmente apresentações de filmes, que em seguida são comentados por psicanalistas membros da SBPRP. É um encontro descontraído e super interessante para os amantes da Sétima Arte. Participe!

Aproveito para me despedir, pois termino aqui minha jornada e minha colega jornalista, Cristiane Sampaio, volta a assumir o blog.  Agradeço pela oportunidade e nos vemos no Congresso! Até breve!

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