Por Silvana Andrade
Em seu mais longo depoimento, no dia 20 de outubro de 1976, gravado no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro Clarice Lispector conta que desde a infância, mesmo antes de aprender a ler tinha o hábito de brincar com as palavras e contar histórias:
“Antes de aprender a ler e escrever eu já fabulava. Inclusive, eu inventei com uma amiga minha, meio passiva, uma história que não acabava. Era o ideal, uma história que não acabasse nunca. (...) A história era assim: eu começava, tudo estava muito difícil; os dois mortos... Então entrava ela e dizia que não estavam tão mortos assim. Assim recomeçava tudo outra vez... Depois, quando aprendi a ler, devorava os livros, e pensava que eles eram como árvore, como bicho, coisa que nasce. Não sabia que havia um autor por trás de tudo. Lá pelas tantas eu descobri que era assim e disse: ‘ Isso eu também quero.”
In: Clarice Lispector – Outros Escritos, pag. 139.
A vida de Clarice também será abordada durante o evento
de Psicanálise & Literatura –
Clarice Lispector: Inquietações do inacessível realizado pela
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