Clarice Lispector: Inquietações
do inacessível
Por Cristiane
Sampaio
Mtb. 61.431
No
próximo dia 19 de Outubro, a SBPRP – Sociedade Brasileira de Psicanálise de
Ribeirão Preto realizará mais um grande encontro psicanalítico: Literatura & Psicanálise – Clarice
Lispector “Inquietações do inacessível”. O evento acontecerá na
Universidade Barão de Mauá a partir das 8h30min. Clique aqui e garanta sua inscrição.
As vagas são limitadas.
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Clarice
foi uma escritora e jornalista brasileira nascida na Ucrânia. Vinda de uma
família judaica, que se refugiou no Brasil após fugir da perseguição aos judeus
na Guerra Civil Russa. Ela começou a escrever ainda criança, seus romances logo
chamaram a atenção e levantaram vários questionamentos do público e crítica. Clarice
foi reconhecida e o sucesso de seus livros lhe garantiram vários prêmios
literários pelo mundo. Para os
fãs da psicanálise e a quem se interessa por esta área, a leitura de sua obra permite
não só várias reflexões e questionamentos, mas um reencontro da força criadora
original da experiência psicanalítica.
“Por que o recurso à
literatura, para falar do feminino, ou por que a obra de Clarice Lispector
interessaria à psicanálise? Muitas são as respostas. Seguiu-se aí uma
orientação de Lacan, encontrada num texto em homenagem a Merleau-Ponty. A arte,
segundo Lacan, nos dá a ver o que, de outro modo, não se veria, mantendo o que
há de inapreensível no objeto. Saímos assim da metáfora do psicanalista como
decifrador da arte, para pensar a arte como aquilo que coloca questões ao
psicanalista, arte decifradora ou causadora do analista/sujeito. A arte nos ensina
modos de subjetivação em jogo na clínica. Assim, interessou menos a
caracterização de uma escrita como feminina do que a maneira como a escrita de
Clarice Lispector permite pensar certos modos femininos de subjetivação.
A escrita de Clarice, assinalando um além da
palavra, um impossível a dizer, seria passível de nos ensinar sobre o feminino,
entendido como aquilo que, da mulher, não se recobre pelo falo. Quais seriam as
manifestações dessa parte da mulher? Graças a uma dicção particular, à estética
do sopro, através da qual Clarice busca falar de um impossível além da
linguagem, sua escrita pode nos fornecer elementos para pensar o feminino em
sua relação com a criação, com o real e com o gozo”. (MARCOS C. Do que se pode ler em
Clarice Lispector: sublimação e feminino, 2007).
"Eu escrevo sem
esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada...
Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está
querendo desabrochar de um modo ou de outro...", Clarice Lispector.
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